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Dia de Ajuste

Publicado 21.11.2018, 08:32
Atualizado 10.01.2024, 08:22

Mal terminou a sequência de feriados no Brasil, que enxugou a liquidez do mercado financeiro doméstico desde a quarta-feira passada, e os investidores já se deparam com uma nova pausa - desta vez, nos Estados Unidos. O Dia de Ação de Graças celebrado amanhã no país reduz o ritmo dos negócios pelo mundo a partir de hoje e compromete também a sessão de sexta-feira, quando a tradicional Black Friday norte-americana antecipa o fechamento em Wall Street.

Ontem, durante o feriado na cidade de São Paulo pelo Dia da Consciência Negra as bolsas de Nova York registraram fortes perdas, de mais de 1,5%, zerando os ganhos acumulados em 2018. O movimento refletiu o incômodo dos investidores com a postura do Federal Reserve em relação ao ciclo de normalização monetária, em meio à percepção de que o ritmo de alta da taxa de juros deve seguir gradual, diante do fortalecimento da economia norte-americana.

As perdas foram lideradas pelas ações do setor de tecnologia, que entraram em território de baixa (bear market), mas as petrolíferas também foram pressionadas pelo tombo do petróleo, cujo barril do tipo WTI caiu quase 7%. As varejistas também contribuíram para a queda generalizada do mercado, em meio à previsão decepcionante de vendas da Target e Macy’s.

Também tiveram quedas expressivas os recibos de empresas brasileiras (ADRs), como Petrobras e Vale, e o EWZ, índice que representa os papéis de maior peso no Ibovespa. Nesta manhã, porém, os ativos financeiros respiram aliviados.

Os índices futuros das bolsas norte-americanas exibem ganhos, assim como o petróleo, o que favoreceu uma sessão mista na Ásia, onde Xangai e Hong Kong tiveram leves altas, mas Tóquio cedeu marginalmente. Na Europa, o sinal positivo vindo de Nova York nesta manhã tenta embalar a abertura do pregão. Já o petróleo se recompõe, depois de cair abaixo de US$ 54 por barril, após a Rússia afirmar que os cortes na produção não devem avançar este ano.

Nos demais mercados, o juro projetado pelos títulos norte-americanos têm pouca oscilação, com o papel de dois anos (T-bill) com leve alta, sugerindo nenhuma mudança radical na perspectiva sobre a subida dos juros nos EUA. As preocupações também se espalham para o mercado de dívidas corporativas, que foi um dos grandes beneficiários da injeção de liquidez nos últimos anos, e que agora mostra os efeitos negativos do processo de aperto do Fed.

Aparentemente, a menor liquidez global agora, com o fim da era de estímulos monetários pelos principais bancos centrais, combinada com as perspectivas de desaceleração econômica e redução de lucros e margens das empresas voltam a ser levados em conta. Assim, apenas uma sinalização clara do dados econômicos sobre o crescimento global e do Fed quanto ao fim do ciclo de aumento dos juros é capaz estabilizar os ativos de risco como um todo.

Como pano de fundo desse processo está o embate entre EUA e China. As duas maiores economias do mundo entraram em confronto durante a cúpula de países da Ásia e do Pacífico (Apec), às vésperas do encontro entre os líderes Donald Trump e Xi Jiping durante a reunião do G-20, na Argentina. Com isso, a perspectiva de reduzir as tensões comerciais entre Washington e Pequim parece desanimadora.

De um lado, Trump quer que Pequim pare de apoiar as empresas chinesas ao mesmo tempo em que constrói barreiras à entrada das gigantes norte-americanas. Já o governo chinês quer preservar um modelo econômico centrado no Estado, ampliando essa estratégia ao domínio tecnológico. Mas o conflito não é apenas comercial ou de política industrial.

A disputa ganha contornos existenciais para os dois lados. Enquanto os EUA veem cada vez mais a China como um concorrente, uma ameaça à soberania global, Pequim se irrita com a sensação de que os EUA estão tentando impedir que a China assuma um lugar como potência global, principalmente nos fronts comercial e tecnológico.

No Brasil, o presidente eleito Jair Bolsonaro delineou uma política externa assertiva e amigável a Trump, distanciando-se da China. Na área econômica, Paulo Guedes escalou um time “de primeira”, repleto de Chicago boys, que deve conduzir uma agenda liberal, favorável ao livre comércio e com perfil monetarista, definindo a pauta e a personalidade da economia brasileira a partir do ano que vem.

Tanto que Guedes confirmou ontem a criação de uma secretaria de privatizações, a ser comandada pelo superministério da Economia para acelerar o processo de venda de empresas estatais. O problema é que pouco se tem ouvido em relação à agenda de reformas. Afinal, até agora não se sabe, por exemplo, qual é a proposta para mudar as regras para a aposentadoria - medida tida como prioritária entre economistas, empresários e as agências de risco.

Da mesma forma, a filosofia liberal da Escola de Chicago pouco converge com a prioridade fiscal do país - e as “jabuticabas” brasileiras. Ao contrário. A estratégia de Milton Friedman, líder da escola de economia em Chicago, em relação ao enxugamento do Estado se dá via a redução da carga tributária. Só que menos arrecadação diante de um número elevado de despesas obrigatórias tende a elevar o rombo das contas públicas - ao invés de reduzí-lo.

A teoria do Nobel de Economia pode até funcionar para economias como a dos EUA, que podem elevar o teto a dívida a bel-prazer, adotando incentivos fiscais às empresas e aos mais ricos. No Brasil, porém, o governo Temer aprovou em 2016 uma medida que fixa um limite para os gastos públicos, confrontando a doutrina dos economistas que chegam ao novo governo com o “social” tão desigual no país.

Isso significa assumir o ônus político das privatizações e das reformas, entre outros tantos desafios. Com isso, apesar dos sinais positivos ao mercado financeiro com a nomeação de um dream time para comandar a economia, ainda não há fluxos relevantes de recursos para o Brasil nem para os países emergentes. Afinal, seja quem estiver à frente da equipe econômica, os ativos brasileiros estão invariavelmente expostos ao humor global.

A agenda econômica desta quarta-feira está esvaziada no Brasil, trazendo apenas os dados parciais deste mês sobre o fluxo cambial (12h30). Nos EUA, o feriado amanhã antecipa para hoje uma série de divulgações. Às 11h30, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos na semana passada e também os pedidos de bens duráveis em outubro.

Às 13h, é a vez dos indicadores antecedentes da economia norte-americana e das vendas de imóveis residenciais usados no país, ambos no mês passado. Ainda no mesmo horário, tem a versão revisada do índice de confiança do consumidor norte-americano em novembro. Depois, serão conhecidos os estoques semanais de petróleo bruto e derivados no país (13h30).

Últimos comentários

Pq ta republicando isso hj...ahh????
Sim, siga-nos. Eu também leio todas as suas publicações. Eu acho que hoje baseado nos mercados e no teu texto, teremos um dia fraco. certo?
Bom dia, Olívia. Não começo o dia na bolsa ser ler suas matérias. De forma mais direta, qual a sua perspectiva para a Bovespa hoje?
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