Os mercados registraram grande volatilidade com o ataque da Rússia à Ucrânia. Após abrir em forte baixa, as ações reverteram sua trajetória de queda durante o pregão em Wall Street na quinta-feira e fecharam positivas na sua maior parte. O S&P 500 se valorizou 1,43%, enquanto o Nasdaq saltou 3,34% e o Dow Jones Industrial avançou modestamente, 0,25%.
Já o petróleo Brent começou o dia acima de US$100 por barril, mas devolveu a maior parte dos ganhos ao longo da sessão. A commodity era negociada a US$95,38 no fim da sessão nos EUA.
Embora seja praticamente impossível prever o futuro desse conflito e seus impactos sobre os mercados, alguns analistas dizem que a guerra provavelmente terá um efeito de curto prazo no sentimento, sem gerar um choque com implicações duradouras.
De acordo com o Goldman Sachs (NYSE:GS), o conflito direto na Ucrânia e as sanções punitivas subsequentes podem fazer as ações caírem no curto prazo, com as piores perdas ocorrendo na Europa e Japão.
No entanto, o banco de investimentos afirma que o que ditará os movimentos dos mercados no médio ou longo prazo continuam sendo as possíveis elevações de juros do Federal Reserve e seu impacto no crescimento econômico e nos resultados corporativos.
Em nota recente aos seus clientes, estrategistas do J.P. Morgan levantaram pontos similares, citando o risco mais significativo de um aperto da política monetária para as ações, além de citar que o conflito russo-ucraniano pode reduzir os resultados das empresas americanas. A nota disse o seguinte:
“Um choque nos preços de energia, em meio a uma virada mais agressiva do banco central para combater a inflação, pode piorar ainda mais o sentimento dos investidores e a perspectiva de crescimento”.
Em uma crise global como essa, alguns setores performam melhor do que os mais sensíveis a tais eventos geopolíticos. Listamos abaixo duas áreas do mercado que estão bem posicionadas para resistir a esse conflito e, que sabe, até lucrar com ele.
1. Energia
Depois de registrar fortes ganhos em 2021 por causa da escassez da oferta e da disparada da demanda durante a recuperação da pandemia, o setor de energia está tendo bom desempenho novamente neste ano. Além disso, as restrições de energia geradas pela crise na Ucrânia podem inflacionar ainda mais os preços das commodities e, assim, melhorar a perspectiva para o setor.
Como a Rússia é uma grande fornecedora de petróleo à União Europeia e o setor testemunha uma alta de preços e uma limitada capacidade ociosa, analistas acreditam que o mercado petrolífero continuará pressionado, caso não haja uma desescalada do conflito.
O fundo Vanguard Energy Index Fund ETF Shares (NYSE:VDE), que tem entre suas 10 principais posições a Exxon (NYSE:XOM) (SA:EXXO34) e a Chevron (NYSE:CVX) (SA:CHVX34), acumula alta de 19,7% neste ano, superando por larga margem o desempenho do índice S&P 500, que caiu mais de 10% no mesmo período. Ele fechou a US$93,01 no pregão de quinta-feira.
Para se aproveitar dessa alta dos preços do petróleo, o J.P. Morgan também apontoi nomes individuais, como EOG Resources (NYSE:EOG) (SA:E1OG34), Pioneer Natural Resources (NYSE:PXD) (SA:P1IO34), Devon Energy (NYSE:DVN) (SA:D1VN34) e a gigante integrada Exxon.
2. Materiais
Os metais também devem se beneficiar, principalmente em meio aos ganhos de preços das matérias-primas. Ontem, o alumínio disparou e atingiu um recorde de preço, e o níquel alcançou seu nível mais alto em mais de uma década, por causa de preocupações de que a crise ucraniana pode intensificar a escassez de oferta. No entanto, ambas as commodities cederam a maioria desses banhos durante a sessão de Wall Street.
Mesmo depois da eclosão da guerra entre a Rússia e Ucrânia, os estoques de metais comuns registravam alta demanda devido à sua reduzida disponibilidade, diante da recuperação mundial em relação à pandemia. Todos os principais contratos na Bolsa de Metais de Londres estão em “backwardation”, condição em que os preços para entrega à vista estão maiores que os futuros, sinalizando restrição de oferta.
Se essa crise se estender, as empresas americanas, como Alcoa Corporation (NYSE:AA) e United States Steel (NYSE:X) (SA:USSX34), se beneficiarão.
As ações da US Steel, sediada em Pittsburgh, subiram cerca de 26,5% durante o último mês, fechando a quinta-feira a US$24,36.
A maior produtora americana de alumínio, Alcoa, também está disparando, ao se valorizar 23% neste ano. Ela fechou o pregão de quinta-feira a US$73,30.