Deutsche ist kaputt
Mercado europeu segue imerso em preocupações com a situação do Deutsche Bank (caso esteja chegando agora, por favor veja o M5M de ontem para entender do que se trata). Não há fatos novos, mas o mercado ainda reflete o aumento de percepção de risco ante a negativa de Merkel em intervir, se necessário.
Apostas contra o banco se materializam em seus Credit Default Swaps (instrumento que funciona como uma espécie de "seguro" contra o calote de um título de dívida), que atingiram a maior cotação da década.
Preocupações contaminam o mercado financeiro europeu como um todo, e levam outras empresas a postergar emissões de dívida.
Primeiro, o risco do seu portfolio
Desnecessário dizer que, depois do M5M de ontem, recebi e-mails do tipo "se o Deutsche pode quebrar, devo vender tudo?"
Já esperava por isso. Devagar com o andor, que o santo é de barro.
Lhe fiz duas perguntas no relatório de ontem. A primeira foi "Você está confortável com o nível de risco do seu portfolio de investimentos?"
Trocando em miúdos, o que tenho em mente aqui é qual o percentual de seu patrimônio está alocado em renda variável, e qual a composição dessa alocação.
Em primeiro lugar, se mais da metade de suas economias estiver em ações, por favor pare e repense. A exposição "ideal" depende de uma série de fatores, mas que tal pensar em algo entre 20 e 30 por cento?
Em segundo, a que fatores as ações que compõem seu portfolio reagem e como esses fatores se relacionam entre si? Se o mercado sobe, sobe tudo junto; se cai, cai tudo junto? O sucesso da sua estratégia de investimento depende todo de, por exemplo, um aumento no preço das commodities? Ou sua carteira mescla histórias com menos relação entre si - digamos, o crescimento do agronegócio e a demanda por medicamentos?
Segundo, o seu "Plano B"
Minha segunda pergunta foi "Você tem no seu portfolio ativos que se comportem como um "seguro" caso um cenário de crise internacional se configure?"
Os assinantes da Carteira Empiricus sabem bem a que me refiro aqui.
O investidor médio - e principalmente o iniciante - pensa que o ideal é que todos os ativos de sua carteira sempre entreguem resultados positivos. Se algo está dando prejuízo, está "atrasado" ou foi uma escolha ruim. Via de regra, esses ativos viram fonte de raiva e ansiedade.
A experiência demonstra que não é bem assim. Faz sentido ter ativos que se valorizem caso a estratégia predominante da carteira dê errado, pois esses "azarões" amortecem o resultado ruim caso as coisas não aconteçam como você esperava ao montar a carteira.
Exemplos? Opções de venda (puts) fora do dinheiro de empresas de maior risco; ativos típicos de momentos de aversão a risco, como ouro, câmbio...
Ao invés de pensar "devo comprar ou vender tudo?", convido você a pensar "o que eu tenho na carteira que vai andar se tudo der errado?". Qual é seu Plano B?
Do outro lado do Atlântico...
Ao cenário europeu, se contrapõem nos EUA bons números de confiança do consumidor, e repercussões positivas ao debate presidencial de ontem (vide nota abaixo).
Isso colabora para reduzir a contaminação de Europa por aqui. Ainda assim, nossa bolsa opera no negativo.
Destaque por aqui é o Relatório Trimestral de Inflação, no qual o Banco Central já incorpora, em seu cenário de referência, IPCA de 4,4 por cento em 2017. Mais detalhes no M5M PRO.
Temer se reúne hoje à noite com lideranças para discutir a PEC dos gastos públicos. Proposta deve ser encaminhada ao Congresso nos próximos dias. Desnecessário enfatizar o quanto é importante, não é mesmo?
Wall Street é Hillary
Assistiu ao debate ontem? Sem dúvidas, os confrontos por lá são muito mais divertidos que os daqui.
Consenso aponta que Hillary foi melhor. Cá entre nós, não esperaria que os principais veículos americanos dissessem o contrário nem mesmo se Trump transformasse água em vinho entre uma pergunta e outra.
Engraçado é pensar que Clinton retrata seu adversário como representante de Wall Street, com quem insinua que ele teria relações escusas... mas os mercados celebram cada sinal de que os Democratas vencerão o certame.
Se efetivamente caminhar assim, nada muda. Mas lembrem do Brexit, sim?
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