Dólar e real no segundo semestre de 2025: Bancos projetam a R$7,10

Publicado 14.07.2025, 09:05
Atualizado 14.07.2025, 09:06

No café da manhã, quando olhamos para a conta do conserto do carro ou passamos no mercado, mal imaginamos que tudo isso está amarrado à dança do dólar. Em 2025, com o dólar oscilando entre R$ 5,30 e R$ 5,50, o bolso do consumidor sente, e muito.

Acompanho de perto essas flutuações e sei que elas impactam diretamente o nosso dia a dia, do preço do pãozinho ao planejamento financeiro das empresas. Além disso, vou compartilhar como os investidores estrangeiros estão enxergando o Brasil nesse contexto. Vamos lá?

O que está acontecendo com o dólar?

Nos primeiros meses de 2025, o real deu um show de valorização, com o dólar caindo de R$ 6,18 no final de 2024 para cerca de R$ 5,43 em junho. Isso foi impulsionado pela força da nossa safra agrícola e por um momento de fraqueza global do dólar. Mas, olhando para o segundo semestre, as projeções apontam para um cenário mais desafiador. Analistas do mercado, como os do Boletim Focus, Santander (BVMF:SANB11) e Itaú (BVMF:ITUB4), estimam que o dólar deve se estabilizar entre R$ 5,70 e R$ 6,00 até o fim do ano. Em cenários mais pessimistas, como os traçados pelo BTG Pactual (BVMF:BPAC11), ele pode até alcançar R$ 7,10 se as incertezas fiscais no Brasil se intensificarem.

Por que essa virada? Aqui vão os principais fatores:

  • Risco fiscal no Brasil: A preocupação com o déficit público e a falta de medidas robustas para equilibrar as contas estão minando a confiança no real.

  • Políticas globais: As medidas protecionistas de Donald Trump, como tarifas de importação, podem fortalecer o dólar e pressionar moedas de países emergentes, como o nosso.

  • Commodities: Uma possível desaceleração na China pode derrubar os preços de soja, minério de ferro e outras commodities que o Brasil exporta, reduzindo a entrada de dólares no país.

Como isso impacta o bolso do consumidor?

Você já deve ter sentido no bolso o efeito de um dólar alto. Quando ele sobe, tudo que é importado – ou depende de insumos importados – fica mais caro. Vamos aos exemplos práticos:

  • Supermercado: Produtos como trigo (pão, massas), eletrônicos e até combustíveis (que têm preços atrelados ao mercado internacional) sobem. Se o dólar atingir R$ 6,00, o impacto no custo de vida pode ser significativo, especialmente para quem já está apertado com a inflação, projetada em 5,44% para 2025.

  • Viagens internacionais: Planejar aquela sonhada viagem para o exterior fica mais salgado. Passagens aéreas, hospedagem e até o café na esquina em Nova York ou Paris vão pesar mais.

  • Tecnologia e bens duráveis: Celulares, notebooks e eletrodomésticos, que muitas vezes têm componentes importados, também ficam mais caros, o que pode adiar planos de compra.

  • Investimentos: Para quem investe, um dólar mais alto pode ser uma oportunidade (como investir em ativos dolarizados), mas também aumenta o custo de produtos e serviços, impactando o orçamento doméstico.

Por outro lado, se o dólar se mantiver estável ou cair um pouco (como alguns projetam, para R$ 5,30 em cenários otimistas), o alívio pode vir, mas não espere milagres. A inflação persistente e os juros altos (a Selic deve chegar a 14,75% ou 15%) continuam pressionando o custo de vida.

A visão do investidor estrangeiro: otimismo cauteloso

Para quem está de olho no Brasil de fora, o cenário é de cautela, mas com espaço para oportunidades. O investidor estrangeiro avalia o Brasil por dois ângulos principais:

O lado positivo:

Juros altos: A Selic elevada atrai capital estrangeiro para investimentos em renda fixa, como títulos públicos. Isso pode trazer dólares para o país e ajudar a segurar o câmbio.

Setores estratégicos: O agronegócio e a mineração continuam sendo apostas seguras, mesmo com preços de commodities sob pressão. Empresas brasileiras listadas na B3 (BVMF:B3SA3), especialmente as exportadoras, ainda chamam atenção.

Reformas estruturais: Se o governo avançar com medidas fiscais críveis, como controle de gastos ou reformas tributárias, o Brasil pode recuperar confiança e atrair mais investimentos.

Os desafios:

Risco fiscal: A desconfiança com a trajetória da dívida pública é o maior obstáculo. Investidores estão de olho no déficit primário e na capacidade do governo de entregar superávits. Sem isso, o real pode continuar pressionado.

Cenário global: As políticas de Trump e a desaceleração chinesa criam um ambiente de incerteza. O investidor tende a preferir ativos mais seguros, como os de mercados desenvolvidos, em vez de emergentes como o Brasil.

Volatilidade: A percepção de risco político e a proximidade das eleições municipais em 2026 podem aumentar a volatilidade, afastando investidores mais conservadores.

Para o consumidor, a dica é planejar. Se o dólar subir, priorize gastos essenciais e avalie adiar compras de produtos importados. Para quem investe, diversificar entre ativos locais e dolarizados pode ser uma estratégia para proteger o patrimônio. E, para o Brasil como um todo, o recado é claro: sem disciplina fiscal, a confiança do investidor (e o bolso do brasileiro) vai continuar sofrendo.

E você, como está sentindo esses impactos? Já notou os preços subindo no mercado ou está planejando alguma estratégia para lidar com a volatilidade do câmbio? Conta aqui nos comentários, vamos trocar ideias!

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