Mexe a cadeira
Está difícil de saber quem é mais volátil: a Bolsa chinesa ou o setor educacional brasileiro?
O índice Shanghai Comp derreteu -7,38% nesta sexta-feira, embora ainda acumule ganhos de +34% no ano. Volatilidade nem sempre é um termômetro de risco, mas neste caso sim.
São comuns as ocasiões em que a Bolsa chinesa registra queda de -4% no intraday, para depois fechar em forte rali positivo.
São comuns, mas não são nada normais.
Alguma coisa está bastante errada quando o comum deixa de ser normal. A volatilidade ímpar na China decorre de uma multidão de investidores operando alavancados, sem saber o que estão fazendo.
Muitos desses investidores chineses (cerca de 6% da base de novas pessoas físicas) são classificados formalmente como iletrados.
Outros 25% não possuem sequer ensino médio, quanto menos universitário.
Bota na beira da sala
Se o Shanghai caiu -7,38%, as ações da Kroton e Estácio não deixam por menos, liderando a ponta negativa do Ibovespa.
Reportagem do Estadão avisa que a abertura de vagas do FIES em 2016 não será muito diferente da modesta estatística de 2015: entre 300K e 350K.
O mercado exagera ao punir KROT e ESTC hoje, olhando muito para a quantidade das novas vagas e pouco para a qualidade dos alunos entrantes, que tende a ser várias vezes melhor.
Além disso, toma-se a parte maior do que o todo. O FIES é um pedaço de Kroton e Estácio. O outro pedaço, ex-FIES, também vale muito.
Mexe o teto
E não é que o Conselho Monetário Nacional reduziu o teto da meta de inflação?
Dos 6,5% completamente desrespeitados em 2015 para 6,0% em um longínquo 2017.
Eu queria mesmo dizer que essa mudança é para inglês ver, mas não posso.
Pois o economista Alan Blinder, formado na London School of Economics, dificilmente concordaria com a decisão do CMN.
Blinder é autor de um estudo obrigatório a todos os banqueiros centrais: "Central Bank Credibility: Why Do We Care? How Do We Build It?”.
A principal conclusão: a eficiência de um BC depende enormemente de seu track record e minimamente de suas promessas.
Na conclusão acima, você pode inclusive trocar “BC” por qualquer outra palavra. Faça o teste.
Agora bem na minha cara
Sim, nós levamos track record muito a sério.
Isso permite traçar metas críveis para o futuro.
Na próxima semana - segunda e terça - publicaremos dois vídeos inéditos, para você ficar cara a cara com Felipe Miranda.
Felipe vai contar o que pensa sobre o segundo semestre e - ainda mais importante que isso - onde está colocando seus próprios investimentos pessoais.
Para reservar acesso gratuito aos vídeos, clique aqui.
Sabe tudo e nada fala
No fim das contas, o CMN está certo.
Já que 2015 é um ano natimorto, vamos falar de 2017.
O que você acha que vai acontecer primeiro até lá?
Cinco alternativas:
1) Meta de superávit primário será rebaixada.
2) A TIM será vendida.
3) Grécia entrará na Zona do Yuan.
4) Tombini passará o bastão.
5) Você terá análises financeiras garantidas para o resto da vida.