O BCE (Banco Central Europeu) cortou a taxa de juros de 0.15% para 0.05%, tornou ainda mais negativa a taxa de depósito, e anunciou um programa de compra de títulos que deve ser de no mínimo 700 bilhões de Euros. As medidas tentam evitar uma nova recessão generalizada na zona do euro e afugentar a eminente deflação.
As bolsas de ações responderam com altas fortes, incluindo a americana que deu mais atenção à expansão monetária europeia e aos índices mais fortes das atividades de manufaturados e de serviço dos Estados Unidos do que à menor criação de postos de trabalhos do ano, divulgada na sexta-feira.
O Euro desvalorizou 1.39% na semana, com o índice do dólar atingindo o mais alto patamar desde julho de 2014, o que normalmente acaba sendo negativo para as commodities – dado o encarecimento das matérias-primas que são precificadas na moeda estadunidense.
O mercado de café na semana começou subindo forte depois do final de semana seco no Brasil, para então descontar as chuvas de maior volume do que antecipado, encerrando o período com perdas de US$ 4.17 por saca em Nova Iorque, e com alta de US$ 1.44 a saca em Londres.
A oscilação do terminal permitiu que as origens aproveitassem para fazer mais uma rodada de vendas, enquanto alguns novos especuladores recompraram parte de suas posições vendidas de curto-prazo – os comerciais participaram menos na compra como mostrado no COT.
Os diferenciais não se alteraram muito, mas a alta principalmente do robusta deu oportunidade para negociantes e produtores do Vietnã movimentar maior volume no mercado doméstico – assim como a puxada do arábica fez fluir mais negócios no Brasil.
As percepções do tamanho da safra 14/15 brasileira tem convergido para uma concentração de estimativas entre 47 e 51 milhões de sacas, com muitos agentes trabalhando inicialmente com uma safra menor para o ciclo 15/16 em função da condição ruim dos cafezais – que mais uma vez diversos agrônomos dizem estar em um ponto de difícil recuperação.
Há também os que apostam uma safra de 55 milhões, e os números oficiais que ficam abaixo de 45 milhões de sacas – o que dependendo do que seja considerado o consumo interno (15 ou 21 milhões de sacas?) acaba resultando em um excedente para exportação/estocagem não tão diferente (usando números que façam sentido, claro).
Fato é que ninguém mais acredita que o próximo ciclo seja de uma produção igual e menos ainda maior do que o atual, e dependendo do quão tarde cheguem as chuvas, deverá causar um aumento no déficit para níveis que baixarão os estoques mundiais para níveis apertados. Tudo isto, entretanto, está longe de acontecer, e o fator de swing no momento é o clima, que torna a tarefa dos operadores de bolsa desafiadora diante da fácil oscilação dos preços – que deve encontrar menos vendas nas próximas subidas.
Difícil dizer muito em um mercado de clima, que prematuramente tenta antecipar as chuvas, já que bem ou mal ainda não estão na época de chegar com regularidade. Por outro lado as frequentes frentes frias e um quadro que gradativamente está ficando mais úmido, levam-nos a crer que tudo caminha para uma proximidade do período das chuvas. Mas depois de muitos terem apanhado na seca do começo do ano, é natural que muitos estejam ansiosos.
É bom lembrar que o potencial explosivo de agora em diante, se vier a acontecer, será à custa dos comerciais que estão vendidos, já que os fundos não estão mais short, pelo contrário, estão muito comprados. Em outras palavras, uma eventual demora das chuvas, ou irregularidade das mesmas, trará primeiro um volume de compras dos compradores naturais, ou seja, as indústrias, para então apertar mais uma vez o fluxo de caixa dos vendedores naturais (origens e trades que fixam para exportadores/produtores/dealers) – o que não aconteceu este ano, mas foi o motivo da última pernada da alta do movimento que levou Nova Iorque a US$ 300 centavos em 2011.
Tecnicamente o fechamento da semana deixa desconfortável quem está comprado, mas pode não significar nada se o tempo não voltar a fechar.