O fantasma da inflação não assombra mais os brasileiros. O que se vê hoje é algo bem diferente: em abril, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve deflação de 0,31%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a maior variação negativa desde agosto de 1998.
A queda nos preços é relativamente nova quando se olha para o passado recente do país. Ainda está fresca na memória do brasileiro a remarcação dos preços nos supermercados, quando a inflação fugiu do controle e saltou 1620% em 1990. A luta contra este mal que corroeu os ganhos da poupança e o poder de compra da população deixou marcas sentidas até hoje. Mas a crise trazida pela Covid-19 vem derrubando as projeções para a inflação para patamares nunca vistos.
O último boletim Focus do Banco Central, divulgado na segunda-feira (4), projeta que o IPCA vai acumular 1,97% no final de 2020. Olhando os 12 meses anteriores a abril, a inflação está em 2,4%, abaixo do piso da meta estipulada pelo governo. O professor de economia da USP, Simão Silber, acredita que não há risco de uma deflação mais prolongada no país neste momento. “Nos próximos meses podemos ter uma inflação muito baixa, mas como as coisas mudam muito rapidamente, é difícil fazer projeções com a curva de juros”, afirma.
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