Prelúdio
Sexta-feira ponte de feriado. Este M5M não cede à ressaca ou à tentação do descanso.
Teremos M5M sempre que o mercado abre por aqui. Assuma a agenda da BM&F Bovespa como a nossa agenda.
Falo hoje para menos gente do que o habitual, estou ciente disso, mas com tanta (senão mais) relevância.
A ponte de feriado é de desdobramentos de decisão do Copom, estreia de ação na BM&F Bovespa, dia D para a Grécia e para a economia americana…
E temos um urro de inconformidade com a China.
Quem estiver na linha, é bom que esteja preparado.
Elementar, meu caro Copom
Como todos esperavam, a autoridade monetária brasileira elevou a Selic em 50 pontos-base, para 13,75% ao ano.
Para os detetives de plantão, que investigam nas entrelinhas as pistas dos próximos movimentos, a decisão foi unânime e seu comunicado rigorosamente igual ao anterior - que deixava em aberto a possibilidade de aumentos adicionais da taxa.
Como conversamos na edição anterior, já há gente apostando que a Selic deve superar 14% este ano. As evidências acima reforçam esse ponto.
Mais títulos pós?
Vamos com calma…
Passando os 14%, a zona do juro é cinzenta.
Tem recessão e desemprego se agravando, e o custo social disso é elevadíssimo.
Esse será o ticket para o Bacen abrir mão da briga contra a inflação para, potencialmente, tentar injetar um pouco de adrenalina na veia do paciente que não responde.
Ponte de feriado “D"
Os mais atentos certamente se recordam que hoje é dia de vencimento de parcela da dívida grega, bebê.
Os gregos arrumaram o dinheiro?
Logicamente não.
Os gregos conseguiram um acordo?
Também não.
Que alternativa os gregos encontraram?
Como eles têm outros vencimentos ainda em junho, pediram aos credores para concentrar todos os seus pagamentos do mês num único dia - que naturalmente não é esta sexta-feira.
Ahh, assim fica mais simples. Menos burocracia…
Quem deu a ideia?
A Zâmbia. Acredite, esse foi o único precedente histórico de algo do gênero, em 1980.
Se isso configura calote ou não, deixo ao seu critério.
E agora Lagarde?
A credora da Grécia, Cristine Lagarde, parecia mais preocupada ontem em dar pitacos a Janet Yellen, do Federal Reserve, para que espere até 2016 para subir o juro nos EUA.
É mais ou menos como se o Hélio dos Anjos, do Goiás, recomendasse ao Eduardo Baptista (Sport) a escalação do Rodrigo Mancha no lugar do Maikon Leite.
Eis que ML11 decidiu o jogo. Eis que os dados de geração de vagas de trabalho dos EUA, hoje, atropelaram as projeções.
Na calada da noite…
Enquanto você dormia, do outro lado do mundo, as ações chinesas estavam beeeeem acordadas.
Veja isto:
Os índices de Shanghai e Shenzhen chegaram a cair mais de 6%, mas eis que, milagrosamente, alguém entrou comprando e a peteca subiu novamente.
Volatilidade? Fluxo inconsistente? Intervenção?
Shaghai e Shenzhen acumulam valorizações de, respectivamente, 154% e 191% em doze meses, justamente o período de multiplicação das evidências de desaceleração da economia local.
Alguém precisa suavizar os movimentos dessa peleja, para não transparecer risco. Até porque, se a peteca cair, inchada do jeito que está, é melhor sair de baixo.
Condições adversas de mercado?
Nossa estratégia infalível para IPOs, esmiuçada no M5M anterior, tem mais um forte argumento nesta sexta-feira…
"Há diversos estudos acadêmicos – inclusive do Felipe e do Rodolfo daqui – indicando que, na média, as ações de estreantes sobem no primeiro pregão, naquilo que ficou batizado de fenômeno de underpricing. Isso se deve tanto a aspectos psicológicos quanto esforços do coordenador da oferta em empurrar para cima as cotações e posições estatutárias de fundos (que não conseguem posição desejada/mínima no rateio da oferta e a adequam isso comprando na estreia)… Uma alta na estreia é boa para todo mundo… confere a sensação de operação bem sucedida. Como a primeira impressão costuma ser marcante, que seja positiva."
As ações da PAR estreiam com forte volume e valorização superior a 12% na BM&F Bovespa.
Portanto, participe de todos os IPOs. Venda na estreia das ações sempre que puder. Você pode não ganhar em todos, mas, na média, terá um resultado positivo.
Ainda mais se for na China…
De acordo com compilação da Bloomberg, as 144 empresas que abriram capital na China em 2015 sobem em geral 44% no pregão da estreia e se valorizam em média 540% até então.