Como previsto, a semana cumpriu o que prometeu. O mercado de açúcar em Nova Iorque caiu em média 50 pontos em todos os meses (entre 11 e 12 dólar por tonelada) em função da desvalorização do real, mas isso depois de ter recuperado uma queda que chegou a 100 pontos na semana em relação ao fechamento da semana anterior.
Algumas notícias levantaram o ânimo no pregão de sexta-feira: rumores de possível alteração no preço da gasolina (fala-se em 6%) defasado ainda mais com a desvalorização do real, o Banco Central do Brasil anunciando plano de intervenção no real ao longo desse semestre e a China comprando açúcar no mercado internacional. Esse quadro acabou fazendo com que NY fechasse a semana a 16,47 centavos de dólar por libra-peso no vencimento outubro/2013.
Apesar da China, de maneira geral, os negócios no mercado físico de açúcar continuam em ritmo lento tanto na exportação quanto no mercado interno. Existe um descompasso entre os valores negociados em cada mercado. A arbitragem favorece a exportação em relação ao mercado interno com folgada margem. Melhor rentabilidade na exportação pode incentivar a migração de açúcar do mercado interno para a exportação até que o enxugamento doméstico e a oferta de açúcar FOB convirjam. No popular: açúcar doméstico ESALQ está barato. Compradores e consumidores industriais de açúcar para o mercado interno devem ficar atentos.
Quem aproveitou a alta do dólar lambeu os beiços. Muitas empresas se valeram da situação favorável e fixaram NY e dólar ao longo dos últimos pregões. O mercado futuro de açúcar em NY fechou a sexta-feira cotado ao equivalente a R$ 889/tonelada FOB Santos uma queda de R$ 40/tonelada na semana. A média do ano pelo critério de fechamento do primeiro mês cotado em NY convertido em toneladas, acrescentando o prêmio de polarização, pelo dólar de fechamento do Banco Central, é de R$ 836/tonelada.
Como sempre ocorre em situações como essa, ou seja, quando se tem a sensação de não ter aproveitado uma oportunidade de mercado (de câmbio, principalmente) a tendência é de se assistir a uma queda continua do dólar na semana que vem ou ainda uma recuperação de NY se mais vendas de futuros foram antecipadas para aproveitar o dólar ascendente que acabou revertendo a queda na sexta-feira. Vai ser mais uma semana de volatilidade, ao que tudo indica.
As cotações ascendentes do açúcar ao longo da curva de preços em NY e a curva do dólar igualmente ascendente afetada pela diferença dos juros internos e externos apresentam um preço médio para a safra 2014/2015 (assumindo que haja liquidez em ambos os mercados) de R$ 41,71 por saca posto usina, com rentabilidade média de 24,5% sobre o custo de produção que é de R$ 33,50 por saca posto usina segundo o nosso modelo. Ou seja, não dá para reclamar, principalmente as usinas extremamente eficientes e com baixo custo que beiram os R$ 30,00 por saca posto usina.
Detalhes tão pequenos: o Departamento de Energia dos Estados Unidos, equivalente ao Ministério das Minas e Energia no Brasil, tem como novo responsável aprovado pelo senado americano o físico nuclear Ernest Moniz, professor do Instituto de Tecnologia de Massachussetts com muitos anos de dedicação e pesquisa científica em sua área. Aqui no Brasil quem dirige o Ministério (qualquer um deles) é um político (qualquer um deles) apontado pelo partido (qualquer um deles) normalmente sem o menor conhecimento do assunto nem comprometimento algum com a pasta que supostamente deveria zelar. Estão lá para ocupar posições de destaque e se valer do poder para aquilo de sempre que estamos acostumados a ver.
A transparência e clareza da politica energética americana, mesmo com a revolução e todas as dúvidas pertinentes que o gás de xisto está provocando na matriz energética americana (e mundial), atraem vultosos investimentos (pra mais de 100 bilhões de dólares) para o setor e a geração de milhares de empregos. No Brasil, o desconhecimento e a ausência de comprometimento de Dilma aliados à falta de conhecimento técnico do seu staff, e a interferência espúria de Lula, conseguiram a proeza de destruir o valor de uma empresa que sempre foi referencia global, como a Petrobrás, e deixar sem perspectiva de investimentos, por absoluta falta de transparência, o setor sucroalcooleiro. Nossos irmãos do norte têm um físico e especialista no comando. Nós temos Edison Lobão. Precisa dizer alguma coisa mais? Essas coisas fazem muita diferença.
Bom final de semana para todos.