Na coluna de hoje eu vou falar do cenário macro e de como o investidor pode obter melhor rendimento no seu investimento em ações em momentos de alta do dólar.
Basicamente, existem duas formas de ter exposição à alta da taxa do câmbio: i) comprar diretamente ações de empresas do Ibovespa e; ii) fundos Exchange Traded Funds (ETF) que replicam o índice de ações dos Estados Unidos (S&P500).
Cenário Macro
Os anos de eleições presidenciais no Brasil são sempre marcados por desvalorizações da taxa de câmbio, ou seja, o dólar ganha valor em relação ao real. Esse ano teremos a mais disputada e imprevisível eleição dos últimos tempos, o que significa volatilidade à vista e câmbio desvalorizado. Eu diria que atualmente ninguém consegue prever o resultado desta eleição.
No acumulado de 2018, o dólar já valorizou 24,44% - é a aplicação financeira mais rentável de 2018. Somente no mês de agosto, a alta do dólar foi de 8,32%, com a taxa de câmbio chegando a ficar acima da marca dos R$ 4,12 por dólar.
Quais os motivos para a alta recente do dólar?
As principais razões para a alta do dólar são:
i) aumento de volatilidade e risco nos mercados mundiais como um reflexo da guerra comercial entre EUA e China;
ii) crise da Turquia, com forte desvalorização da moeda e fuga de capitais do país e posterior contágio para as moedas dos outros países emergentes (como Rússia, México, África do Sul e Brasil);
iii) incerteza em relação às eleições e com a ‘chapa triplex’ (Lula, Haddad e Manuela) em alta.
Toda essa incerteza resultou num aumento de busca por proteção no mercado futuro de dólar. Somente em agosto, foram comprados US$ 4,4 bilhões em contratos de dólar futuro e cupom cambial.
Ações do Ibovespa
Uma alternativa para fazer um hedge contra a alta do dólar (se proteger da desvalorização cambial) é comprar ações de empresas que têm receitas em dólar.
Historicamente, quando o dólar se valoriza, o preço das ações das empresas exportadoras sobe na Bovespa, ou seja, existe uma alta correlação entre o preço das ações e a taxa de câmbio, pois as empresas possuem boa parte das suas receitas “dolarizadas”.
É o caso de ações de grandes empresas brasileiras que são exportadoras e têm receitas em dólar, tais como: Suzano (SA:SUZB3), Klabin (SA:KLBN11), Embraer (SA:EMBR3), Petrobras (SA:PETR4), Vale (SA:VALE3), CSN (SA:CSNA3), Usiminas (SA:USIM5), Gerdau (SA:GOAU4), BRF (SA:BRFS3), JBS (SA:JBSS3) e Minerva (SA:BEEF3).
Entretanto, eu ressalto que esta proteção é indireta e, às vezes, as ações podem não subir exatamente na mesma intensidade e rapidez que a taxa de câmbio. Dessa forma, uma posição em Suzano (por exemplo) protege a carteira de ações num momento de volatilidade e alta do dólar, pois existe uma correlação negativa histórica entre o comportamento do Ibovespa e do dólar.
Num cenário de forte queda do Ibovespa e alta do dólar, ações de varejo mais voltadas ao mercado doméstico apresentarão forte queda e as ações das empresas exportadoras (com receitas em dólar) irão na direção oposta, com alta no preço das ações.
Muito importante ressaltar que todas estas empresas têm exposição ao preço internacional de commodities como minério de ferro, petróleo, celulose e aço, o que traz volatilidade no preço das ações e maior risco em comparação com setores mais previsíveis, como o de energia elétrica.
IVVB11 – iShares S&P 500 Fundo de Investimento em Cotas de Fundo de Índice – Investimento no Exterior
O IVVB11 é um Exchange Traded Fund (ETF) constituído no Brasil que busca retornos de investimentos que correspondam ao desempenho do índice S&P 500, principal índice da Bolsa de Valores do Estados Unidos, representado pelas 500 maiores empresas do país. As cotas do fundo são negociadas como se fossem uma ação ao valor de R$ 124,85 por cota unitária (fechamento de 27 de agosto).
Em geral, as taxas de administração dos ETF’s são baixas, assim com os custos de transação. Os ETF’s são fundos que replicam índices e que têm uma estratégia de investimento passiva, ou seja, o seu rendimento replica o rendimento do seu índice.
O rendimento do investimento em IVVB11 tem valorização positiva com a alta do dólar e com a alta do principal índice de ações dos Estados Unidos (S&P). Portanto, o retorno do investimento é atrelado ao desempenho das ações americanas e da taxa de câmbio, com baixa correlação com o Ibovespa e o mercado local de juros.
O gráfico abaixo ilustra bem o bom desempenho recente do investimento do IVVB11, já que a curva de desempenho é praticamente a soma das curvas do dólar (Ptax) e da Bolsa americana (S&P). Desde 24 de maio de 2018, o rendimento acumulado do investimento no IVVB11 é de 19,06%.