Bom dia, leitores das análises diárias do mercado de câmbio. O título da análise não poderia ser melhor, afinal, o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou uma nova tarifa de 50% sobre as importações chinesas se o gigante asiático não reverter até hoje o aumento de 34% nas tarifas retaliatórias sobre produtos americanos importados.
A guerra comercial entre esses dois países parece ter escalado de nível. Vamos acompanhar. Com isso, mas não só por isso, o dólar à vista fechou o dia de ontem cotado a R$ 5,9107 para venda, conforme informado pelos operadores da mesa de câmbio da corretora Getmoney.
Muitos de vocês devem estar se perguntando o que o presidente norte-americano pretende com isso. Na minha visão, a intenção dele é reduzir a dívida fiscal dos EUA e cortar impostos internamente, aumentar o emprego nas indústrias com a possibilidade de fábricas instaladas em outros países se mudarem para os EUA. Serão estas tarifas que vão financiar o gigantesco corte de impostos previsto para vigorar em alguns meses por lá.
Por enquanto houve um aumento na expectativa de inflação de curto prazo, que será monitorada de perto pelo Fed. Não há ainda uma estimativa do quanto as empresas repassarão aos consumidores o aumento de custos.
Pelo mundo, o movimento que observamos foi de busca por ativos seguros, numa tentativa de proteção com a possível desaceleração da atividade econômica global. O mercado está muito sensível a qualquer declaração. Vimos o dólar chegar na mínima do dia (R$ 5,8163) após uma suposta fala vinda da Casa Branca sobre um possível adiamento na implementação das tarifas comerciais, com exceção da China, por 90 dias. Quando a informação foi negada, o dólar subiu com tudo e bateu R$ 5,9333. Volatilidade garantida.
Amanhã é dia de divulgação das atas da última reunião de política monetária do Fed, que podem trazer alguma surpresa ao mercado, afinal, quando os juros foram definidos lá as tarifas recíprocas ainda não tinham sido implementadas. Por aqui a Selic está em 14,25% ao ao e foi indicado um ajuste de menor magnitude para maio. Porém, o ambiente segue incerto. A desancoragem das expectativas de mercado para inflação pode exigir uma restrição monetária mais longa e maior, conforme dito ontem pelo diretor de política econômica do BC, Diogo Guillen.
No calendário econômico para hoje vamos acompanhar na zona do euro, antes do mercado abrir, discurso de Luís de Guindos, do BCE. No Brasil sairá a relação Dívida Líquida/PIB e o Superávit Orçamentário de fevereiro (8:30 hrs). Nos EUA falará Mary Daly, membro do Fomc (15:00 hrs).
Bons negócios a todos, muito lucro e muita calma nesta hora.