- O dólar está sob ataque, entre a pressão de Trump sobre o Fed e os déficits trilionários.
- Com o DXY testando um suporte crucial, todas as atenções se voltam agora para os dados de emprego e os próximos sinais de Powell.
- Até lá, os mercados seguem presos entre o ruído político e a incerteza em torno da política monetária.
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A confiança no dólar americano permanece baixa nos mercados globais. O índice do dólar (DXY), operando próximo dos 97 pontos, está muito próximo das mínimas dos últimos três anos. As incertezas políticas internas e os sinais de possível intervenção na política monetária têm desempenhado um papel central nesse enfraquecimento.
Em especial, a pressão crescente do presidente Donald Trump sobre o Federal Reserve, somada à sua declaração pública de que deseja substituir Jerome Powell por um dirigente mais inclinado à flexibilização, aumentou as preocupações do mercado quanto à independência da autoridade monetária.
Pressão política reacende debate sobre a autonomia do Fed
As declarações de Trump à Fox News sobre os juros, afirmando que a taxa básica deveria ser reduzida para um intervalo entre 1% e 2%, e seu desejo explícito de substituir Powell, intensificaram as especulações em torno de uma “política monetária politicamente orientada”. Relatos recentes indicam que o anúncio de um novo presidente para o Fed pode estar próximo, elevando o receio de que Trump acelere essa mudança. Isso reacendeu o debate sobre a autonomia do banco central e vem sendo apontado como um dos vetores da desvalorização estrutural do dólar no médio prazo.
Esse pano de fundo político também influencia as expectativas do mercado para os próximos passos do Fed. Em depoimento ao Congresso, o presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizou que um corte de juros poderá ocorrer caso a inflação não acelere de forma relevante ao longo do verão, o que foi interpretado como um sinal claro de viés expansionista. Segundo projeções de mercado, a probabilidade de um corte de 25 pontos-base em setembro subiu para 91,5%. Embora alguns analistas alertem que o mercado pode estar exagerando no preço desse cenário, a pressão sobre o dólar permanece evidente.
Pacote fiscal bilionário de Trump também pressiona o dólar
Outro fator relevante que limita a força da moeda americana é o receio em relação à política fiscal do governo Trump. De acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), o pacote aprovado recentemente no Senado, que combina cortes de impostos e aumento de gastos da ordem de US$ 4,2 trilhões, deve ampliar o déficit orçamentário em US$ 3,3 trilhões entre 2025 e 2034. Esse cenário fragiliza a trajetória fiscal dos EUA e ameaça o papel do dólar como principal moeda de reserva no longo prazo.
A retórica agressiva de Trump em relação ao Irã e a retomada das tensões comerciais com o Canadá, motivadas pelo imposto sobre serviços digitais, também reduzem o apetite global por risco, o que afeta a demanda pela moeda americana. Embora o governo canadense tenha recuado da medida e retomado as negociações com os EUA e a China, o mercado segue atento à possibilidade de novas tarifas a partir de 9 de julho, o que reacende a volatilidade.
No campo macroeconômico, o núcleo do índice PCE de maio surpreendeu ao registrar alta de 2,7% em 12 meses, acima das expectativas. O dado provocou avanço nos juros dos Treasuries, mas ainda assim indicou que as expectativas de inflação seguem ancoradas. A leitura da Universidade de Michigan para as expectativas inflacionárias reforça esse diagnóstico.
O principal dado desta semana, contudo, será o payroll. Caso se confirme uma desaceleração do mercado de trabalho, o Fed poderá acelerar o ciclo de afrouxamento monetário. Caso contrário, o otimismo em torno de cortes pode ser revisado, adicionando volatilidade aos próximos pregões.
Análise técnica: suporte do DXY sob pressão
O índice do dólar rompeu recentemente o suporte técnico da extensão de Fibonacci 1,272, situado em torno de 97,65, e atingiu a mínima de 97 pontos, indicando ingresso na zona de expansão técnica. O próximo suporte relevante aparece em 96,25, dentro de um canal de baixa. Caso o nível de 97 não se sustente durante a volatilidade da semana, o índice pode recuar para a faixa dos 96. Por outro lado, se os 97 pontos se mantiverem, o nível de 97,65 se torna a primeira resistência imediata.
Um rompimento acima dessa faixa pode abrir espaço para avanço até 98 pontos, o que caracterizaria a saída do canal descendente. Uma consolidação acima de 98 ao longo da semana reforçaria uma visão neutra entre 98 e 100. Por ora, contudo, os sinais apontam para continuidade da fraqueza da moeda americana.
A combinação de críticas diretas ao Fed, política fiscal expansionista e incertezas comerciais persistentes continua a pressionar o dólar tanto do ponto de vista estrutural quanto no curto prazo. As expectativas de corte de juros até setembro seguem elevadas e sustentam a tendência de enfraquecimento do DXY.
Nos próximos dias, os principais vetores de influência sobre o índice do dólar serão os dados de emprego, os indicadores de inflação e as declarações de Trump após o prazo de 9 de julho. Em síntese, embora o dólar siga pressionado no curto prazo, a trajetória de médio prazo dependerá da condução da política monetária e do cenário macroeconômico.
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