Capitalismo, desigualdade e a farsa do bem-estar: A reflexão necessária de Brasil

Publicado 09.10.2025, 15:08

A teoria econômica proposta por Thomas Piketty, especialmente em sua obra “O Capital no Século XXI”, é uma denúncia contundente contra o modelo capitalista atual, que, longe de promover igualdade de oportunidades, aprofunda abismos sociais. Em países como o Brasil, marcados historicamente pela concentração de renda, o capitalismo se revela não como motor de desenvolvimento humano, mas como engrenagem que perpetua privilégios e sufoca os que estão à margem.

Piketty nos mostra que, ao contrário do que prega o liberalismo econômico, a riqueza não "trickle down" (não escorre de cima para baixo), mas sim se acumula. A taxa de retorno do capital cresce mais rápido que a economia — e com isso, os ricos continuam se enriquecendo, enquanto a classe média e os pobres sustentam um sistema que os explora. O Brasil, onde cinco bilionários concentram mais riqueza do que a metade mais pobre da população, é um exemplo extremo desse fenômeno.

Mas o problema não é apenas estrutural — é também cultural e psicológico. A máquina do marketing, braço sofisticado do capitalismo, transforma desejos em necessidades, vendendo ilusões de status, sucesso e felicidade. A classe média brasileira, pressionada a consumir para “pertencer”, é induzida ao endividamento crônico, alimentando os lucros dos bancos e instituições financeiras. Nesse ciclo vicioso, não há espaço para bem-estar verdadeiro: há ansiedade, insatisfação e frustração.

Somos programados a idolatrar os ricos, a desejar seus carros, suas roupas, seus corpos e suas vidas editadas em redes sociais. O marketing não vende produtos; vende um estilo de vida inalcançável, que envergonha quem não pode consumir. E essa vergonha é o combustível do sistema: para evitar a exclusão simbólica, nos endividamos, nos alienamos e nos afastamos cada vez mais de uma vida digna e equilibrada.

A esquerda brasileira, embora não isenta de erros — como o populismo barato e a dificuldade de diálogo com setores moderados —, pelo menos tenta colocar o social no centro do debate. Já o capitalismo neoliberal, apoiado pela elite econômica e amplificado pela mídia empresarial, propaga a falsa ideia de meritocracia em uma sociedade profundamente desigual desde o nascimento. Os piores erros, portanto, estão atrelados a esse modelo que naturaliza a exclusão e transforma tudo — até o sofrimento — em mercadoria.

A influência estadunidense sobre o Brasil agrava esse cenário. Nossa cultura de subserviência a modelos importados enfraquece qualquer possibilidade de uma identidade nacional sólida. Como disse Henry Kissinger, “quem controla a comida, controla o povo; quem controla a energia, controla continentes; quem controla o dinheiro, controla o mundo”. O Brasil (mercado financeiro), infelizmente, ainda se ajoelha diante do dólar e dos interesses de Washington.

A isso, soma-se o papel da religião — não como fé, mas como instrumento político. Em nosso país, líderes religiosos se aliam a políticos para manipular massas e manter o status quo. Sigmund Freud, em “O Futuro de uma Ilusão”, já alertava que a religião pode ser uma projeção de desejos inconscientes, uma fuga da realidade, usada para controlar e infantilizar as massas. No Brasil, figuras como Eduardo Bolsonaro instrumentalizam essa fé para aproximar o Brasil de interesses norte-americanos, alimentando uma guerra cultural que é, na verdade, um projeto de dominação.

Ainda assim, há esperança!

O povo brasileiro, rico em cultura, arte, criatividade e resistência, precisa se reconectar com sua própria identidade. É hora de buscar orgulho próprio, de valorizar nossos artistas, nossos pensadores, nossas comunidades e nossas raízes. Precisamos romper com a lógica de subserviência aos "gringos", não como gesto de rejeição ao mundo, mas como afirmação de nossa soberania.

A verdadeira revolução brasileira não virá apenas por reformas econômicas, mas por uma transformação de consciência. Quando entendermos que o bem-estar não está em parecer rico, mas em viver com dignidade e pertencimento, talvez então o projeto de país de Piketty — um país mais justo, mais igual e mais humano — comece a se tornar realidade por aqui um dia.

Para finalizar, um pouco de Einstein:

"O mundo não será destruído por aqueles que fazem o mal, mas por aqueles que observam e não fazem nada."

Um ótimo dia a todos!

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