De retaguarda a protagonista: O salto da controladoria nas fintechs

Publicado 15.08.2025, 13:15

Nos últimos anos, o setor financeiro passou por uma transformação profunda, impulsionada pela tecnologia, novas regulamentações e mudanças no comportamento do consumidor. As fintechs, essenciais dessa revolução, nasceram com a promessa de agilidade, personalização e eficiência. No entanto, conforme amadurecem e ganham tração, essas empresas precisam equilibrar o dinamismo da inovação com a robustez da governança. É nesse cenário que a controladoria e a auditoria assumem um papel novo e mais estratégico.

Historicamente vistas como funções de retaguarda, focadas em conformidade, fechamento contábil e controle orçamentário, essas áreas agora são parte fundamental da engrenagem que sustenta o crescimento das fintechs. Mais do que garantir aderência às normas regulatórias, a controladoria precisa apoiar decisões de negócio, acelerar a captura de valor e evitar riscos que possam comprometer a confiança do mercado.

Esse movimento de amadurecimento estrutural acompanha o crescimento vertiginoso do ecossistema. Entre 2017 e 2023, o número de fintechs na América Latina saltou de 703 para mais de 3.000, segundo relatório do Inter-American Development Bank (IDB) e da Finnovista. O avanço regulatório, com a criação de sandboxes, diretrizes de Open Finance e estímulo à competição, é apontado como um dos principais vetores dessa expansão.

Compliance: o diferencial competitivo que impulsiona fintechs

À medida que o setor evolui, o que antes era visto como um entrave à inovação passa a ser tratado como diferencial competitivo. O compliance, por exemplo, deixa de ser um simples requisito para se tornar uma alavanca de confiança. Fintechs que investem em estruturas sólidas de controladoria conseguem antecipar mudanças regulatórias, melhorar a governança de dados e, principalmente, ganhar credibilidade junto a instituições financeiras, investidores e parceiros estratégicos.

Segundo o relatório Compliance On Top de 2023, 60% dos líderes de compliance em instituições financeiras latino-americanas já apontam a automação via machine learning, inteligência artificial e big data como prioridade. As fronteiras entre governança e tecnologia estão cada vez mais fluidas, o que cria novas oportunidades de sinergia entre as áreas.

Tecnologia e governança: uma aliança para acelerar o crescimento

A digitalização das rotinas de controladoria não é mais uma escolha, é uma exigência. Ferramentas de automação de conciliações, centralização de dados financeiros e dashboards preditivos são essenciais para reduzir erros, ganhar velocidade e oferecer insumos acionáveis para áreas como produto e growth.

Esse movimento ganha ainda mais força com os modelos de sandbox regulatório e as soluções RegTech, que permitem testar produtos inovadores em ambientes controlados. É a prova de que inovação e conformidade não precisam estar em lados opostos, mas sim caminhar juntas.

Em paralelo, ganha força também o papel estratégico da controladoria na definição do modelo de negócio. A sustentabilidade financeira deixa de ser uma consequência e passa a ser uma construção ativa, sustentada por dados. Ao cruzar informações de consumo de produto, segmentação de carteira e custo de aquisição de clientes, a área se posiciona como parceira das decisões que garantem viabilidade no longo prazo. Suas análises não apenas apoiam estratégias de precificação, mas também sinalizam ajustes que podem ser decisivos para a operação.

Com o avanço do Open Finance e a integração de múltiplas fontes de dados, essa capacidade analítica se expande ainda mais. O volume das informações disponíveis cresce exponencialmente, o que aumenta o potencial de gerar insights, mas também eleva a responsabilidade sobre segurança, ética e integridade dos dados. Segundo a pesquisa Inteligência Artificial: A Vanguarda das Finanças, da FGV, novas tecnologias como IA já são capazes de processar grandes volumes de dados, possibilitando decisões financeiras mais precisas e melhor detecção de fraudes.

Controladoria como protagonista do novo ciclo das fintechs

O futuro das fintechs está na capacidade de crescer com responsabilidade. Controladoria e auditoria já não podem ser vistas como funções que entram apenas no fim do ciclo, validando decisões. Elas precisam estar presentes desde o início, no desenho dos produtos, na definição dos KPIs e na construção das narrativas financeiras que reflitam com transparência a realidade do negócio.

Neste novo ciclo do setor, em que eficiência, confiança e personalização são imperativos, a controladoria se torna um dos principais vetores de inovação. E não por se afastar da regulação, mas justamente por saber traduzi-la em oportunidades concretas de geração de valor.

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