Estimativas divergentes sobre a safra brasileira geram incerteza entre produtores, exportadores e investidores. Como tomar decisões em um cenário onde a informação confunde mais do que orienta?
O dilema da vez: quem está certo sobre a safra?
O mercado do café brasileiro amanheceu com um velho conhecido batendo à porta: a confusão.
No último levantamento de estimativas para a safra 2025, analistas, instituições públicas e consultorias privadas apresentaram números tão diferentes entre si que a pergunta natural de quem vive da comercialização do café é uma só:
“Afinal, em quem eu devo confiar?”
Veja os dados mais recentes:
- IBGE: 55 milhões de sacas
- Conab: 55,7 milhões de sacas
- StoneX: 64,5 milhões de sacas
- Rabobank: 62,2 milhões de sacas
- Hedgepoint Global: 63,8 milhões de sacas
- Safras & Mercado: 65,51 milhões de sacas
- A diferença entre a menor e a maior estimativa ultrapassa 10 milhões de sacas — quase o equivalente a toda a produção anual da Colômbia.
Como um produtor ou exportador pode confiar em uma tomada de decisão quando a diferença entre as projeções equivale ao PIB cafeeiro de um país inteiro?
Quando a informação desinforma
A divergência não é um erro. Cada instituição usa metodologias diferentes: área colhida, produtividade, clima, florada, pragas, manejo… Mas isso não muda o fato de que o resultado prático é o caos informacional.
E nesse caos, muitos tomam decisões com base em narrativas instáveis:
• Um dia vendem apressados por medo de uma supersafra.
• No outro seguram esperando uma quebra que talvez nem aconteça.
O resultado? Preços ruins, estresse e perda de competitividade.
A armadilha está nas manchete
Notícias do tipo “Safra pode superar 70 milhões” ou “Clima irregular pode derrubar produção” são iscas perfeitas para manipulação de sentimento — e o mercado financeiro sabe disso.
O produtor acredita que está tomando decisões baseadas em “informação”, quando na verdade está sendo influenciado por narrativas de curto prazo, sem o filtro do que realmente importa: o preço.
O que realmente move o mercado? O dinheiro
O café não se comporta como uma commodity puramente agrícola. Ele se comporta como um ativo financeiro.
Hoje, o preço do café arábica ou robusta nas bolsas de Nova York e Londres responde, principalmente, a:
• Fluxo de capital dos fundos especulativos
• Política monetária dos EUA (Fed)
• Força do dólar e variação cambial
• Inflação global e juros
• Geopolítica e apetite ao risco
Ou seja: você pode ter uma supersafra e o preço cair por fuga de capital, ou uma safra regular e o preço subir porque o fluxo migrou das ações para as commodities.
O preço é a verdadeira informação
A resposta para todo esse ruído está no comportamento do preço.
O preço é a soma da percepção do mercado, do sentimento dos agentes e do movimento do dinheiro.
É o reflexo do que o mercado já sabe, acredita ou teme — e muitas vezes antecipa informações antes que elas cheguem ao público.
Por isso, monitorar o fluxo de capital e o comportamento técnico do gráfico é hoje a única forma sólida de tomar decisões comerciais estratégicas.
Conclusão: quem segue manchetes, perde. Quem segue o preço, lucra.
É normal que existam divergências nas estimativas. O anormal é depender exclusivamente delas para tomar decisões em um mercado globalizado, volátil e altamente financeiro.
O produtor, o exportador e o trader que quiserem sobreviver — e prosperar — precisarão aprender a:
Ler o fluxo do dinheiro - Entender o comportamento do preço
- Usar a informação com inteligência, não com emoção
Com TRP, monitoramos o comportamento do mercado com base no tripé:
1. Preço
2. Fluxo
3. Macroeconomia
Porque no final das contas, o preço justifica tudo.