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Construindo um Sistema de Análise, Parte 3: Estudos em Preço

Publicado 18.09.2020, 13:59
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Gostaria de abrir este texto me desculpando mais uma vez pelo atraso na publicação da segunda parte, a semana passada foi um pouco problemática por questões de saúde, o que acabou comprometendo a escrita desse texto. Na primeira parte desta série, discutimos os diversos aspectos de risco que envolvem a criação de um sistema de análise, assim como suas potenciais recompensas em termos de liquidez, retorno, volatilidade (de resultados) e maturação.

Na segunda parte, introduzi alguns conceitos de análise técnica integrada, ou seja, que aborda o mercado sempre em função do preço, do volume, volatilidade (do ativo) e fundamentos econômicos; ao mesmo tempo, prezando por uma metodologia tão objetiva quanto possível. Encerrei essa segunda parte indicando que, apesar do mercado só subir ou descer, ele faz isso sempre em relação a um ponto de referência, que será definido de forma objetiva pelo nosso sistema de análise.

Popularmente falando, trabalha-se muito com a ideia de suportes e resistências como pontos de referência: em tese, seriam áreas onde o preço encontra “suporte” para se firmar e “resistência” para continuar subindo. Esses pontos, por sua vez, seriam relativos ao horizonte temporal e aqueles firmados em períodos mais longos seriam, em tese, mais confiáveis. Entretanto, essa ideia presume que todos/as os/as agentes do mercado estão agindo, de certa forma, em harmonia, o que definitivamente não é o caso.

Temos que nos lembrar sempre que, ao demarcar um ponto de referência, estamos o fazendo de forma individual e, embora em alguns casos possamos presumir que outras pessoas farão o mesmo, não podemos nunca deixar de ter em mente que o preço se comporta de forma imprevisível. Entretanto, com sistemas confiáveis de análise, podemos atuar de um modo que comporte, de forma mais ou menos ampla, essa imprevisibilidade (risco) em relação aos nossos interesses individuais de curto, médio ou longo prazo.

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A popularidade das noções de suporte e resistência vêm das noções correlatas de fundo e topo, respectivamente. Isto, porque (quando funcionam) elas apontam para a possibilidade de comprar o mais barato possível e vender o mais caro possível, com o mínimo possível de risco. Sabemos, na prática, que as coisas não funcionam dessa forma, na medida em que o risco se desdobra em vários fatores, que discutimos mais a fundo no primeiro texto dessa série. Daí que não seja possível ter ganhos altos, rápidos e líquidos sem aumentar proporcionalmente a volatilidade ou grau de inconsistência, para nos determos num exemplo específico.

O funcionamento do sistema dependerá muito então da capacidade de identificar um fenômeno que se repete, mas, muito além disso, de estimar seu desenrolar em função do risco adotado ao longo de uma série de repetições. Isso, para determinar se oferece um retorno satisfatório para quem dele se utiliza. Em suma, a análise técnica serve em larga medida para nos permitir definir de forma objetiva um desses fenômenos, que de resto pode variar bastante em sua natureza.

Comportamento normal e anormal

Na minha perspectiva particular, a forma mais correta de se abordar a definição dos pontos de referência é através da oposição entre comportamento normal e anormal do mercado, em conformidade com a análise técnica tradicional. Entretanto, cabe lembrar que, em linha com o que vem discutido, essa normalidade é inteiramente definida por nossos sistemas e válida somente para nossos sistemas. Em outras palavras, a normalidade ocorre em referência aquilo que, individualmente, consideramos relevante.

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Em suma, nossos sistemas precisam então: demarcar, objetivamente, um ponto de referência, determinar o que constituiu um comportamento normal ou anormal em relação a esse ponto e, caso ele constitua uma oportunidade, qual o risco e recompensa estimados para nossa operação. Tudo isso, embora soe bastante abstrato, na realidade é bem mais concreto do que parece. Vamos utilizar um exemplo simples para então avançarmos na utilização das ferramentas técnicas e conceituais.

Digamos que, diante de um gráfico diário, mostrando os preços de fechamento de uma ação e, nesse mesmo gráfico, consta a média simples do preço dos últimos vinte pregões. Ela será nosso ponto de referência e o comportamento “normal” do preço é, para qualquer média, estar acima ou abaixo dela na maior parte do tempo, simplesmente porque é muito difícil que o fechamento sempre coincida com a média. Quando o preço está em cima dessa média, ou muito próximo dela, trata-se de um comportamento anormal e, na medida em que o preço interage com esse ponto de referência, podemos buscar sinais de que ele tende a se mover para cima ou para baixo desse ponto, assim como o risco que precisamos estar dispostos/as a correr para realizar essa operação especulativa.

A média em si pode não significar muita coisa para o mercado como um todo, mas como estamos pensando do ponto de vista da repetição de uma ação, e de um retorno a uma normalidade que foi estabelecida em termos individuais, e não universais, essa estratégia pode se mostrar lucrativa. Cabe saber se é lucrativa o suficiente para justificar o trabalho e risco envolvido em sua execução. Do ponto de vista metodológico, podemos dizer que uma interação do preço com o referencial é quando há um fechamento de até 5% acima ou abaixo do valor dessa média.

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Ferramentas de análise do preço

Como vimos, a demarcação de um ponto de referência para nossa análise é fundamental e deve se manter objetiva, o que significa que ela não pode repousar sobre um julgamento subjetivo. Com isso em mente, abre-se um leque quase infinito de possibilidades de abordar o mercado. Com isso em mente, vou abordar agora algumas ferramentas que nos ajudam a fazer isso, com o propósito muito mais de ilustrar a abordagem do que de fornecer parâmetros para um sistema.

Deixo claro, portanto, que essa discussão tem propósito puramente educativo e não como uma sugestão de compra ou venda. Toda e qualquer decisão de investimento é de responsabilidade individual ou do/a profissional que a recomenda, cumprindo os devidos requisitos legais. Todo e qualquer sistema de análise deve ser exaustivamente testado em ambiente controlado antes de ser utilizado num ambiente real de mercado.

A primeira questão que preciso abordar em relação ao uso de ferramentas, técnicas e conceituais, de análise do preço, diz respeito aos parâmetros temporais. Isso não se relaciona tanto com o tempo gráfico em questão (por exemplo, se cada período equivale a cinco minutos ou uma hora ou um dia de negociação), mas sim com o horizonte de análise, que deve ser manter estável para mitigar distorções na consistência interna do sistema. Igualmente, deve ser condizente com o prazo de maturação que se tem em mente.

Num primeiro momento, para quem deseja utilizar uma análise pura do preço, isto é, sem indicadores derivados do próprio preço, isso implica em determinar uma extensão prévia: digamos que, visando adquirir uma posição de médio prazo (alguns meses) em uma ação específica, você limita sua análise aos últimos seis meses de negociação. Se está operando o pregão diário tendo em vista operações de alguns minutos, você pode se limitar a dois ou três dias de negociação. Isso te impedirá de traçar pontos de referência (ex.: um suporte, canal, etc.) que servem apenas para confirmar um viés cognitivo ao olhar indefinidamente para o passado em busca de sinais.

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Nos demais casos, isso terá a ver com a configuração utilizada no indicador técnico, que funciona com base num número de períodos de negociação e deve seguir a mesma lógica, com uma configuração mais longa sendo adequada a operações igualmente mais longas. Não compactuo, portanto, com a utilização “canônica” de indicadores, que de resto remete novamente a crendice e ao misticismo que, ao meu ver, não podem ter espaço na análise técnica.

Digo isso porque há uma tradição um pouco estranha que diz que, se um indicador possui um valor padrão definido por seu/a criador/a, ele não deve ser modificado, o que deixa de fazer sentido quando passamos a abordar o mercado do ponto de vista do sistema individual e não de uma lógica universal, que se manifestaria na configuração “perfeita” de um indicador qualquer. Use e abuse das configurações, mas certifique-se antes de compreender o que cada uma delas significa.

Uma última questão sobre os períodos de análise, tanto em estudos puros quanto derivados (usando indicadores), a frequência da geração de sinais pode estar correlacionada a uma maior confiabilidade, o que faz sentido do ponto de um maior risco temporal, ou seja, prazo entre o surgimento de uma oportunidade e outra. Dessa forma, uma perda pode demorar mais para ser recuperada, ou pode-se não encontrar oportunidades rápido o bastante para atender uma demanda de liquidez (por exemplo, quando a meta é gerar uma renda semanal ou mensal).

Isso me leva a uma outra questão, que é amplamente repercutida dentro da análise técnica e diz respeito a lentidão ou atraso na geração de sinais (conhecido, em inglês, com lag ou lagging). O suposto problema é que, por serem ferramentas derivativas, indicadores geram sinais tarde demais para serem úteis, notadamente após o fechamento de um candle ou barra. Bom, primeiramente não há como fugir disso, porque é impossível analisar o que o preço ainda não fez. Equivale a dizer que o problema da água é ser molhada.

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A questão tem muito mais a ver com um uso incorreto da ferramenta, mas que é facilmente corrigido. Quando o indicador em questão fornece um sinal, demarcamos a região correspondente no gráfico como um ponto de referência para análise. Isso não significa, contudo, que precisamos comprar ou vender ou tomar qualquer ação assim que o ponto é definido. Pessoalmente, eu opto por aguardar uma segunda interação com o ponto de referência para, aí sim, tomar uma decisão de investimento.

Caso isso não aconteça, considero que não houve uma oportunidade e que, ademais, isso faz parte do risco inerente do sistema: ficar de fora de algumas operações potencialmente lucrativas para dar mais ênfase na segurança das operações que efetivamente entro. Contudo, é perfeitamente possível adotar uma posição mais arrojada e, tão logo o sistema indica um ponto de referência, realizar uma compra ou venda, desde que reconhecendo a necessidade de adequar os riscos a essa nova forma de atuação.

Com esses fatores em mente, podemos tratar com mais detalhes algumas ferramentas específicas para demarcar pontos de referência dentro de um sistema de análise. Como disse, focarei em apenas algumas ferramentas, visto que é muito mais importante para mim ilustrar como abordar a análise técnica como um todo do que explicar o funcionamento e utilização dos incontáveis indicadores disponíveis na atualidade.

Canal de Donchian

Essa é uma das minhas ferramentas preferidas, em parte porque é incrivelmente simples. Trata-se, simplesmente, de linhas que demarcam a máxima e a mínima dos últimos n períodos, com uma linha central que representa o ponto médio entre elas. Ao demarcar pontos de mínima e máxima num período definido de uma forma altamente visual, essa ferramenta facilita bastante a nossa visualização das áreas em que o preço, repetidamente, firmou suportes ou resistências. Comumente, utilizam-se vinte períodos.

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Há variações do canal que comportam diversos tempos gráficos em um único gráfico, o que é especialmente útil em alguns casos. Nesse sentido, podemos estar no gráfico de cinco minutos, mas aguardando para que o preço interaja com a mínima dos últimos n períodos do gráfico de trinta minutos, que traz uma visão de prazo um pouco mais longo e, portanto, confiável para operações de curto prazo. Nesse exemplo, nosso sistema pode envolver uma compra na mínima ou uma venda na máxima mais recente, usando uma outra mínima ou máxima como ponto de stop e visando 1.5x esse risco.

A lógica por detrás dessa abordagem é que o preço tende, num prazo mais curto, a se manter relativamente distante das mínimas e máximas dos prazos um pouco mais longos, de modo que a própria volatilidade do preço pode providenciar ganhos curtos com uma relativa segurança. Assim, embora não seja possível saber se o preço vai subir ou cair a partir do ponto de referência, faria sentido (teórico) contar com uma oscilação no sentido oposto, ainda que pequena ou rápida. Um levantamento estatístico mostraria a validade dessa premissa.

Médias móveis

As médias móveis refletem a evolução mais ou menos dinâmica nos preços de um ativo, conforme ele se mostra capaz de fechar um período de negociação (minutos, horas, dias, etc.) progressivamente acima ou abaixo do conjunto dos últimos n fechamentos. Embora o modo mais simples de calcular esse valor seja com uma média simples, é muito comum vermos também o uso da média exponencial, cujo cálculo dá maior ênfase aos períodos mais recentes, gerando um valor mais sensível às oscilações.

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Existem, além destas, outras dezenas de formas de calcular uma média móvel, a maior parte delas voltada para tentar “solucionar” o problema do atraso em relação ao preço, que como disse não me parece ser um problema tão relevante quanto tentam fazer parecer. Algumas das mais famosas incluem as médias móveis de Hull e de Jurik, em homenagem aos seus criadores, além de médias móveis fractais, adaptativas, triplamente exponenciais (TRIX), entre outras. Cada uma utiliza uma forma diferente de filtragem de ruído (valores considerados irrelevantes e que distorcem o resultado final).

Uma das estratégias mais comuns para utilização de médias móveis, além da que citei mais acima, que visa tirar vantagem do fato de que o preço raramente segue coincidindo com a média, envolve o cruzamento de duas médias, uma mais curta e outra mais longa. A ideia é que quando a média curta cruza a média longa para cima ou para baixo, isso é um sinal de força naquela direção, motivando uma compra ou venda – o próximo indicador, inclusive, opera com base nessa premissa. O que sugiro é demarcar o preço de cruzamento e não as médias em si como pontos de referência.

Moving Average Convergence-Divergence (MACD)

O MACD nada mais é do que uma ferramenta que mede a distância entre duas médias, uma curta e uma longa. Aliás, como o próprio nome sugere: em português, a sigla significa convergência-divergência de médias móveis. Ao contrário do que se pensa, não se trata de um “rastreador de tendência”, salvo no caso de uma tendência ser definida como uma média estando acima de outra, o que vale única e exclusivamente para o interior de um sistema de análise – o que coloca a ideia em conflito com a noção de tendência, que presume uma predisposição coletiva do mercado como um todo.

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Tradicionalmente, utilizam-se as médias exponenciais de 12 e 26 períodos, cuja diferença constitui o MACD propriamente dito. Além dela, traça-se uma outra média exponencial que mostra a média móvel exponencial desse valor, tradicionalmente com nove períodos – essa é a chamada “linha de sinal”. A interpretação tradicional do indicador envolve tanto o cruzamento das médias para cima ou para baixo (cruzamento do nível zero), quanto o cruzamento do MACD em relação a linha de sinal.

A lógica do indicador é precisamente a mesma do cruzamento de médias, com o diferencial de que se avalia, de forma dinâmica, o quanto elas estão próximas ou distantes umas das outras. Esses pontos de cruzamento podem, dentro de um sistema, representar os pontos ou regiões que serão usadas para referência e análise, embora (particularmente) não recomende usá-los como sinais imediatos de entrada ou saída de uma operação.

No que tange a configuração do indicador para utilização em diferentes estratégias, temos três variáveis sob nosso controle: duas médias móveis exponenciais e uma média móvel exponencial da distância entre elas. Nessa medida, podemos pensar em uma série de possibilidades, como cruzamentos de médias mais longas ou curtas, com diferença maior ou menor; demarcação de áreas de congestão de médias ou rompimento de uma média MACD de prazo mais ou menos longo.

Bandas de Bollinger

As bandas de Bollinger são um dos meus indicadores favoritos, simplesmente porque elas são literalmente uma ferramenta que avalia o desvio da norma. Tratam-se de uma média móvel simples que é encapsulada – tal como o canal de Donchian – por duas outras linhas, que representam um múltiplo do desvio padrão dessa média. De forma um pouco mais simples, imagine-se num jogo de dardos. Conforme o tempo passa, você consegue traçar uma média do resultado de cada arremesso e, digamos que, na média, os últimos 20 dardos renderam 10 pontos cada.

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Com base nessa média, conseguimos calcular o que seria um desvio “normal” dessa média, visto que você não acerta sempre o mesmo valor - alguns arremessos rendem mais pontos, outros menos, outros nenhum. Entretanto, há uma margem de erro que consideramos normal e há aquelas vezes em que você tem um resultado radicalmente diferente da média (digamos que você mirou no alvo e acertou o teto, ou que acertou exatamente em cima do alvo três vezes seguidas).

Essa margem de “erro” ou distância da média é o que chamamos, em estatística assim como em análise técnica, de desvio padrão. Quer dizer, a variação considerada normal em relação a uma média. O que as bandas de Bollinger fazem é traçar essa média, calcular seu desvio padrão e posicionar um par de linhas que representam um múltiplo do desvio padrão, situadas acima e abaixo da média. Dessa forma, torna-se muito claro quando um resultado excedeu o desvio esperado.

A configuração padrão desse indicador é de uma média simples de vinte períodos, com dois desvios padrões para cima e para baixo. O valor é calculado, tal como no MACD e nas médias móveis, com o preço de fechamento de cada período de negociação. No mesmo sentido, médias maiores geram uma amplitude maior do desvio padrão – basta imaginar que quanto mais você se afasta do alvo, maior a margem de erro do dardo.

Entretanto, mais raras as ocorrências para um mesmo múltiplo do desvio padrão (a outra variável) e, logo, mais relevante o ponto de referência demarcado – no caso, estamos falando de um fechamento fora do desvio padrão. Isso não significa que este sinal seja menos arriscado, visto que a raridade de sua ocorrência implica num risco de frequência maior. Isto é, o tempo entre uma operação e outra, o que tem impacto significativo para quem deseja, digamos, extrair um lucro de curto prazo: podem não surgir oportunidades, ou demorar muito tempo para recuperar o que foi perdido numa operação anterior, etc.

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Relative Strength Index (RSI) ou Índice de Força Relativa (IFR)

O RSI é um dos indicadores mais populares da análise técnica, em parte graças a simplicidade e eficiência dos resultados que produz, embora nem sempre seja utilizado de uma forma adequada. O que ele faz é calcular a magnitude da mudança de preço do período mais recente em relação à um período mais longo, com a premissa de que o preço tende a perder força num sentido na medida em que o tempo passa.

Dessa forma, o indicador atinge níveis extremos (pontos de referência no gráfico de preço) somente quando temos um avanço forte e/ou rápido dentro do indicador, cujo valor varia de 0 a 100, com alguns/as analistas considerando o meio (50) um ponto de mudança importante. Entretanto, os níveis principais são os de 70 e 30, que indicam, respectivamente, uma possível sobrevalorização e sub valorização do preço do ativo – dentro da lógica do próprio indicador e não do mercado como um todo, é bom lembrar.

O uso padrão do indicador é de 14 períodos, embora isso possa ser modificado conforme nos interessamos por mudanças mais ou menos impactantes em relação ao histórico de preço (usando um número maior ou menor). No mesmo sentido, os valores considerados anormais irão depender do grau de anormalidade (interna ao sistema) que iremos considerar relevante, em especial aumentando esses valores para filtrar oscilações menos impactantes – digamos, níveis de 80 e 20, 85 e 10, etc.

Quando o indicador entra ou sai desses níveis, podemos demarcar um ponto de referência para análise futura, designando-os como um suporte ou resistência que, eventualmente, pode vir a ser relevante no futuro mais ou menos distante, a depender do propósito do sistema. Assim como nas médias móveis, o RSI deu origem a uma série de indicadores que derivam de seu cálculo, dentre os quais o mais popular talvez seja o stochastic RSI ou RSI/IFR estocástico, em referência a modalidade de cálculo, assim como variações usando volume, médias, RSI de outros indicadores, etc.

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Considerações finais

Embora esse texto seja particularmente longo, ele nem de longe chega perto de listar todas as ferramentas técnicas e conceituais que podemos utilizar para analisar o preço de um ativo como parte de um sistema de análise técnica. A cada um/a, caberá realizar pesquisas mais aprofundadas para avaliar o que, como e quando essas ferramentas funcionam de modo satisfatório dentro do propósito do seu sistema. Lembrando aqui que, ao meu ver, há um conjunto bem estreito de razões para investir tempo e estudo no desenvolvimento de um sistema como esse. Mais ainda, em vista da complexidade do tema, torço para que outras pessoas abandonem a postura simplória de que basta pegar uma estratégia na internet e aplica-la no mercado real para obter ganhos fora da curva – algo que tem rendido bons lucros para quem vive de vender ilusão sob a forma de cursos.

Com isso em mente, essa série de artigos está longe de terminar, visto que ainda precisamos falar sobre o volume de negociação, a volatilidade do ativo e dos fundamentos que afetam seu funcionamento a curto, médio e longo prazo. Na quarta parte desta série, veremos como o volume traduz relações de oferta e demanda em função do tempo, o que nos fornece pistas muito importantes para compreender o funcionamento “profundo” do mercado. Aguardo vocês na semana que vem!

Contato: afsalmeron@gmail.com

Últimos comentários

Creio que faltou o essencial no texto: depois de tanto criticar a postura de análises superficiais, o autor fez exatamente isso ao não expor as estatísticas de cada um desses indicadores! Se esses indicadores forem testados um a um ou combinados de muitas formas, a maioria deles não resultará em nada útil, com períodos de ganhos e de perdas se alternando, seja em gráficos de horas ou dias. Quem já fez muito backtest sabe que a maioria dos indicadores comuns não servem para nada.
Espero ansioso a continuidade.
Ótimo texto gostei
Muito bom..
Muito explicativa e objetiva. Excelente artigo!!!!
Excelente 🍀🙏🏻
Matéria muito boa... aqui tu foges da adivinhação corriqueira...técniicas...parabéns
Muito boa sua didática e conteúdo
Top! Bem realista, não adianta vender "sonho" kkk
Top! Bem realista, não adianta vender "sonho" kkk
Excelente artigo André, muito didático e esclarecedor!
Parabéns mesno pela iniciativa de fazer um resumo das ferramentas para auxilio nas analises tecnicas, Será muito útil, e de grande proveito para quem esta começando. Estou conpartilhando! Mais uma vez, parabéns!!
Tudo isso tem no livro APRENDA A OPERAR NO MERCADO DE AÇÕES, que é um bom livro, mas gostei da sua análise
Tudo isso tem no livro APRENDA A OPERAR NO MERCADO DE AÇÕES, que é um bom livro, mas gostei da sua análise
Muito bom, aguardo a continuação. E melhoras para você!
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