Kathy Lien, diretora executiva de estratégia de câmbio da BK Asset Management
Os investidores estão vendendo dólares americanos, e gostaríamos de explicar por quê. Todas as principais divisas se valorizaram em relação à moeda americana na quinta-feira, com exceção do dólar canadense. Há cinco razões que explicam a fraqueza do dólar nas últimas 24 horas:
Cinco razões pelas quais os traders estão vendendo dólar:
- O Federal Reserve (banco central dos EUA) deve cortar as taxas de juros neste mês;
- O Irã capturou um navio petroleiro estrangeiro;
- O Secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, sugere possível mudança na política monetária;
- Decepção com balanços derruba ações nos EUA;
- USD/JPY fecha nas mínimas de 1 mês.
O cenário é de fraqueza para o dólar americano, pois a expectativa é que o Federal Reserve reduza as taxas de juros neste mês. Ainda que o banco central dos EUA faça apenas um corte em 2019, o simples fato de que a instituição adotará uma política de flexibilização depois de elevar os juros em dezembro marca uma mudança significativa na política monetária e na perspectiva para a economia.
Os investidores também estão preocupados com as tensões no Oriente Médio após o Irã capturar um navio petroleiro estrangeiro. Vale lembrar que os EUA quase atacaram o Irã em junho, depois que um drone americano foi derrubado no Estreito de Ormuz.
O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, indicou a possibilidade de uma mudança na política do dólar na quinta-feira pela manhã. Ele afirmou que não havia previsão de mudança na política monetária do país “por enquanto”, sugerindo que a secretaria pode alterar o apoio do governo a um dólar forte no futuro como outra forma de colocar a balança comercial a favor do país.
A temporada de balanços está a todo vapor, e os resultados têm sido medíocres. As ações apresentaram queda por quatro dias consecutivos, afetando a cotação do USD/JPY. O superávit comercial do Japão não ajudou os americanos, fazendo com que o par USD/JPY fosse negociado perto da mínima mensal. Esperamos mais perdas no futuro, com o possível teste das mínimas de junho, próximas de 106,78.
A libra esterlina e o dólar australiano tiveram o melhor desempenho. As vendas no varejo do Reino Unido superaram todas as expectativas, subindo 1% em junho, contra uma previsão de queda de 0,3%. O consumo, excluindo combustível automotivo, também foi muito forte, o que significa que a demanda subjacente é robusta. Essa elevação foi suficiente para cobrir as quedas de abril e maio, amenizando as preocupações com o impacto do menor investimento empresarial. Os traders da libra esterlina também ficaram animados com reportagens de que a União Europeia estaria aberta a uma alternativa para a questão fronteiriça, o que tem sido um ponto de pressão para os dois candidatos que lideram a corrida para o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido.
O dólar australiano se valorizou depois dos últimos números do mercado de trabalho. Embora tenham sido criados apenas 500 empregos em junho, o dado se deve inteiramente ao emprego por meio período. Houve um aumento de 21.000 empregos em tempo integral, um crescimento sólido que deixou a taxa de desemprego inalterada em 5,2%. O dado poderia ter sido pior, de acordo com os PMIs, o que trouxe alívio aos investidores. O par AUD/USD encontra-se na região das máximas de três meses e pode continuar subindo nos próximos dias.
Por fim, o dólar canadense não conseguiu participar do rali de quinta-feira, pois os preços do petróleo caíram pelo sexto dia consecutivo. O preço do petróleo bruto despencou para US$ 55 por barril, seu menor nível em quase um mês. As vendas no varejo canadense devem ser divulgadas na sexta-feira, e os investidores temem que, em razão da política moderada do Banco do Canadá, possamos ver números de consumo mais amenos. Se o dado for fraco, pode ser que se forme um fundo para o USD/CAD.