As ações das maiores empresas de entretenimento por streaming do mundo, Netflix (NASDAQ:NFLX) (SA:NFLX34) e Walt Disney Company (NYSE:DIS) (SA:DISB34), parecem trilhar caminhos divergentes neste ano.
Pressionada por uma profunda correção nas ações voltadas ao crescimento em 2022 e por um balanço decepcionante, a Netflix, sediada em Los Gatos, Califórnia, já perdeu mais de um terço do seu valor até agora no ano. Seus papéis fecharam a segunda-feira a US$378,51.
Enquanto isso, a Disney, sediada em Burbank, Califórnia, desvalorizou-se cerca de 10,4% no mesmo período. Suas ações fecharam a segunda-feira a US$138,72.
Em seu último balanço, a Casa do Mickey Mouse deu sinais claros de que o pior da pandemia da Covid já ficou para trás. Sua impressionante recuperação ocorreu com sólidos dados de seus parques e resorts, cuja receita bateu recorde, graças ao maciço influxo de visitantes nos EUA, Europa e Ásia. Esse vigor provavelmente persistirá durante o resto do ano, já que muitas jurisdições estão removendo as restrições de público, sem falar na enorme demanda reprimida por entretenimento a céu aberto no ambiente pós-pandemia.
Mas a maior surpresa da Disney neste ano veio do seu serviço de streaming, o Disney+, que ainda está atraindo milhões de novos assinantes, no momento em que a demanda pelo serviço se torna mais branda com as pessoas saindo de casa.
No trimestre encerrado em 1 de janeiro, a Disney reportou 11,8 milhões de novos assinantes do Disney+, atingindo 129,8 milhões de usuários pagantes no total, uma alta em relação aos 118,1 milhões do trimestre anterior. Netflix, por outro lado, disse aos investidores, em janeiro, que adicionaria apenas 2,5 milhões de novos clientes neste trimestre.
Mais valor na ação da Disney
Essas robustas adições fizeram com que o foco da Disney se voltasse à criação de novos conteúdos para suas franquias de maior sucesso, como Guerra nas Estrelas e Marvel, além de combinar as assinaturas do Disney+ com seus serviços Hulu e ESPN+, segundo o CEO Bob Chapek.
Em vista dessas iniciativas, os analistas veem mais valor nas ações da Disney do que nos papéis da Netflix. Negociada a um múltiplo P/L prospectivo de 32, praticamente o mesmo da Netflix, a Disney está agora no grupo das ações de alto crescimento. Essa talvez seja a razão pela qual analistas fornecem à Disney uma classificação melhor do que a da Netflix.
Em uma pesquisa do Investing.com com 30 analistas, a Disney era considerada como “acima da média” por 22 deles.
Fonte: Investing.com
No caso da Netflix, dos 43 analistas pesquisados pelo Investing.com, a opinião era mais dividida, com cerca da metade não recomendando compra na ação.
Fonte: Investing.com
De acordo com a CNBC, o Wells Fargo (NYSE:WFC) reiterou, na semana passada sua classificação de acima da média para a Disney, fornecendo um preço-alvo de US$196. O banco ressaltou o potencial de alta de 10% a 11% nos parques domésticos em 2023. O Wells Fargo acredita que isso possa se traduzir em um aumento de quase 5% no LPA da empresa.
A divergência entre Disney e Netflix, de acordo com a Bloomberg, ilustra o problema para as ações de tecnologia de forma geral: analistas esperam que os resultados da “Big Techs” desacelerem fortemente.
Mas a Netflix costuma se recuperar com força dessas quedas, graças ao seu conteúdo e tecnologia superiores. Com base nesse sólido histórico, Bill Ackman, da Pershing Square, comprou mais de 3,1 milhões de ações da Netflix no fim de janeiro, tornando-se um dos 20 maiores acionistas da empresa.
Em nota emitida na semana passada, o J.P. Morgan reiterou que a Netflix era a melhor ideia, citando a “mudança secular, o forte conteúdo, a distância em relação ao impulso da pandemia e a melhora material nos fluxos de caixa livre” como fatores que favoreciam o papel.
Conclusão
Tanto a Disney quanto a Netflix são empresas de destaque no setor de mídia para carteiras de longo prazo. No entanto, a Disney está mais bem posicionada para entregar crescimento neste ano, à medida que seus negócios tradicionais se reabrem e começam a dar resultado.
Por outro lado, a Netflix está na frente quando o assunto é conteúdo e tecnologia. Em vez de privilegiar uma das duas, os investidores, deveriam, em nossa visão, dividir igualmente suas posições para capturar o potencial de alta dessas ações de qualidade.