A temporada de resultados do primeiro trimestre deverá trazer notícias negativas para o mercado financeiro. Os números que começam a ser divulgados pelas empresas deverão refletir o momento mais agudo da crise política e econômica que assola o país.
Além dos problemas internos, a baixa expectativa de crescimento econômico na China, que derrubou o preço das commodities, deverá aparecer nos resultados das principais empresas negociadas na Bovespa, Petrobras (SA:PETR4) e Vale, na avaliação do economista Joelson Sampaio, professor da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap).
Forte depreciação no petróleo e minério de ferro
O primeiro trimestre representou forte depreciação das duas commodities mais importantes para essas gigantes: petróleo e minério de ferro. O primeiro iniciou o ano em forte queda e chegou à mínima de US$ 26/b em meados de fevereiro, antes de se recuperar para os patamares recentes entre US$ 40/b e US$ 45/b. Já o minério apresentou seu pior momento no final do ano passado, mas passou o período de janeiro a março bem abaixo das médias recentes.
Melhores resultados para Vale; Pessimismo em relação a varejistas
A Vale (SA:VALE5), contudo, terá resultado melhor neste trimestre do que teve no período imediatamente anterior, segundo Henrique Kleine, analista-chefe da Magliano Corretora. Ele destaca que a mineradora quitou um dividendo de US$ 1,5 bilhão no ano passado, que prejudicou sua alavancagem.
O varejo também deverá refletir o péssimo momento da economia com o aumento do desemprego e queda da renda e do poder de compra da população. “Os resultados devem ser ruins nos segmentos de linha branca e de vestuário, uma vez que os consumidores estão substituindo produtos mais sofisticados pelos mais baratos ou simplesmente não comprando”, afirma Kleine.
Farmácias, supermercados e bancos podem crescer
O segmento mais essencial do varejo, no entanto, como farmácias e supermercados, poderá apresentar números mais positivos, de acordo com o analista.
Entre as apostas das empresas que podem apresentar números mais fortes estão aquelas com grande parte a receita atrelada ao dólar como a Embraer (SA:EMBR3) e a Alpargatas (SA:ALPA4). A moeda norte-americana permaneceu forte frente ao real especialmente em janeiro e fevereiro.
Os bancos também deverão apresentar crescimento, ainda que moderado, com o ambiente de maior inadimplência. "Apesar dos juros terem aumentado o lucro das instituições financeiras, a crise econômica afetou o mercado de crédito”, explica Sampaio.