Perto de R$ 3,30
Sempre parece óbvio, depois que aconteceu...
Com o país em ebulição, era de se imaginar (e alertamos bem antes) que ninguém apostaria contra o dólar na véspera das manifestações.
O que acho do dólar perto de R$ 3,30? Acabou a brincadeira?
Longe disso.
Para o dólar ir além
Estamos lidando com o ajuste à deterioração das condições internas, atrasado (e potencializado) pelo período de . do dólar, com as intervenções do Bacen no câmbio.
Já esperamos pelo iminente aumento da taxa de juros dos EUA, mas ele sequer começou. O grande impacto está por vir, quando efetivamente começar a atração de capital em busca de juros maiores nos EUA.
Ademais, há outros fatores estruturais em questão. Como alertou o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore, em evento na FGV:
“O que aconteceu até agora é pequeno perto do que aconteceu em ciclos de valorização anteriores”. “Você tem que olhar o crescimento relativo dos EUA versus o resto mundo — é isso que vai determinar a desvalorização aqui.”
O fato de EUA crescerem mais do que as demais economias maduras, como Japão e Europa, é um atrativo de capitais para lá. Com juros em alta, um tanto mais.
Pouca gente está olhando (e você deve olhar)
A principal questão não é se o dólar vai a R$ 3,40, R$ 3,80, R$ 4,00 ou R$ 5,00...
Independentemente disso, ter uma reserva em dólares faz sentido na atual conjuntura.
Se a coisa realmente for para o buraco, você terá uma reserva de valor no ativo de lastro e liquidez global.
Primeiro esteja resguardado. Depois, se der para fazer uns trocados, tanto melhor. Mas esteja a salvo com doletas.
Corrigindo uma excrescência
Fontes do governo informaram à Bloomberg que o Conselho Monetário Nacional (CMN) já colocou na pauta da reunião de 26 de março o aumento da TJLP e a a redução do programa de sustentação do investimento.
Para quem não conhece, a TJLP, juros de longo prazo, é referência utilizada pelo BNDES para empréstimos a empresas
Em dezembro, essa taxa subiu de 5,0% para 5,5%, agora deve ir mais.
A TJLP é mais uma excrescência jaboticaba...
Temos uma TJLP abaixo da inflação, oferecendo condições subsidiadas para alguns setores beneficiados. Quem paga a conta? Todos os outros setores não subsidiados!
Compare isso com o juro médio para o consumidor... atualmente na casa de 35% ao ano.
Quando você cria um privilegiado, automaticamente cria outro “desprivilegiado”. Alguém vai sempre ter de pagar a conta.
O aumento da TJLP é sensato, mas cobrará o seu custo.
Enquanto isso, já tem gente apostando em queda de 3% do PIB neste ano.
Ou um, ou outro
Recentemente falamos sobre a relação entre os ratings de Petrobras e o rating soberano brasileiro...
Não que o mero rebaixamento da Petro, no caso, exija o ajuste na classificação de risco do País, como ocorreria se fosse o inverso. Mas Petrobras pode, sim, forçar o rating brasileiro, arrastando a classificação de todas as outras empresas para baixo, por seu tamanho (risco de contágio) e pela possibilidade do Tesouro Nacional vir a resgatar a empresa, o que atrapalharia o ajuste fiscal.
Dito?
Como visto, não vai dar para salvar todo mundo.