Segundo o Índice Stone (NASDAQ:STNE) Varejo, agosto apresentou resultados nacionais positivos para o setor, com um crescimento de 1,7% no varejo restrito (que não contabiliza os segmentos de Material de Construção; Veículos e Peças; e Atacarejo) e de 1,2% no varejo ampliado, que inclui esses setores. O resultado positivo também pode ser observado na análise setorial, com três dos seis segmentos analisados registrando aumento no volume de vendas, e na regional, com crescimento do comércio varejista em 20 estados.
O resultado vem após o índice ter registrado queda em julho e muita volatilidade ao longo do ano. Entretanto, o acumulado de 2024 até aqui se mantém acima do acumulado do ano passado no mesmo período.
Na análise regional,os estados de Roraima, Amazonas e Rio Grande do Sul ocuparam o pódio dos três maiores crescimentos no volume de vendas no varejo pelo segundo mês consecutivo. Além disso, as regiões Sul e Sudeste registraram alta em todos os estados.
Outro destaque do mês foi o segmento de Produtos Alimentícios (que inclui atacarejo), com um crescimento de 5,1% em relação ao mês anterior. Esse segmento tem um dos maiores pesos na composição do índice, tornando seu resultado positivo extremamente relevante.
Alguns outros indicadores que ajudam a entender o resultado positivo do comércio varejista em agosto são o índice de confiança do consumidor, a inflação mensal e a evolução dos resultados no mercado de trabalho.
A taxa de ocupação da população brasileira vem crescendo sistematicamente ao longo do ano. Em julho, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) a taxa de ocupação cresceu 3,4% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Além disso, os rendimentos oriundos do trabalho cresceram 5,8% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2023.
A esses dados, soma-se o resultado do IPCA de agosto, publicado pelo IBGE, que registrou uma variação de -0,02%, ou seja, recuando 0,4 pontos percentuais em relação ao resultado da inflação de julho. Um dos principais setores com recuo da inflação foi justamente alimentos, o que possivelmente estimulou o aumento do volume de vendas no segmento de Produtos Alimentícios.
Outro indicador que registrou crescimento foi o índice de confiança do consumidor (ICC), do FGV IBRE. Em agosto o ICC cresceu 0,3 ponto e alcançou o terceiro mês seguido de alta, impulsionado duplamente por uma melhora na percepção do momento atual e por boas expectativas de futuro por parte dos consumidores.
Assim, com maior renda, menor inflação e mais confiança por parte dos consumidores, o comércio varejista no país conseguiu aumentar o seu volume de vendas em agosto – tanto em comparação ao resultado de julho deste ano, como na comparação com agosto do ano passado – puxado, sobretudo, pelos segmentos mais sensíveis à renda (além de Produtos Alimentícios, Produtos Farmacêuticos e Vestuário também registram crescimento nas vendas).
Já a situação dos segmentos que englobam os bens mais sensíveis ao crédito segue um pouco mais incerta. Móveis e Eletrodomésticos e Material de Construção têm mostrado mais oscilações no volume de vendas ao longo do ano. As expectativas com relação ao aumento da taxa SELIC nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM) e o fim do programa Desenrola Brasil (que facilitou a renegociação de dívidas financeiras) sugerem um cenário de mais cautela para o crédito, o que pode impactar esses segmentos.
Sendo assim, é necessário seguir acompanhando os resultados do varejo nacional pelos próximos meses para entender como será a evolução no volume de vendas do setor.