Nesta semana mais curta, devido aos feriados do Dia do Trabalho, nos Estados Unidos, e do Dia da Independência, no Brasil, os futuros do café acumularam valorização em meio às preocupações com a possibilidade de condições climáticas adversas comprometerem novamente o equilíbrio entre a oferta e a demanda mundial.
Como consequência do clima mais seco no Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reduziu sua estimativa de produção de café em 2016, para 47,8 milhões de sacas, representando uma queda de 2,7% ante a previsão do mês passado.
As previsões meteorológicas indicam volume de chuvas abaixo da média no cinturão produtor de café, nos próximos meses, gerando preocupações de que a safra 2017/18 fique abaixo do potencial produtivo do parque cafeeiro nacional.
Segundo a Somar Meteorologia, a expectativa é de redução das precipitações e aumento das temperaturas no Sudeste do País, ao longo de setembro, sinalizando que os níveis de umidade no solo podem voltar a cair em algumas áreas produtoras de café.
Conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), as primeiras flores de arábica da temporada 2017/18 foram observadas antecipadamente e de forma parcial no Cerrado e no Sul de Minas Gerais, na Mogiana Paulista e em Garça (SP). Uma florada mais significativa é esperada para a segunda quinzena de setembro. Já para a variedade conilon, o cenário é mais crítico, pois a floração mais intensa está atrasada devido à falta de chuvas e, no curto prazo, não há perspectiva de reversão do déficit hídrico da principal região produtora, o Estado do Espírito Santo.
O movimento do câmbio brasileiro foi favorável à alta das cotações internacionais do café, porém limitou ganhos no mercado físico nacional. Ontem, o dólar comercial foi cotado a R$ 3,2104, com queda de 1,3% em relação ao fechamento da semana anterior. A percepção de que o Banco Central dos Estados Unidos (FED, em inglês) não deve elevar os juros da maior economia do mundo no curto prazo favoreceu o fluxo de divisas para o Brasil e outros países que oferecem maiores rendimentos.
Na ICE Futures US, o vencimento dezembro do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,549 por libra-peso, com elevação de 350 pontos em relação ao fechamento da semana passada. O vencimento novembro do contrato futuro do robusta, negociado na ICE Futures Europe, encerrou o pregão de ontem a US$ 1.927 por tonelada, com valorização US$ 62 em relação à última sexta-feira.
No mercado físico nacional, os negócios seguiram lentos em função dos feriados municipais e nacional, nos últimos dias. Ontem, os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e conilon foram cotados a R$ 501,36/saca e a R$ 424,40/saca, sem variação significativa em relação ao fechamento da semana antecedente. Na quarta-feira, porém, foi atingido novo recorde de preços para o café robusta devido ao baixo nível dos estoques e à retração das vendas por parte dos produtores, que seguem atentos às condições climáticas.