O dólar fechou a semana passada cotado a R$ 5,2219 para venda. Após várias altas consecutivas, a moeda norte americana se desvalorizou por aqui devido a ajustes de posições no mercado futuro, entrada de fluxo estrangeiro e internalização de recursos por parte de exportadores que aproveitaram a valorização da moeda americana nos últimos dias.
A percepção do mercado (para curto prazo) ainda é de temor de desancoragem das expectativas de inflação. O conflito do governo com o BC com a sequência de ataques abertos do presidente Lula e da ala política do Palácio do Planalto à gestão da política monetária fizeram o dólar saltar de R$ 4,95 para R$ 5,35 em uma semana. A intervenção direta do governo na política monetária tende a provocar mais inflação e afugentar o investidor estrangeiro. A Falta de um arcabouço fiscal efetivo aumenta a percepção de risco para o investidor estrangeiro. Creio que quando a política fiscal estiver definida as coisas vão se acalmar no câmbio. Mercado não gosta de incertezas.
Atenção hoje para a divulgação do Boletim Focus, que pode trazer nova rodada de piora das expectativas de inflação. Mercado pode adotar uma postura defensiva na abertura da semana em compasso de espera pela participação hoje à noite, do presidente do BC no programa Roda Viva, da TV Cultura. É bom acompanhar o que ele diz e se fala sobre os rumores da semana passada sobre a possibilidade da mudança de meta de inflação. Isso sim seria deixar a política intervir na economia.
Apesar de tudo isso, para o médio prazo, num cenário de manutenção dos juros mais altos (não acho que vai ter como baixar isso no curto prazo), o real deve se valorizar. O estrangeiro deve voltar ao Brasil, não buscando investimentos de longo prazo em crescimento, mas sim aproveitar os juros mais elevados do que no mundo desenvolvido (o famoso carry trade). Fora isso, somos grandes exportadores de commodities, que estão valorizadas nesse momento, e com os nossos pares emergentes “fora do jogo”, como é o caso de Rússia em guerra, por exemplo, nossa moeda tende a se beneficiar.
Well, cenário seria bom para o real, não fosse a política dando “pitaco” na economia e a falta de definições fiscais.
No calendário de hoje teremos aqui no Brasil o boletim Focus semanal e o fluxo cambial estrangeiro. Na Europa, tem o encontro do Eurogrupo; e nos EUA, expectativa de inflação ao consumidor e o discurso de Bowman, membro do Fomc. Bons negócios, turma!