MERCADO
Os preços futuros do café registraram perdas nesta semana, influenciados pela forte desvalorização do real ante o dólar, que aumenta a competitividade das exportações do Brasil, e pelas questões climáticas.
Influenciadas pelas incertezas quanto ao futuro das contas públicas do País, as cotações do dólar comercial atingiram os maiores valores desde dezembro de 2002 e passaram a operar acima dos R$ 3,75. Ontem, a moeda norte-americana foi cotada a R$ 3,7598, acumulando valorização de 4,8% em relação à última sexta-feira.
A pressão baixista nas cotações futuras do café arábica também vem das previsões de aumento da umidade nas regiões produtoras brasileiras a partir de novembro, quando é esperado que o El Niño atinja o seu pico. As agências meteorológicas internacionais divulgaram, nos últimos dias, que o fenômeno climático iniciado em 2015 pode ser um dos mais fortes dos últimos 65 anos.
Com base em informações da Somar Meteorologia, o CNC alerta, a esse respeito, que é precipitado precificar o café com base em modelos meteorológicos que apresentam imperfeições e que têm superestimado intensidade dos últimos El Niños.
Além disso, a atmosfera tem apresentado respostas diferenciadas aos aquecimentos do Oceano Pacífico nos últimos anos. Como evidências, citamos a resposta atípica, em 2015, do clima da Região Sul ao El Niño, com a presença de período seco e quente após os temporais de julho, incomum para esta época do ano. As chuvas fortes ocorridas na Índia também não são condizentes com as características do fenômeno climático.
A Somar Meterologia prevê um retorno mais gradativo da chuva para o Sudeste e Centro-Oeste, na comparação com a primavera do ano passado, quando as precipitações oscilaram bastante. Porém, mais para o fim do ano, a expectativa é de aumento da oscilação da chuva no Brasil, devido à tendência de diminuição da temperatura no Pacífico equatorial leste. Segundo a empresa, esse fato pode “abrir margem para os fatores intrassazonais, como bloqueios atmosféricos e a ‘Oscilação Madden Julian’, fenômenos que foram importantes para explicar a seca dos últimos anos no Sudeste”.
Em função disso, reforçamos o caráter precipitado das interpretações exageradamente otimistas quanto ao desenvolvimento da temporada 2016 de café no Brasil, já que o clima está mais imprevisível do que nunca e somente o acompanhamento diário das condições do campo, nos próximos meses, trará informações confiáveis para projetarmos a próxima colheita brasileira de café.
Na ICE Futures US, o vencimento dezembro do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,1955 por libra-peso, com queda de 450 pontos em relação ao fechamento da semana passada. As cotações do robusta, negociadas na ICE Futures Europe, também foram impactadas pelo câmbio brasileiro. O vencimento novembro/2015 encerrou o pregão de ontem a US$ 1.590 por tonelada, com queda de US$ 21 em relação ao final da semana anterior.
No mercado físico nacional, os vendedores se mantiveram retraídos, aguardando futuras valorizações. Os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e conilon foram cotados a R$ 451,98/saca e a R$ 334,59/saca, respectivamente, com altas de 2,5% e 1,9% em relação ao fechamento da semana passada. Com o patamar alcançado ontem, o indicador para a saca do conilon registrou sua nova máxima na série histórica da instituição.
Atenciosamente,
Silas Brasileiro
Presidente Executivo