CMIN3, CSNA3: CSN Mineração Gera Mais Valor que a Siderúrgica — Entenda Por Quê

Publicado 08.08.2025, 06:35

A CSN Mineração (BVMF:CMIN3) é a principal controlada da CSN (BVMF:CSNA3)) no setor, tendo surgido formalmente em 2015 a partir da combinação dos ativos de mineração da CSN com a Namisa, em uma aliança estratégica com um consórcio asiático. Essa consolidação reuniu as operações das minas Casa de Pedra, Engenho & Pires, o terminal portuário TECAR e participação na MRS Logística.

Seu IPO foi realizado em 2021, sendo um dos maiores da B3 (BVMF:B3SA3), captando cerca de R$ 5 bilhões.

A companhia é a segunda maior exportadora de minério de ferro do Brasil além de figurar entre as cinco mineradoras mais competitivas no mercado transoceânico operando a mina de ferro mais antiga em operação no país, com mais de 6 bilhões de toneladas em recursos e 3 bilhões em reservas, com capacidade de produção em torno de 30 milhões de toneladas por ano. Fornece produtos como granulado, sinter feed e pellet feed.

Qual(is) motivo(s) explica(m) a CSN Mineração possuir caixa líquido e a CSN deter uma elevada dívida

É percebível que a CSN Mineração (CMIN3) possui caixa líquido com frequência enquanto a CSN carrega elevada dívida (dívida líquida/ebitda ajustado = 3,24x), pois a primeira (CMIN3) opera em um setor que historicamente apresenta maior lucratividade com baixa necessidade de capital intensivo, enquanto a segunda (CSNA3) possui atuação diversificada em setores que exigem uso intensivo em capital, com negócios em siderurgia, cimento, logística e energia.

Fatores que explicam a maior rentabilidade da CSN Mineração (CMIN3) em comparação a CSN (CSNA3)

Por falar em lucratividade, a CSN Mineração (CMIN3) atua no segmento mais lucrativo da CSN. Isso se deve ao fato de a mineração ter custos variáveis mais baixos que o setor de siderurgia tendo em vista que naquele setor são exigidos menos processos industriais.

Além disso outros fatores explicam a maior rentabilidade da CSN Mineração (CMIN3) em relação a parte siderúrgica da CSN (CSNA3) dentre os quais vale destacar:

  • Setor siderúrgico sofre mais com ciclos econômicos já que quando a economia local desacelera a demanda por aço cai enquanto o minério de ferro mesmo em ciclos ruins continua sendo demandado por siderúrgicas de todo mundo.
  • A CSN Mineração vende boa parte de sua produção para o mercado externo, especialmente para a China o que significa que ela se beneficia de preços internacionais e do câmbio enquanto a CSN Siderúrgica depende mais do mercado interno.
  • O minério de ferro tem um custo de extração muito menor do que o custo de transformar esse minério em aço

Conjuntura atual Minério de Ferro e seus impactos no resultado da CSN Mineração

Apesar de historicamente ser mais rentável que a siderurgia, o segmento de mineração é altamente dependente da economia chinesa principalmente do segmento imobiliário daquele país que vem enfrentando dificuldades financeiras nos últimos anos visto a liquidação da Evergrande (OTC:EGRNY) pelo tribunal de Hong Kong e o default da Country (2023). Diante disso a demanda por minério de ferro apresentou retração o que elevou os estoques da commodity na China, pressionando assim os preços.

Diante desse cenário, o minério de ferro apresentou uma cotação média de US$ 97,76/dmt (Platts, Fe62%, N. China) no 2T25, 5,7% abaixo do observado no 1T25 (US$ 103,64/dmt) e 12,6% inferior ao registrado no 2T24 (US$ 111,82/dmt).  

Soma-se a isso a elevação das tarifas de importação do aço chinês promovido pelos EUA para 50% desde junho desse ano.

A demanda mais fraca do minério de ferro colaborou para pressionar os resultados da CSN Mineração no primeiro semestre deste ano que ainda foram impactados pela variação cambial negativa já que a empresa mantém uma posição de caixa e equivalentes em dólar e aumento nos preços médios de frete marítimo.

Com isso, a companhia teve uma queda de -92,3% no seu resultado líquido na comparação entre o 2T25 com 2T24 e uma retração de -21,7% no ebitda ajustado na mesma base comparativa.

Já a controladora CSN apresentou em seu resultado do 2T25 um prejuízo líquido menor quando comparado com o 2T24 que foi de (R$ 130,0 milhões) ante (R$ 223,0 milhões) enquanto o ebitda ajustado ficou praticamente estável na mesma base comparativa ao atingir R$ 2,6 bilhões diante de um cenário considerado desafiador para o mercado interno de aço que segue enfrentando a acirrada concorrência com os produtos importados principalmente da China apesar da renovação do sistema de cotas e tarifas que segundo os siderúrgicos ainda é considerado ineficaz.

Qual melhor investimento para o longo prazo CMIN3 ou CSNA3

As duas empresas CSN Mineração e CSN enfrentam um cenário desafiador no curto prazo em que a primeira enfrenta as incertezas sobre o ambiente chinês e consequentemente o mercado global de minério de ferro. 

Já a segunda segue pressionada pela sua elevada alavancagem, volatilidade nos custos de produção e concorrência com o aço importado.

Dessa forma a escolha para investimento a longo prazo varia de acordo com o perfil do investidor. Para aqueles que buscam um retorno maior em forma de dividendos e menor risco parece ser mais interessante investir na CSN Mineração (CMIN3) do que na CSN (CSNA3), já que apesar da volatilidade de ambas, a primeira por atuar em um segmento que historicamente possui maior retorno e estabilidade em suas margens e com frequência apresenta dívida líquida negativa consequentemente tende a continuar apresentando um dividend yield maior.

Por outro lado, se o objetivo do investidor for uma exposição mais diversificada, com maior exposição ao mercado local e em busca de um retorno maior, porém com risco maior também, a CSNA3 vale mais a pena, pois a ação oferece uma tese mais ampla com presença nos segmentos de siderurgia, cimento e logística que estão mais atrelados ao cenário doméstico.

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