Outubro foi marcado por expressiva alta nos valores do óleo de soja, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, influenciados pela baixa disponibilidade e pela firme demanda, principalmente para a produção de biodiesel. Por outro lado, os preços da soja em grão e do farelo continuaram enfraquecidos; nos EUA, a maior demanda externa recuperou parte das quedas.
O processamento do grão no Brasil foi reduzido em grandes indústrias, principalmente de Mato Grosso, enquanto outras unidades encerraram as atividades neste ano. Os principais motivos foram a retração nas vendas de soja por parte de produtores e a menor demanda por farelo, reforçada pela queda na produção de suínos e pela expectativa de redução também para o frango – para cada tonelada de grão processada, 78% geram farelo de soja e apenas 19%, óleo.
Para o óleo de soja, outubro foi o terceiro mês consecutivo de valorização no Brasil. A média mensal, de R$ 3.220,82/tonelada (posto na cidade de São Paulo com 12% de ICMS), foi recorde nominal de toda a série do Cepea, iniciada em julho/1998. Em termos reais, foi o maior valor desde janeiro deste ano. Comparando-se a média de outubro com a de setembro, a alta foi de 4,4%, e, frente a out/15, de 6,7%, em termos reais.
As exportações de óleo de soja se limitaram a 9,79 mil toneladas em outubro, o menor volume desde fev/98, conforme a Secex. Esse cenário se deve à firme demanda doméstica, que reduziu a disponibilidade do derivado e elevou os preços de exportação aos maiores patamares desde fev/16, período em que os estoques de óleo estavam baixos.
Para o farelo de soja, na média das praças brasileiras acompanhadas pelo Cepea, os preços caíram 4,7% no mês e expressivos 11% no ano, em termos reais. Foram embarcadas 724,67 mil toneladas de farelo em outubro, queda de 20,8% em relação a setembro e de 48,2% sobre out/15. Na parcial do ano, o volume exportado, de 12,56 milhões de toneladas, está bem próximo ao do mesmo período de 2015 (12,65 milhões de toneladas).
Os prêmios de exportação de farelo de soja estiveram mais atrativos na Argentina em outubro, o que deslocou importadores ao país vizinho e deixou o mercado brasileiro mais ofertado, pressionando as cotações internas. O preço médio pago pelo farelo de soja em outubro foi de R$ 1.218,74/tonelada, no FOB estivado, o menor valor desde maio deste ano.
De soja em grão, foram exportadas 998 mil toneladas, volume 30,8% inferior ao de setembro e 61,5% menor que o de out/15. O preço médio pago pela oleaginosa foi de R$ 79,17/saca de 60 kg, queda de 3,5% sobre o mês anterior. De janeiro a outubro, as vendas externas de soja somam 50,61 milhões de toneladas, 2,9% abaixo das do mesmo período de 2015, segundo dados da Secex.
O Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&FBovespa, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no porto de Paranaguá (PR), teve média mensal de R$ 76,70/saca de 60 kg em outubro, recuo de 3,5% em relação à de setembro e de 13,2% frente ao do mesmo período do ano anterior, em termos reais.
A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ, foi de R$ 73,93/saca de 60 kg, queda de 2,9% no comparativo mensal e de 12,2% no anual, em termos reais. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, de setembro a outubro, os preços caíram 1,2% no mercado de balcão (recebido pelo produtor) e 1,4% no de lotes (negociação entre empresas). Em relação a outubro/15, as variações foram negativas em 3,9% e 2,9%, respectivamente. O dólar caiu 2,2% frente ao Real, de setembro para outubro, com a média passando para R$ 3,1831.
No campo, a semeadura avançou no Brasil em outubro, favorecida pelas chuvas. Até o final do mês, dados do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) apontavam que 67,73% da área prevista com soja já havia sido semeada, ante apenas 38,03% no mesmo período do ano passado. No Paraná, 72% da área estimada também já havia sido semeada, segundo o Deral/Seab. No Rio Grande do Sul, as atividades correspondiam a quase 10% da área, de acordo com a Emater.
No mercado internacional, a China barrou as importações de óleo de soja da Argentina em outubro, cenário que deslocou demandantes asiáticos aos Estados Unidos. A menor produção de óleo de palma na Malásia e Indonésia, por sua vez, também elevou a demanda por óleo de soja norte-americano.
Na Bolsa de Chicago (CME Group), a média do primeiro vencimento da soja teve baixa de 0,7% entre setembro e outubro, a 9,7537/bushel (US$ 21,60/sc de 60 kg). Já em relação a out/15, houve alta de 9,5%, em termos nominais. Para o farelo de soja, a média do primeiro vencimento foi de US$ 306,05/tonelada curta (US$ 337,36/t) em outubro, queda de 1,4% se comparada a do mês anterior e de 0,2% frente há um ano. Para o óleo de soja, o primeiro vencimento foi de US$ 0,3435/lp (US$ 757,19/t, 4,8% acima de setembro e expressivos 21,5% maior que o de out/15.
Séries Estatísticas Cepea
1. Diferenciais de preços (Indicador e praças)
2. Estimativa do valor das alternativas de comercialização de farelo e óleo, em equivalente soja em grão, posto indústria
3. Prêmios – Produtos do complexo agroindustrial da soja
4. Preços FOB para farelo, grão e óleo (primeiro embarque)
Gráficos