Como o tarifaço de Trump pode impactar os preços do milho

Publicado 27.07.2025, 11:30

Um Novo Paradigma para o Milho

O anúncio de uma tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiro muda completamente o jogo, relegando os dados de safra a um papel secundário e colocando o câmbio (dólar) como o driver absoluto do mercado. O viés, que já era construtivo após o WASDE, torna-se agora fortemente altista, não por uma questão de oferta e demanda do grão, mas por uma crise cambial iminente.

Quando a Geopolítica Esmaga os Fundamentos

Tivemos dois eventos principais esta semana, mas com pesos completamente diferentes.

Evento 1 (O Catalisador Inicial): O Relatório do USDA

Na sexta-feira, o relatório WASDE trouxe números altistas, com cortes na produção e nos estoques americanos e globais. Isso, por si só, já havia dado força aos compradores e provocado o rompimento de uma Linha de Tendência de Baixa no gráfico do CCM.

Evento 2 (O Fator Dominante): A Tarifa Americana

A notícia da imposição de tarifas pelos EUA sobre o Brasil é um choque macroeconômico. O seu impacto sobre o milho não é direto (pois não exportamos milho para os EUA), mas sim indireto e massivo, através do câmbio.

Mecanismo de Impacto: Uma medida hostil como esta gera uma enorme aversão ao risco em relação ao Brasil. A consequência imediata é uma fuga de capitais e uma forte desvalorização do Real, ou seja, uma disparada do dólar.

Efeito no CCM: Como o milho é uma commodity cotada em dólar, cada ponto percentual que o dólar sobe se reflete diretamente no preço em Reais. A paridade de exportação, que já era um suporte, é recalculada para níveis muito mais altos, tornando o nosso milho extremamente barato no mercado internacional e forçando os preços na B3 (BVMF:B3SA3) a subirem para se alinharem a esta nova realidade cambial.

A combinação de um relatório WASDE já altista com um choque cambial desta magnitude cria o cenário mais explosivo possível para os preços do CCM.

Perspectivas

O viés para a próxima semana é fortemente altista. A análise técnica e os fundamentos de curto prazo da safra perdem relevância diante da força do fator macro.

O Único Gráfico que Importa: O principal foco de todos os operadores de milho na próxima semana não será o gráfico do CCM ou de Chicago, mas sim o gráfico do Dólar (USD/BRL). A direção e a intensidade da alta do dólar ditarão o ritmo da alta do milho.

A Nova Realidade de Preços: A resistência técnica dos R$ 68,00, que antes parecia um objetivo distante, agora torna-se um alvo de curto prazo e com alta probabilidade de ser rompido. O mercado precisará encontrar um novo patamar de equilíbrio, baseado na nova taxa de câmbio.

Fatores para Monitorar:

Abertura do Mercado Cambial na Segunda-feira: A reação do dólar na abertura do pregão de segunda-feira definirá o tom para toda a semana.

Pronunciamentos Políticos: Qualquer declaração dos governos do Brasil ou dos EUA sobre a medida tarifária pode aumentar ou diminuir a volatilidade.

Fluxo de Notícias: O foco agora é 100% no noticiário político e econômico. Os dados sobre clima e exportações, embora ainda importantes, perdem o protagonismo.

Desta forma, o mercado mudou de patamar. A análise não é mais sobre o equilíbrio fino entre oferta e demanda, mas sobre o impacto de uma crise diplomática e cambial. O caminho de menor resistência para o milho é para cima, impulsionado pela desvalorização do Real. A questão não é mais se o preço vai subir, mas sim quão rápido e até onde o novo nível do dólar o levará. A volatilidade será extrema, exigindo uma gestão de risco ainda mais rigorosa.

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