Dólar e Soja, Análise Técnica e Correlação de Preços desde 2011

Publicado 26.11.2018, 08:56
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O Brasil é o segundo maior produtor e exportador de soja no mundo. Atrás dos Estados Unidos.

No ano de 2018 o Brasil reforçou sua importância em um ano turbulento. Primeiro devido a crise climática na América do Sul, sobretudo Argentina, na safra de soja e milho 2017/2019. (O impacto deste fenômeno, no Brasil foi mais intenso na produção de milho, ocasionando quebra de safra e alta dos preços). Segundo, devido a guerra comercial entre Estados Unidos e China.

Basicamente, os Estados Unidos, sob o comando de Donald Trump, impuseram aumentos tarifários aos produtos comercializados com a China. E a mesma, reduziu as compras de produtos norte-americanos. O comércio da soja, uma das principais pautas de comercio entre os dois países, foi bastante afetado.

Com o impasse entre o maior produtor, e o maior importador mundial do grão, restou a China se abastecer em outros mercados. Com a crise climática na Argentina, restou ao Brasil o papel de protagonista. O mesmo pode ser observado pelos valores dos prêmios pagos nos portos.

Abaixo o indicador de preços do prêmio da soja no Porto de Paranaguá. O primeiro movimento de alta de preços, ocorrido entre Março e Abril de 2018 está ligado às notícias de seca na Argentina, e em junho, às notícias de guerra tarifária entre China e EUA.


Prêmio da soja no Porto de Paranaguá
Prêmio soja no Porto de Paranaguá - Extraído do Boletim Imea

O artigo tem o objetivo de discutir o comportamento de preços da soja, desde 2011. Para tanto, se faz necessário analisar, conjuntamente, os preços de soja, e dólar, seguindo o modelo de precificação da commodity no Brasil.

Foram observados as variações dos preços, em percentual. Tem comportamento similar aos preços, com a vantagem da possibilidade de análise de mais de um ativo. Foram aplicadas as mesmas análises gráficas.

Segue gráfico para discussão:


Dólar futuro

De 2011 até o presente, em 2018, a soja apresentou queda nos preços, na cotação na bolsa de Chicago, em dólares. Desvalorização de 27%, indicado pela linha azul. Após recuperação de preços no ano de 2012, os preços entraram em uma tendência de queda, traçado pela linha pontilhada, demarcando os picos de preços, o que representou uma resistência para altas posteriores da cotação. Os movimentos de altas mais expressivos, em 2014, 2016 e 2018 respeitaram essa resistência, como limites para altas.

Um suporte de preços, também, foi formado, e esta representado pela linha pontilhada, interligando os pontos das mínimas de preços, em 2016 e em 2018. Não houveram preços inferiores a essa faixa de preços.

Os produtores de soja brasileiros, por negociarem seus grãos em reais, tem o benefício do câmbio. Como mostra o gráfico, o valor da cotação real versus dólar, indicado em linha laranja, o dólar tem correlação negativa com a soja. Quando um sobe, o outro desce. Para este mesmo período, o dólar teve uma valorização de 123%.

O movimento de alta está ancorado em uma linha de tendência de alta, representado pela linha pontilhada em laranja, interligando os pontos de mínimas de preços. O movimento de sobe e desce é ascendente, e as quedas repeitavam o suporte da LTA.

De 2014 a 2016 a alta do dólar foi mais expressiva, e em 2016 até início de 2018 os preços ficaram estabilizados, oscilando dentro de um range, um intervalo de preços. Em 2018, com as notícias de eleições gerais no Brasil, e aumento na taxas de juros nos EUA (também notícias de crise na Argentina e Turquia), o dólar teve novo fôlego para altas. Próximo a eleição, com o cenário mais definido, houve recuo da cotação. E mais recentemente, um novo movimento de alta.

Graficamente, pode-se formar uma figura figura importante para análise gráfica, o Ombro Cabeça Ombro, desenhado no gráfico, pela qual, se houver um movimento baixa, a ponto de romper "ombro" da figura, o dólar pode recuar com mais intensidade, até a resistência anterior ou o suporte da LTA, e retorna ao range anterior, a R$ 3.40 / R$ 3.50. Se romper. No entanto, não formando a figura, a tendência de queda, pode ser descartada.

Sobre este contexto, de quedas de preços da soja no mercado internacional, negociados na bolsa de Chicago, guerra tarifária e aumentos de prêmio de exportação no Brasil, faz-se necessário observar os dados de exportação da soja brasileira.

Seguem dados de exportações anuais de soja pelo Brasil, dados da SECEX, secretaria do comércio exterior


Exportação da soja


As exportações em 2018 estão muito acima dos anos anteriores. Somando as exportações até Outubro já se tem volume superior aos dos anos anteriores, e a média dos cinco anos anteriores, com 74 milhões de toneladas de soja. O aumento médio das exportações, comparado a média dos cinco anos anteriores está em 47%. Destaque para o mês de Outubro, com mais de 5 milhões de toneladas, quando em anos anteriores este número não ultrapassava 2.5 milhões de toneladas.

De Abril até Julho as exportações se mantiveram acima de 10 milhões de toneladas. Fato inédito. O somatório desses meses se equipara ao volume total anual dos anos anteriores e a média dos cinco anos anteriores.


Sobre o futuro, ficam as expectativas em relação a continuidade da guerra tarifária. Em saber até quando as duas principais potências teriam forças para duelar. Havendo um acordo, ou ao menos, um alívio na pauta tarifária desses países, o mercado de soja pode se alterar, com a China voltando as compras no mercado norte americano (a safra está colhida e os estoques estão altos). Os preços cotados na bolsa de Chicago, nesse cenário, recuperaria parte das perdas recentes. Os prêmios, no Brasil, cairiam, tal qual o ritmo das exportações.

O dólar, com a questão política encaminhada, no Brasil, enquanto não houver uma crise internacional, envolvendo os Estados Unidos, ou a Europa, pode cair. A figura do Ombro Cabeça Ombro serve como uma referência para se projetar esses preços. Importante acompanhar dados da bolsa de valores nos EUA e preços de petróleo, um movimento de queda destes, é um prenúncio de uma recessão. Ver também o ritmo da alta dos juros pelo FED e dados de inflação nos EUA, se o rtimo de alta dos juros se reduzir ou parar, reduz a pressão sob o dólar, no Brasil e outros países. A Itália é o país mais problemático, na União Europeia, notícias de uma crise podem abalar os mercados.

No Brasil, são várias as pautas pra ficar de olho. Reformas, da previdência, tributária, bem como privatizações, e alterações de marcos regulatórios para exploração de petróleo e minérios.

Notícias boas, como se espera, reforçam o viés de queda do dólar (não havendo crise internacional).

Um abraço, Maurillo.

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