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O dólar começou a ensaiar uma recuperação na última quinta-feira (3), após dados mais fortes que o esperado sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos. A criação de 147 mil vagas em junho, aliada à queda inesperada da taxa de desemprego para 4,1%, ajudou a aliviar temores sobre uma possível desaceleração acentuada da maior economia do mundo. Com isso, o índice DXY — que mede a força do dólar frente a uma cesta de moedas fortes — voltou a subir para acima de 97,3 pontos, revertendo parte das perdas recentes. No entanto, o movimento de alta parece mais uma correção técnica diante de números positivos pontuais do que uma reversão de tendência. O dólar segue, estruturalmente, enfraquecido.
Desde o início de 2025, a moeda americana acumula uma desvalorização superior a 10% frente às principais divisas globais, marcando o pior primeiro semestre desde o colapso do padrão ouro em 1973. Essa fraqueza vai além da normal volatilidade cambial e está ancorada em desequilíbrios estruturais que se intensificaram sob a gestão atual em Washington. A combinação de política fiscal expansionista, instabilidade institucional, uso recorrente de tarifas como instrumento de política externa e pressões sobre o Federal Reserve têm corroído a percepção do dólar como porto seguro e reserva de valor global.
O avanço da proposta legislativa conhecida como “big beautiful bill”, que prevê ampliação dos cortes de impostos e aumento de gastos públicos, apenas reforça essa fragilidade. À espera da sanção presidencial após ser aprovado pelo Congresso, o pacote deve expandir o déficit em mais de US$3 trilhões, elevando preocupações sobre a sustentabilidade da dívida americana no longo prazo. Esse cenário tem provocado uma realocação global de portfólios, com investidores buscando ativos menos expostos ao risco fiscal dos EUA.
Nesse cenário, o real brasileiro se consolida como uma das moedas de melhor desempenho global em 2025. Nesta quinta-feira, o dólar chegou a tocar R$ 5,40, o menor nível intradiário desde agosto de 2024, mesmo com o fortalecimento pontual da moeda americana frente a outras divisas após os dados robustos do mercado de trabalho nos EUA. A valorização acumulada do real já supera 12% no ano, sustentada principalmente pelo elevado diferencial de juros. Com a taxa Selic mantida em 15%, o Brasil oferece um dos retornos reais mais atrativos do mundo, trazendo fluxo de capitais em busca de rendimento.
Além disso, a condução da política monetária pelo Banco Central do Brasil tem sido interpretada como técnica e independente, mesmo diante de ruídos fiscais e disputas políticas internas. A sinalização de que os juros devem permanecer elevados por um período “muito prolongado” reforça o compromisso com a meta de inflação, cuja dinâmica, embora ainda influenciada por fatores inerciais, está em trajetória de convergência. Paralelamente, os fundamentos macroeconômicos vêm surpreendendo positivamente, com desempenho robusto da atividade e uma inflação mais controlada do que o previsto, aumentando a confiança dos agentes no ambiente doméstico.
Ainda que a recuperação parcial do dólar após os dados do Payroll tenha levado os rendimentos dos Treasuries de 10 anos a 4,34% e reduzido as chances de um corte de juros já em julho, o contexto mais amplo continua a indicar enfraquecimento da divisa americana. As apostas de um corte em setembro caíram de 100% para cerca de 80%, com os mercados ajustando expectativas diante da postura cautelosa do presidente do Fed, Jerome Powell, que adota uma abordagem de “esperar para ver”.
Portanto, a recente alta do dólar deve ser vista como uma pausa técnica dentro de uma tendência mais ampla de desvalorização. O real segue firme, sustentado por fundamentos internos robustos e pelo novo equilíbrio global, no qual o dólar — pela primeira vez em décadas — começa a perder espaço como ativo hegemônico incontestável.
Tecnicamente, o par USD/BRL segue em tendência de baixa bem definida, respeitando a linha de tendência descendente iniciada nos picos de março. Na quinta-feira (03), o preço tocou a região de R$5,40, que coincide com o nível de extensão de 0% de Fibonacci da perna corretiva recente e com uma importante zona de suporte horizontal (R$5,3940), testada diversas vezes no passado. O Índice de Força Relativa (RSI) caiu para perto de 30 recentemente, indicando possível condição de sobrevenda, se o gráfico mostrar sinais de divergência altista, poderia sugerir possível exaustão da pressão vendedora. Caso haja uma correção de curto prazo, os próximos níveis de resistência se concentram em R$ 5,56 (23,6% de Fibonacci) e R$ 5,66 (38,2%), enquanto a perda consistente de R$ 5,39 abriria espaço para um teste da região de R$ 5,12.