A taxa de desemprego nos Estados Unidos baixou para 4.3% no mês de maio, o menor nível em dezesseis anos, mas como a média de postos de trabalhos criados nos últimos três meses caiu para patamares de cinco anos atrás os investidores reavaliam suas apostas do quanto mais subirá os juros ainda este ano.
Em um mercado que vê crescentes apostas em uma tomada de lucro, os vendidos foram surpreendidos e os três principais índices de ações americanos fizeram novas altas históricas.
O índice do dólar (DXY) caiu mais um pouco na curta semana, acumulando perdas de 5.36% em 2017, a pior performance em dez anos, segundo a Bloomberg.
Neste cenário seria de se imaginar que as commodities estariam apreciando, mas pelo contrário, o CRB afundou se aproximando da mínima do ano que se rompida deve então buscar os níveis de maio de 2016.
O café em Nova Iorque mais uma vez falhou em romper a média-móvel de vinte dias e diante de sucessivas frustradas tentativas em manter ganhos acabou atraindo vendas de especuladores e fundos, encerrando a semana nas mínimas. Londres está mais firme, embora tenha caído US$ 10 por tonelada.
Com o tempo mais seco no Brasil a colheita voltou a pleno vapor em todas as regiões. Na ligeira alta da terça-feira no terminal notou-se alguns negócios de maiores volumes envolvendo cooperativas, mas com a bolsa voltando a cair o fluxo diminuiu.
O mercado internacional não tem urgência em comprar café natural por ora, imaginando que ocorrerá uma pressão de venda entre agora e agosto, com o aumento da disponibilidade.
Os altistas, cada vez mais raros, falam em produtores bem capitalizados com preocupações em entregar os compromissos de vendas a termo em carteira e já que os estoques estão baixos as chances de uma enxurrada de venda é menor.
Outro fator talvez interessante é notar um quadro similar visto no ano passado, quando a safra menor do conilon fez com que a diferença de preços entre as qualidades fosse estreita, dos cafés finos aos baixos, incluindo o conilon. Talvez pela colheita mais adiantada do conilon poderia-se imaginar que o preço desta variedade deveria estar se distanciando do arábica fino, mas não é o caso.
Se a indústria local prover o suporte assim como eventualmente os exportadores que estejam com seus livros muito vendidos, eventualmente os diferenciais não enfraquecerão mais, ainda mais com Nova Iorque buscando o nível de US$ 120.00 centavos por libra-peso.
Entre os importadores a sensação se mantem relativamente tranquila, até porque os diferenciais oferecidos, ou reportados pelos compradores internacionais, estão longe do custo de reposição, ou seja, os vendedores estão oferecendo café a diferenciais relativamente baratos.
As exportações brasileiras de maio também parecem que não serão tão baixas como em Abril, um sinal que seria importante para de alguma forma ajudar a enxugar um pouco o encharcado pipeline.
Com os fundos estando certos em apostar na baixa resta saber quanto mais adicionarão de vendas em suas posições. Historicamente há bastante espaço para continuarem a vender. De acordo com o relatório dos comitentes divulgado na sexta-feira os especuladores venderam 3,100 lotes entre os dias 24 e 30 de maio, período em que o mercado encerrou com alta de US$ 1.85 centavos por libra peso.
A recuperação do Real, o enfraquecimento do dólar americano frente a outras moedas e a firmeza dos mercados acionários, se mantidas, devem acabar ajudando de alguma forma as commodities. O problema é que se demorar muito as perdas para o café podem ser dolorosas, e resta como esperança para mudar o humor negativo algum evento climático.
No próximo dia 9 de junho no fórum do Coffee Dinner, promovido pela CECAFÉ, faremos um debate sobre o quadro global, inclusive o tema da minha palestra será sobre a Oferta e Demanda mundial.
Espero vê-los por lá.
Uma ótima semana e bons negócios a todos,