Todos os anos gosto de olhar para a participação feminina no mercado financeiro. E, sem dúvidas, o Dia da Mulher é uma ótima data para fazer esta análise. Isto porque, mais do que uma simples pesquisa, os levantamentos realizados pela B3 (BVMF:B3SA3) nos ajudam a traçar um panorama dos pontos que precisam ser melhorados.
Em 2023, vimos o número de investidores como um todo cair depois de sete anos de crescimento. É um dado que preocupa, especialmente, pelo histórico de falta de educação financeira do brasileiro.
Mas, se, de um lado, o número total de pessoas que investem foi mais baixo, por outro lado, as mulheres contribuíram para que a queda não fosse ainda maior.
Dados da B3 mostram que o número de CPFs de investidores caiu de 5,85 milhões em 2022 para 5,74 milhões em 2023, uma queda de 1,9% puxada, especialmente, pelos homens.
Do lado deles, o número de cadastros ativos passou de 4,51 milhões para 4,31 milhões no período.
Já nós, as mulheres, continuamos a avançar. O crescimento foi de 6,1%, totalizando 1,4 milhão de CPFs femininos ativos na B3.
Sem dúvidas, iniciativas como a do Ella’s, Fin4She e o trabalho de todas nós no mercado financeiro têm contribuído para este avanço.
Mas, nem tudo são flores.
Apesar do crescimento contínuo, reparem que a quantidade de homens que investem ainda é bastante superior quando comparada com os números das mulheres, que representam apenas 24% do total segundo um levantamento do jornal O Estado de São Paulo com dados da B3.
O material também traz dados do Tesouro Direto e revela um cenário bastante semelhante. Ao todo, são mais de 26 milhões de investidores cadastrados no sistema do governo, mas, do total, apenas 7,1 milhões são do gênero feminino.
Ou seja, na última década, o avanço foi quase irrelevante e os motivos para isso são vários. Podemos listar, principalmente, a falta de educação financeira, condições econômicas desfavoráveis e a ausência de oportunidades adequadas para a mulher no mercado de trabalho.
Em economias mais desenvolvidas, como a dos Estados Unidos, o número de mulheres que investem passa de 60%.
No Brasil, o cenário deveria ser parecido, uma vez que o último Censo realizado pelo IBGE mostrou que somos maioria na composição populacional. Ou seja, temos mais mulheres do que homens no país, mas quando observamos o cenário dos investimentos, eles são a maioria.
Isto ocorre, como eu disse anteriormente, devido às condições de vida do país e outras questões estruturais.
Algumas pesquisas mostram, por exemplo, que cerca de 50% das famílias brasileiras são sustentadas por mulheres sozinhas.
Se juntarmos isso com a falta de oportunidades e salários menores, temos uma boa explicação sobre os motivos pelos quais as mulheres não conseguem avançar com os seus investimentos.
Simplesmente não sobra dinheiro.
O cenário para uma mudança mais significativa passa por um país com projeto de vida para suas cidadãs e cidadãos.
Em outras palavras, enquanto não houver um planejamento que tenha como foco melhorar a renda média dos brasileiros e, com uma legislação que realmente seja efetiva na proteção dos direitos da mulher, não teremos nenhuma evolução mais significativa.
Enquanto isso, algumas iniciativas pontuais tentam equilibrar o jogo.
Mas, precisamos olhar com carinho para esta questão.
Não se trata só de um jogo no qual as mulheres saem prejudicadas. No fim do dia, todos saem perdendo.
Pense nisso e até o próximo artigo!
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