Comissão mista aprova MP da taxação de investimentos; texto segue para plenário da Câmara
O dólar tem surpreendido o mercado em 2025 com uma trajetória de queda frente ao real, acumulando desvalorização superior a 13% no ano. A cotação atual gira em torno de R$ 5,33, em 06 de outubro de 2025, com projeções que variam entre R$ 5,00 e R$ 6,30 até o fim do ano, dependendo do cenário considerado. No entanto, como sempre, é preciso cautela: expectativas são construções baseadas em modelos e percepções, não garantias. E o câmbio é, talvez, o exemplo mais claro de como previsões podem ser frágeis diante da complexidade dos mercados.
A valorização do real observada nos últimos meses não é necessariamente reflexo de uma melhora estrutural da economia brasileira. O movimento tem sido impulsionado por fatores externos, como o enfraquecimento global do dólar diante dos cortes de juros nos Estados Unidos, o fluxo de capital estrangeiro em busca de retornos mais altos em mercados emergentes e as expectativas fiscais e políticas que afetam diretamente a percepção de risco do Brasil. Esses elementos tornam o câmbio um indicador altamente sensível e volátil e, portanto, difícil de prever com precisão. A dinâmica cambial é multifatorial e responde não apenas a fundamentos econômicos, mas também a eventos inesperados, como tensões geopolíticas, mudanças na política monetária internacional e até mesmo crises climáticas que afetam cadeias produtivas globais.
Desta forma, em tempos de incerteza, cambial ou não, proteger o patrimônio é essencial. Investidores atentos têm recorrido a estratégias como os fundos cambiais, que oferecem exposição ao dólar sem necessidade de operar diretamente no exterior, funcionando como uma espécie de seguro contra crises. Alternativamente, outros buscam os contratos de hedge cambial, como as travas ou os NDFs, que permitem fixar a taxa de câmbio futura e são amplamente utilizados por empresas e investidores com exposição internacional. A diversificação de moedas também tem ganhado espaço, com alocação de parte da carteira em ativos atrelados a outras moedas fortes, como o euro ou o franco suíço. Além disso, a renda fixa, especialmente em cenários de Selic elevada, tem se mostrado uma alternativa conservadora e eficiente para proteger o capital com liquidez e segurança.
Mas a volatilidade do dólar também abre espaço para ganhos, especialmente para investidores mais experientes e com perfil arrojado. Os contratos futuros e as opções de câmbio permitem especular sobre a direção da moeda americana, com potencial de ganhos rápidos, embora exijam bastante conhecimento técnico e controle de risco. Também podem ser trabalhados os BDRs e ETFs internacionais, que expõem o investidor a empresas com receita em dólar, aproveitando a valorização da moeda estrangeira. Já as ações de exportadoras brasileiras, que faturam em dólar, tendem a se beneficiar diretamente da alta da moeda. E, por fim, os ativos que pagam dividendos dolarizados ajudam a proteger o poder de compra e gerar renda passiva, funcionando como uma ponte entre proteção e rentabilidade.
Essas opções são interessantes para encontrar uma fonte de oportunidade de investimentos. Em um ambiente onde o dólar oscila com frequência, o investidor que consegue entender os mecanismos de proteção e alavancagem pode transformar a volatilidade em vantagem competitiva. Mais do que reagir às mudanças cambiais, é possível se antecipar a elas com uma estratégia bem desenhada, que considere o perfil de risco, os objetivos financeiros e o horizonte de investimento.
É importante destacar que, mesmo diante de projeções que apontam para uma continuidade da desvalorização do dólar, o investidor deve manter uma postura crítica. O mercado cambial é influenciado por expectativas que, muitas vezes, se retroalimentam. Um relatório otimista pode atrair fluxo de capital, que por sua vez fortalece o real, reforçando a expectativa inicial. No entanto, basta uma mudança de sinal, como uma revisão de juros nos EUA ou uma deterioração fiscal interna, para que esse ciclo se inverta. Por isso, confiar exclusivamente em cenários projetados pode ser arriscado.
O câmbio é um dos termômetros mais voláteis da economia. O investidor deve sempre considerar que cenários mudam, e mudam rápido. A melhor abordagem é estruturar uma carteira que combine proteção e oportunidade, com alocação estratégica em ativos que se beneficiem da volatilidade, sem depender exclusivamente de previsões. Afinal, investir bem é, acima de tudo, saber navegar entre expectativas e realidade.
O momento atual exige do investidor não apenas atenção às tendências, mas também capacidade de adaptação. O dólar pode cair mais, estabilizar ou voltar a subir, e cada uma dessas possibilidades exige uma resposta diferente. O segredo está em construir uma estratégia que não dependa de certezas, mas que esteja preparada para lidar com a incerteza. E, nesse sentido, o câmbio deixa de ser apenas um risco e passa a ser também uma oportunidade.