Este mês, como de praxe, íamos falar sobre o Imposto de Renda, mas diante da alta demanda de perguntas, decidi mudar o assunto. Voltaremos ao tema, prometo.
O ano de 2023 começou de forma intensa para o mercado, estamos vendo muitas empresas passando por dificuldades, mas como isso pode impactar na sua carteira de investimentos?
“Márcia, fique tranquila, eu só tenho fundos de renda fixa na minha carteira, está tudo bem!”
Vejamos se essa resposta precisará ser revista por vocês.
Existem diversos títulos de dívida no mercado, muitos vocês já devem ter visto. CRA, CRI, FIDC, debentures, entre outros.
Hoje, a nossa coluna de educação financeira vai falar sobre estes ativos, o conhecido como crédito privado no mercado. Estamos acompanhando algumas empresas enfrentando problemas financeiros, muitas delas pedindo recuperação judicial, isso impacta a economia como um todo, o mercado sente de forma extremamente relevante, mas tem outro ponto que precisa ser avaliado. Estas empresas emitem dívidas no mercado, assim como o banco emite o CDB para gerar funding, as empresas também podem fazer isso, desde que atendidas diversas regras legais. Há vários motivos que levam as empresas a emitirem essas dívidas, por exemplo, uma locadora de veículos que pretende trocar sua frota, investir em novos carros, emite debentures para captação de recursos.
Usando o exemplo citado acima, as debentures podem ter características e garantias distintas, sua remuneração será avaliada de acordo com um bookbuilding, ou seja, processo para definir o preço justo do título, e pode ser medido também de acordo com a classificação de risco da empresa.
São estes títulos que muitas vezes estarão presentes em carteiras de fundos de investimentos, cujo nome pode ter a palavra crédito privado. As assets buscam sempre títulos de empresas com boa classificação de risco no mercado e com excelente liquidez, e é exatamente isso que tenho conversado com os investidores, são papéis excelentes para compor a carteira de um fundo de investimento, pois agregam em rentabilidade a carteira do cliente, mas pode acontecer de uma delas, em algum momento, vir a ter problemas, pontuais.
Então, o que houve com o fundo de investimento onde estou alocado? Este pode ter título de uma empresa que tenha tido problemas como o que vimos, neste caso, muitos gestores tomam todas as providencias necessárias para a gestão do fundo, mas ainda assim pode ser percebida uma cota negativa. Os fundos desta categoria diversificam suas carteiras, isso faz com o que risco seja minimizado, mas um impacto acaba acontecendo. Nada a ponto de se alarmar, realocar para outro fundo pode ser uma saída, assim como também esperar que este se recupere, basta avaliar.
Um fato que me preocupa muito, independente de que momento o mercado esteja, é que em 98% das vezes que eu pergunto aos investidores onde estão alocados, nunca fazem a mínima ideia. Mas daí você vai me dizer: “é para isso que tenho um consultor!”. Exato, concordo 100%, é como um médico não é? Mas o mínimo você precisa se inteirar, da mesma forma que você sai do consultório sabendo que é um resfriado, o mesmo se aplica ao seu patrimônio.
Portanto, conversar com seu consultor de investimento é essencial para entender o movimento da carteira diante deste cenário e realocar se necessário, não deixem que as revisões sejam longas demais.