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Commodity com Pior Desempenho do Ano, Cacau Ainda Pode Surpreender com Reabertura

Publicado 25.05.2021, 10:38
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Publicado originalmente em inglês em 25/05/2021

É a commodity com pior desempenho do ano, apesar de ser o principal ingrediente de alguns dos doces mais populares do mundo.

O cacau, matéria-prima de chocolates, sorvetes e bolos, registra queda de mais de 8% desde o início de 2021, ficando totalmente de fora do rali de outras commodities, como soja, cobre e madeira serrada.

A superprodução é a principal culpada, dizem os especialistas.

Jack Scoville, do Price Futures Group de Chicago, explica que o problema no cacau começou com a pandemia de Covid-19, que reduziu a demanda global por chocolates e outros doces.

Scoville afirma que a moagem de sementes de cacau para a produção de manteiga e pó tem melhorado no primeiro semestre, especialmente na Ásia e América do Norte e, em menor medida, na Europa, apesar dos diversos problemas do bloco com a pandemia.

“Entretanto, a oferta está disponível em caso de qualquer aumento de demanda”, afirma o analista referindo-se ao excesso de oferta.

Alguns pesquisadores dizem que a situação irá melhorar para o cacau com a reabertura de grandes cidades americanas, como Nova York, além de outros destinos turísticos e capitais mundiais.

O que ninguém sabe ao certo, entretanto, é quanto tempo levará para que esses aspectos façam uma diferença significativa na demanda de cacau a ponto de influenciar seus preços.

Rabobank um dos mais renomados “bancos agrícolas”, disse o seguinte sobre a perspectiva do cacau no segundo trimestre:

“Em nossa opinião, o cenário está favorável para a alta, com a demanda global se recuperando e até crescendo, enquanto a safra de 2021/22 permanece incerta, com possibilidade de menor produção".

“Especuladores também podem montar posições consideráveis nos próximos meses, pegando de surpresa posições vendidas e participantes com pouca margem".

Mas um estudo sobre o mercado futuro de cacau na Bolsa Mercantil de Nova York mostra uma leitura menos otimista.

Cocoa semanal

Fonte: S.K. Dixit Charting

Embora o contrato com vencimento mais próximo tenha se recuperado desde o início do trimestre, valorizando-se 1,5% em abril e 0,3% em maio, ainda registra queda de 8,2% no ano. E também caiu em seis pregões dos últimos dez.

O Investing.com tem indicação de “Forte Venda” para o cacau com entrega em julho e, sua Perspectiva Técnica Diária. No fechamento de segunda-feira a US$2.385,50 por tonelada, o contrato pode atingir a mínima de curto prazo a US$2.379,16, de acordo com projeções do Investing.com.

Outros analistas, como Trading Economics, projetam uma queda maior, até US$ 2.354,32 por tonelada ao final do segundo trimestre.

“Para o futuro, nossa previsão é que as negociações atinjam 2.073,85 em 12 meses”.

O analista técnico Sunil Kumar Dixit afirma que o cacau para julho pode afundar para US$ 1700 antes de repicar.

“Os preços estão presos em uma consolidação estreita no gráfico semanal, entre a faixa intermediária da Banda de Bollinger a 2489, e a média de 100 semanas a 2492.”

“O suporte está na média de 200 semanas a 2372”

Ele afirmou que os gráficos semanais mostravam um padrão de engolfo de baixa, indicando uma queda maior até 2372 e um reteste de 1700.

“A alta parece limitada, ficando na faixa de 2550 a 2700. O IFR semanal está em 38/36, também deixando espaço para uma continuação do movimento de baixa”

O Rabobank afirma que a mudança no formato da curva do cacau futuro pode não durar, já que o contrato de setembro pode se tornar o mais líquido no momento em que as condições climáticas podem piorar.

“Quem tem estoques na Europa pode se beneficiar, pois a menor disponibilidade de estoques em comparação com os EUA representa um risco maior de volatilidade e disparadas de preços na região”, afirmou o Rabobank em sua perspectiva trimestral.

Cacau na América do Norte

Fonte: candyusa.com

Cacau na Europa

Fonte: Associação Europeia do Cacau

Cacau na Ásia

Fonte: Associação Asiática do Cacau

O RaboBank reconhece que o atual equilíbrio de oferta e demanda sugere que há grande excedente no mercado.

“Isso se deve ao aumento dos estoques comercializáveis nos EUA, que são os maiores desde 2018, e ao declínio de diferenciais na origem, sugerindo excelente disponibilidade”, afirma.

Desde dezembro, relatórios sugerem que os diferenciais na Europa caíram 60% para Nigéria e Camarões e cerca de 50% na Costa do Marfim e 30% em Gana, segundo o Rabobank.

Além do declínio nos diferenciais, os preços futuros também caíram cerca de 7.5% para o período.

Os preços na Costa do Marfim também registraram queda de 25% na entressafra.

“O declínio sugere maior flexibilidade no preço do que se esperava. A situação atual da oferta é baixista, sem falar nas incertezas provenientes da Covid-19.'

Para o futuro, o forte crescimento do consumo e o clima pior que o esperado na África Ocidental na safra 2021/22 pode fazer com que o equilíbrio fique negativo.

O banco afirma que mudou sua previsão para 2021/22 de excesso de oferta de cerca de 60.000 toneladas para um déficit de 8.000, um mercado muito mais ajustado do que se pensava, devido ao potencial de maior demanda e menor produção.

“A possibilidade de que isso ocorra parece estar sendo subestimada em nossa opinião, já que a demanda deve continuar crescendo de forma estável nos próximos 6 a 12 meses. Grande parte dessa alta na demanda do varejo vista na pandemia deve continuar, a despeito da flexibilização das restrições e do maior consumo doméstico.”

“O efeito líquido disso é a melhora na confiança dos consumidores.  Os maiores riscos de aumentos de preço aparecem na Europa, onde os estoques não aumentando da mesma forma que nos EUA, devido à atual arbitragem no mercado futuro”.

Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.

 

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