A primeira semana da campanha do segundo turno foi de muitas negociações, especialmente do lado do candidato petista, Fernando Haddad. As tentativas de montagem de uma coalizão anti-Bolsonaro, liderada pelo agora eleito senador Jaques Wagner, parecem não ter prosperado, uma vez que Marina Silva e Geraldo Alckmin adotaram neutralidade para o segundo round, enquanto o PDT, de Ciro Gomes, partiu para uma postura de “apoio crítico”, o que quer que isso queira dizer. Além disso, Ciro viajou de férias, o que pode sinalizar pouco apreço à eventual coligação.
Do outro lado, as notícias parecem melhores. Muitos candidatos a governador que passaram para o segundo turno, querendo pegar carona no fenômeno Jair Bolsonaro – caso de João Dória (SP), Wilson Witzel (RJ) e até de Eduardo Paes (RJ) (que pediu isenção ao pesselista) -, reforçaram a frente anti-PT, motivo da onda vitoriosa do primeiro turno. Bolsonaro, contudo, não explicitou o apoio a esses.
Além das costuras políticas, o período está sendo marcado por ódio e agressões entre os eleitores e disseminação das fake news.
Confira abaixo a análise de nosso economista Alexandre Espirito Santo em mais um post da série “De Olho nas Eleições”.
Pesquisas – As pesquisas divulgadas recentemente apontam um cenário muito confortável para Bolsonaro, mostrando o que os estatísticos chamam de “boca de jacaré”, quando um candidato cresce ao longo do tempo e o outro cai. Nesse aspecto, faz bastante sentido para o candidato vitorioso em primeiro turno “tocar a bola para o lado”, inclusive no que se refere a confrontos diretos, evitando debates.
TV e indecisos – Como, agora, ambos têm o mesmo tempo de TV, a propaganda de Bolsonaro está com espaço para reforçar o voto dos que já o fizeram em primeiro turno, mas, sobretudo, para angariar os daqueles anti-petistas indecisos. Ademais, outros dois pontos jogam a seu favor: vitória expressiva alcançada no Sudeste (mais de 40% do eleitorado está nessa região) e aumento tradicional da abstenção no segundo turno, o que favorece o líder.
Marketing do PT – Para Haddad, a virada é extremamente desafiadora. Além do próprio candidato ensaiar uma autocrítica, sua equipe de marketing decidiu mudar a estratégia, com nova marca visual e sem colocar a foto de Lula. É extremamente ousada e pode ser um tiro no pé. Muitos dos que votaram em Alckmin, João Amoêdo e Henrique Meirelles, no Nordeste, podem se inclinar para o voto bolsonarista, enquanto para Haddad, o mais normal, deveria ser a transferência dos eleitores de Ciro.
Probabilidades – Neste ponto da campanha, acreditamos que Bolsonaro tenha 75% de chances de ser o novo presidente. Cabe lembrar que, a despeito das marcantes diferenças, a primeira pesquisa entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, para o segundo turno de 2014, dava uma larga vantagem para o candidato do PSDB. Mas, ao final, Dilma venceu.
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