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CENÁRIOS 2015 E 2016

Publicado 02.01.2015, 14:34

É inevitável. O ano de 2015 será marcado por fortes ajustes na economia. A nomeação de Joaquim Levy para a Fazenda é um sinal claro em relação a isto, pelo seu histórico de duras medidas fiscais à frente da Secretaria do Tesouro na gestão Palocci e na de Fazenda do Rio de Janeiro, no início da gestão Cabral. Em ambas conseguiu um forte ajuste fiscal que, inclusive, via reversão favorável de expectativas, proporcionou uma retomada da economia nos anos seguintes. Esta é a crença, aliás, que permeia os debates entre BACEN e Fazenda, favoravelmente em boa sintonia.

Tombini, presidente do BACEN, está adotando um ciclo antecipado de elevação de juros, a terminar no início de 2015, visando um cenário mais benigno em 2015 e sustentado por um ajuste fiscal mais rigoroso sob gestão Levy. Lembremos que isto aconteceu também no primeiro mandato Lula, no início de 2003, e, de certa forma, no primeiro ano do governo Dilma. Em abril de 2003, o superávit primário chegou a 3,6% do PIB e em 2011, depois da posse da presidente, a 3,1%.

Nesta análise, a evolução da economia em 2015, e nos anos seguintes, irá depender da intensidade de ajuste fiscal a ser realizado. Se Levy vencer “resistências” e conseguir adotar um ajuste forte o suficiente, acreditamos que o ganho de credibilidade será maior, sendo possível, por este prisma, haver uma lenta retomada da economia entre fins de 2015 e início de 2016. Caso Levy acabe “refém” das correntes mais heterodoxas, à esquerda, seu ajuste acabará mais gradualista, insuficiente, portanto, para reverter expectativas negativas. As chances de ajuste mais forte, e intenso no curto prazo, são de 60%, e de um ajuste mais gradualista, de 40%.

Cenários possíveis Chances Desencadeamento
Ajuste forte e rápido (mais ortodoxo) 60% A economia deve retomar o crescimento entre fins de 2015 e início de 2016, com ganhos de credibilidade para o mercado e a economia.
Ajuste gradual (mais heterodoxos) 40% A economia não deve sair da armadilha atual do baixo crescimento. O governo se arrastará até o final do mandato, com várias crises localizadas.

Montemos, então, o nosso cenário, no otimista prognóstico de que Levy vencerá resistências e conquistará facções do PT, realizando um ajuste mais rigoroso no curto prazo. Cabe ressaltar que se isto não for possível o governo Dilma se arrastará até o final do mandato, “terminado antes de começar”. Esta hipótese será muito perigosa para a governabilidade do país.

Cenário – Ajuste forte 60% Reversão de expectativas negativas

Crescimento da economia em 2015 e 2016. Este ano de 2014 já está dado, com a confiança abalada, significando um desempenho fraco para a indústria, morno para o setor agrícola e em suave alta nos serviços. Neste ano, a economia cresce 0,2%. Em 2015 deve crescer um pouco mais, algo em torno de 0,8%, com o consumo das famílias “de lado”, os investimentos crescendo pouco, 2% depois do recuo de 5% a 6% em 2014. Este fraco crescimento será impactado pelo juro mais elevado, menor expansão do crédito, renda mais fraca, com o desemprego retornando e os ajustes fiscais pelo lado da demanda agregada. O consumo do governo deve desacelerar forte, algo que sempre acontece depois das eleições e em início de mandato. Em complemento, é preciso atenção aos desencadeamentos sobre a crise na oferta de energia e de água e o possível racionamento previsto. Devemos ressaltar que os investimentos, retraídos nos últimos meses pela baixa confiança dos empresários em relação à ação do governo, devem retomar lentamente em 2015.

Para 2016 é possível uma recuperação da economia, mas desde que este ajuste mais forte seja bem sucedido. O crescimento pode chegar a 1,6%, mas ainda em patamar inferior ao crescimento potencial, em torno de 2,5% a 3,0%. Para 2017 e 2018 estamos prevendo, respectivamente, crescimento em torno de 2,0% e 2,4%.

Inflação em 2015 e 2016. Neste ano é possível que a inflação feche abaixo do teto da meta, entre 6,3% e 6,4%, mas preocupa 2015, quando teremos pressões dos preços administrados, depreciação cambial e recomposição dos tributos sobre alguns produtos (automóveis e linha branca). Devemos salientar também certa “resiliência” dos serviços em cair muito, mesmo que recuando, entre 2014 e 2015, de 7,9% para algo em torno de 7,4%. Para os administrados, em linha com a ata do Copom, estamos prevendo 7,5% de alta, depois de 5,5% em 2014. Para os preços industriais em recomposição de IPI, estamos prevendo inflação em torno de 5,5%, depois de 4,7% em 2014. Com isto, o IPCA previsto para 2015 é de 6,7%, com os IGPs entre 5,5% e 6,0%.

Para 2016 e 2017, acreditamos numa acomodação da inflação em patamar menor, em torno de 5,5% a 6,0%. Cabe ressaltar que com a economia mundial crescendo menos, deverá continuar a desaceleração das commodities, com destaque para as agrícolas, como soja e milho, e as minerais, como minério de ferro, cobre e petróleo. Sobre este tema, devemos salientar também a readequação de uma oferta excessiva como fator decisivo. Nos EUA, os estoques de petróleo são altos, o mesmo acontecendo na Arábia Saudita.

TRAJETÓRIA DOS VÁRIOS SEGMENTOS DO IPCA ENTRE 2013 E 2014

Taxa de Juros. O BACEN deve manter o ciclo de aperto monetário, mais concentrado no primeiro semestre de 2015, com a taxa de juros fechando em 12,50%. Os próximos ajustes devem ocorrer em janeiro, março e abril, com o juro elevado em 0,25 ponto percentual, ou mais concentrado em janeiro (0,5 p.p.) com mais uma elevação em março (0,25 p.p.). Este maior aperto monetário visa atenuar os efeitos secundários da depreciação cambial nos últimos meses sobre a inflação, reduzir as pressões de demanda e as expectativas de inflação e resgatar o papel do sistema de metas. Em 2016, o juro deve recuar a 12,0%, no ano seguinte a 11% e depois ser mantido em 10%. Importante destacar que este desafogo da taxa de juros só será possível se o ajuste fiscal for bem sucedido.

Taxa de câmbio. O BACEN fala em desmontar a estratégia atual de vendas de swap no futuro, atualmente, com estoque em torno de US$ 106 bilhões, apenas rolando os contratos em 2015. A crença aqui é que o cenário fiscal deve melhorar em 2015, permitindo uma política monetária mais parcimoniosa. Neste cenário, a taxa de câmbio, depois de fechar 2014 em R$ 2,60, deve ir a R$ 2,70 em 2015.

Por fim, cabem alguns breves comentários sobre o cenário da economia mundial, claramente vinculado ao transcorrer da economia brasileira. Neste, preocupa os movimentos recentes de desvalorização das commodities, tanto o minério de ferro como o petróleo, para não esquecer de outras do setor agrícola. Neste ano, o petróleo já recuou mais de 40%, o mesmo ocorrendo com o minério de ferro, ora por excesso de oferta e manipulação da Arábia Saudita e dos EUA, ora pela fraqueza no ritmo de crescimento de grandes players, como a China e a Zona do Euro. Para os próximos meses, continuamos acreditando que os EUA devem manter um bom ritmo de crescimento, em torno de 2,5% a 3,5%, a China deve, aos poucos, perder dinamismo, não crescendo mais do que 7% em 2015 e a Zona do Euro deve recuperar em alguns países mas se manter estagnado em outros. Por lá, o crescimento previsto é de 1% a 1,5%.

Comentários finais. Será um ano duro para a economia brasileira, sendo prematuro visualizar como a nova equipe econômica deve desempenhar na adoção do ajuste fiscal para assim, conseguir ancorar, de forma positiva, as expectativas dos agentes.

No front fiscal, o desafio será considerável, visto que o país deve sair de um saldo primário “maquiado”, mas positivo em torno de 0,2% para um superávit próximo a 1,0% ou 1,2% do PIB ao fim de 2015. Sobre as medidas aventadas, podemos destacar: a não renovação da redução do IPI para linha automotiva, o que pode também acontecer com a linha branca; a redução dos subsídios aos bancos públicos; a alteração no pagamento de pensões por morte e no seguro-desemprego e o fim do abono salarial; o retorno da CIDE; o aumento do IOF sobre empréstimos; e o controverso retorno da CPMF.

No front das contas externas, a depreciação cambial e a melhoria gradual de alguns mercados devem impulsionar as exportações brasileiras, com um saldo comercial favorável em torno de US$ 4 bilhões em 2015, também beneficiado pela queda do barril de petróleo e o menor crescimento doméstico, pressionando menos as importações.

Como a renda e o emprego devem evoluir pouco, as pressões salariais serão menores, o que deve reduzir os impactos sobre o segmento de serviços, mas pouco estimulando o consumo.

Economia Brasileira 2012 2013 2014* 2015* 2016*
Taxa básica - SELIC (em dezembro - % a.a.) 7,25 10,0 11,75 12,50 12,00
Dólar em 31/dezembro R$ 2,04 R$ 2,34 R$ 2,60 R$ 2,70 R$ 2,80
IPCA (%) 5,84 5,91 6,27 6,70 5,60
IGP-M (%) 7,82 5,51 4,08 5,62 5,47
Risco - Brasil (Spread over Treasury) 140 227 250 290 250
Saldo da Balança Comercial (US$ bilhões) 19,4 2,6 -4,0 4,0 6,0
Saldo em Transações Correntes (% do PIB) -2,4 -3,7 -3,7 -3,2 -3,5
Investimento Externo Direto (US$ bilhões) 63,0 60,0 64,0 62,5 60,0
Reservas Internacionais - Liquidez (US$ bilhões) 378,6 375,8 376,0 370,0 360,0
Resultado Primário do Setor Público (% do PIB) 2,38 1,9 0,2 1,0 1,6
Dívida Líquida do Setor Público (% do PIB) 35,3 33,8 35,0 37,0 36,5
Taxa de desemprego, % PEA (média anual) 5,5 5,4 4,7 5,5 5,5
Taxa de Crescimento do PIB (% a.a.) 1,0 2,5 0,2 0,8 1,6

(*) Estimativas

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