Para poder compreender de forma mais objetiva como cada setor tem reagido aos impactos econômicos que o Brasil esta vivenciando nos últimos meses é necessário realizar uma análise setorial, que consiste em avaliar o comportamento dos índices setoriais no decorrer dos primeiros seis meses deste ano. São indicadores desenvolvidos para mensurar a frequência de oscilações de ações oriundas de um segmento especifico da economia apresentaram em determinado período. Cada um destes índices é segmentado para comparar o desempenho de um único setor em especifico. Existem 7 índices setoriais no mercado financeiro brasileiro, sendo esses:
1. IFNC - Índice Financeiro: Mede o desempenho das cotações dos ativos de maior negociabilidade e representatividade dos setores de intermediários financeiros. Neste setor, através das comparações e resultados numéricos do índice, é possível observar as cotações dos ativos mais negociados dentro do mercado financeiro, como por exemplo, bancos diversos, empresas especializadas em previdência e seguros.
2. ICON - Índice de Consumo: Desenvolvido para comparar o desempenho das cotações dos ativos de maior negociabilidade e representatividade dos setores de consumo cíclico, mais sensíveis as mudanças de ciclo na economia (comércio, vestuário, lazer, turismo, construção civil...), consumo não cíclico, menos sensíveis, e na área saúde (alimentos, bebidas, agropecuária, medicamentos, higiene pessoal, limpeza...).
3. IEEX - Índice de Energia Elétrica: Mede o desempenho das cotações dos ativos de maior negociabilidade e representatividade do setor de energia elétrica. Possui o objetivo de comparar o resultado entre ações de empresas exclusivas do setor de energia elétrica.
4. UTIL - Índice de Utilidade Pública: Mede o desempenho das cotações dos ativos de maior negociabilidade e representatividade do setor de utilidade pública. Possui o objetivo de comparar o resultado entre ações de empresas responsáveis pelo fornecimento de recursos essenciais como energia elétrica, gás, água, e saneamento.
5. IMAT - Índice de Materiais Básicos: Mede o desempenho das cotações dos ativos de maior negociabilidade e representatividade do setor de materiais básicos (madeira, papel, siderurgia, metalurgia, mineração, químicos, embalagens...).
6. IMOB - Índice Imobiliário: Mede o desempenho das cotações dos ativos de maior negociabilidade e representatividade dos setores da atividade imobiliária compreendidos por empresas de exploração de imóveis e construção civil.
7. INDX - Índice Industrial: Mede o desempenho das cotações dos ativos de maior negociabilidade e representatividade dos setores da atividade industrial compreendidos por materiais básicos, bens industriais, consumo cíclico, consumo não cíclico, tecnologia da informação e saúde. Possui o objetivo de comparar o resultado entre ações de empresas exclusivas do mercado industrial brasileiro, desde a produção de produtos básicos e itens de consumo a bens tecnológicos, entre outros.
Para avaliar o comportamento destes índices é necessário medir os níveis de volatilidade que apresentaram e comparar os valores.
Na tabela 1 os índices estão ordenados de acordo com a variação percentual entre os picos atingidos pelas cotações estando na cor verde onde houver valorização (da mínima para a máxima) e em vermelho onde houver desvalorização (da máxima para a mínima). O período de cada índice corresponde à quantidade de dias entre as datas nos picos de máxima e mínima que suas cotações atingiram durante o primeiro semestre de 2022.
Tabela 1 – Índices setorias + Ibovespa ordenados por ∆% da máxima para mínima (1°s/2022).
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O Ibovespa foi incluso na tabela com objetivo de servir como principal índice de referência do mercado financeiro.
A volatilidade é uma variável que permite analisar a intensidade das oscilações nas cotações dos índices servindo como medida de incerteza a fim de mensurar seu grau de sensibilidade. Em outras palavras, quanto maior for a frequência das oscilações na cotação de um índice setorial em um curto período, maior será sua volatilidade indicando que empresas deste setor possivelmente estão enfrentando um cenário de maior instabilidade econômica em relação à empresas oriundas de outros setores.
Servindo como ferramenta de análise técnica a volatilidade, obtida através da divisão entre a variação percentual e a quantidade de dias, desse modo, quanto maior for o valor do índice, maior será sua volatilidade. A partir do resultado obtido é realizado um ranking entre os índices para comparar o nível de volatilidade que cada um apresentou no período sendo o primeiro colocado com maior valor até o sétimo com o menor valor.
Tabela 2 - Índices ordenados por grau de volatilidade.
Conclusão
• A partir da variação percentual apresentada pelos 7 índices setoriais ordenados da máxima para a mínima é observado que 3 índices apresentaram valorização (+∆%): IFNC > UTIL > IEEX e 4 índices apresentaram desvalorização (-∆%): INDX
• ICON e IMOB seguiram o IBOV ao atingirem seus picos nas mesmas datas que o índice de referência onde suas mínimas foram em 29/06 e máximas em 04/04. Devido a data em que o pico de máxima anteceder a data do pico de mínima, ambos sofreram desvalorização.
• ICON - Composto por 83 ações distribuídas entre 17 subsetores, possui a maior quantidade teórica de ativos negociados no mercado, 35,8 bilhões. Foi o índice com maior variação desvalorização, -31,74% em 86 dias, 3° menor período. Apresentou o maior nível de volatilidade chegando a atingir 0,369, indicando que as empresas deste setor foram as que mais sofreram instabilidade durante o primeiro semestre desse ano.
• IFNC - Composto por 26 ações distribuídas entre 5 subsetores, possui a 2° maior quantidade teórica de ativos negociados no mercado, 28,6 bilhões. Apresentou maior valorização 29,07% em 82 dias, sendo o período mais curto em relação aos demais índices. Empresas deste setor também passaram por alta instabilidade em relação aos demais setores, pois seu nível de volatilidade foi o 2° maior no 1° semestre de 2022, 0,355, ficando atrás apenas do ICON.
• IMOB - Composto por 23 ações distribuídas entre 2 subsetores, possui a 6° maior quantidade teórica de ativos negociados no mercado, 3,84 bilhões. Com a 3° maior volatilidade, 0,299 no mesmo período que o ICON, porém sua variação foi inferior, - 25,68%, indicando que as empresas deste setor também sofreram alta instabilidade.
• IMAT - Composto por 17 ações distribuídas entre 5 subsetores, possui a 5° maior quantidade teórica de ativos negociados no mercado, 7,49 bilhões. Com a 4° maior volatilidade, 0,296 é 2° índice que mais desvalorizou, -27,83% em 94 dias.
• IEEX - Composto por 18 ações sem subsetores, possui a menor quantidade teórica de ativos negociados no mercado, 200.7 mil. Foi o índice com a menor valorização, 22,41% em 84 dias, segundo menor período. Seu nível de volatilidade foi 0,267 ficando na 5° posição entre os índices setoriais.
• UTIL - Composto por 25 ações distribuídas entre 2 subsetores, possui a 4° maior quantidade teórica de ativos negociados no mercado, 11,5 bilhões. Foi o índice com a 3° maior variação, 28,11% em 135 dias, além de apresentar o 2° período mais extenso também teve a 2° maior valorização. Seu nível de volatilidade foi 0,208 ficando na 6° posição entre os índices setoriais.
• INDX - Composto por 40 ações distribuídas entre 13 subsetores, possui a 3° maior quantidade teórica de ativos negociados no mercado, 19,1 bilhões. Foi o índice com menor desvalorização, -24,22% em 168 dias, sendo o período mais extenso entre os indicadores. Seu grau de volatilidade foi 0,144, valor mais baixo ficando na 7° e última posição entre os índices setoriais indicando que as empresas deste setor foram as que sofreram menor instabilidade em comparação a empresas de outros setores durante o primeiro semestre desse ano.