Fala, Investidor, tudo bem?
Como todos bem sabem, há muitos anos a volatilidade cambial tem assombrado grande parte dos países do mundo, com um peso maior para os países emergentes, incluindo o Brasil. Com a recente queda do dólar, que atingiu a mínima do ano em 15 de maio de 2023, cotado a R$4,89, surgem questionamentos sobre qual caminho a cotação da moeda seguirá, e quais são os fatores ou “gatilhos” que podem influenciar sua trajetória.
Uma ferramenta muito interessante, que merece destaque é o Índice Big Mac, criado pela revista The Economist em 1986. O primeiro fato que temos todos que concordar é que o Índice Big Mac é um nome muito apelativo, afinal quem não conhece e já comeu o famoso lanche Big Mac?
É importante realçar a importância educacional e informacional que o Índice Big Mac tem. Ele pode fornecer insights sobre a comparação do real brasileiro (e de outras moedas) contra o dólar, levando em consideração a cesta “Big Mac” como referência representativa. Além disso, discutiremos outros modelos de precificação do dólar, como o modelo baseado em commodities e o modelo relativo ao índice de commodities.
O Índice Big Mac, originalmente desenvolvido como uma ferramenta lúdica, tem se estabelecido como um padrão globalmente reconhecido para avaliar o poder de compra das moedas. Com base na teoria da paridade do poder de compra (PPP), o índice busca comparar os preços do Big Mac, um produto disponível em quase todos os países, e inferir o equilíbrio cambial entre as nações.
O Índice consiste em analisar e observar os preços do Big Mac no Brasil em comparação com o valor nos Estados Unidos. E assim estimar um preço que, supostamente (e apenas supostamente), há uma probabilidade de convergência no futuro, com o ajuste da taxa de câmbio para equalizar os preços dessa cesta de itens “idênticos”.
Ao realizar esta análise notamos que há uma diferença significativa.
Enquanto nos EUA o Big Mac é vendido por US$5,36, no Brasil o valor chega a R$22,90, e através do cálculo implícito da taxa de câmbio, chegamos ao valor de R$4,27 para um dólar. Este valor quando comparado ao valor do fechamento do dia 15.05.23, a R$4,89, concluímos que nossa moeda está subvalorizada em relação ao dólar em cerca de 12,7%.
Essa subvalorização sugere que o real pode estar abaixo de seu valor de equilíbrio em relação ao dólar, mas é importante ressaltar que o Índice Big Mac não é uma medida precisa de desalinhamento cambial, mas sim uma ferramenta para tornar a teoria das taxas de câmbio mais compreensível. No entanto, nos últimos anos, a utilidade do Índice Big Mac foi difundida no cenário macroeconômico, sendo utilizado em diversos livros didáticos de economia e sendo tema de várias pesquisas acadêmicas.
Quando o assunto é taxa de câmbio, outros fatores devem ser levados em consideração para calcular o seu valor justo, como a projeção de inflação das moedas comparadas, fator que desempenha um papel importantíssimo para o câmbio. No caso do Brasil, a taxa de câmbio é também muito influenciada por outros fatores econômicos, como a política monetária adotada pelo Banco Central e as condições macroeconômicas internas, tal como equilíbrio das contas públicas.
A projeção de inflação é relevante, pois um aumento esperado na inflação de um país em relação a outro pode levar a uma desvalorização da moeda mais inflacionada em relação a outra. Porém, isso só afetaria o preço do Big Mac e a paridade do poder de compra entre as duas moedas com certo “delay”.
De forma conclusiva, é fundamental considerar não apenas a projeção de inflação, mas também outras variáveis econômicas para compreender plenamente as tendências cambiais e as possíveis trajetórias futuras do câmbio, tal como reconhecer que, o Big Mac é apenas uma cesta de itens e não reflete todas as variações de preços em uma economia. No entanto, sua utilização como referência oferece uma perspectiva interessante sobre as tendências de desvalorização cambial.
Existem também outros modelos de precificação do dólar que merecem atenção. O modelo baseado em commodities, por exemplo, considera os preços de produtos como petróleo, ouro e alimentos para estimar a taxa de câmbio. Abordagens e modelos adicionais complementam o Índice Big Mac ao fornecer diferentes perspectivas sobre estas tendências cambiais.
À medida que o dólar atinge a marca de R$4,89, há muita especulação sobre até onde este movimento de queda pode chegar, para isto é importante acompanhar de perto os desenvolvimentos econômicos e as políticas adotadas pelos países, principalmente para nosso equilíbrio fiscal que está desancorando as expectativas de inflação. Porém, em um mercado onde informação é tudo, a análise e compreensão do Índice Big Mac e de outros modelos de precificação do dólar podem fornecer insights valiosos para estudantes, investidores, empresas e formuladores de políticas públicas, permitindo uma melhor compreensão das dinâmicas cambiais e suas implicações para a economia global.
Obrigado pela leitura e bons negócios.