“O Brasil não é para amadores!”. Mais uma vez a frase atribuída ao mestre da Bossa Nova, Tom Jobim, fez muito sentido. Durante a semana, declarações do agora eleito Lula causaram um estresse bastante forte no mercado brasileiro. Vimos o Ibovespa cair de 114 mil pontos para 108 mil. O dólar, que há poucas semanas estava estacionado na casa de R$5,05, disparou e tocou os R$5,40.
Ainda que nesta sexta, puxada pela China, a bolsa tenha se acalmado - diminuindo os prejuízos -, quem conhece o país sabe que ainda teremos turbulências pela frente. E vou além, cientes de que crises políticas e financeiras não são lá uma raridade em terras brasileiras, nós, investidores, deveríamos sempre ter uma parcela relevante de nossos investimentos no exterior.
Alguns levantamentos mostram que, de um modo geral, não é o que acontece. O percentual da carteira do brasileiro alocado fora em muitos casos não chega a 5% quando, na visão de diversos gestores, deveria representar cerca de 30% do montante total.
Em outras palavras, o que eu quero dizer é que muitas pessoas mandaram mensagens preocupadas com o cenário no Brasil e com dúvidas sobre como investir em outros países quando na verdade isso deveria ter acontecido antes.
Como eu disse no início desta coluna, há algumas semanas o dólar se encontrava na casa dos R$5,05. Após as declarações de Lula, a moeda disparou e tocou os R$5,40. Racionalmente pensando, talvez não faça muito sentido transferir os recursos neste momento depois da disparada do câmbio, mas a questão é que sim, faz.
Eu sempre falo sobre a importância da diversificação e fato é que o processo de internacionalização dos investimentos deveria ocorrer de forma sistemática, a cada novo aporte.
Em outras palavras, ter uma parcela da carteira no exterior já deveria fazer parte do universo do investidor, inclusive, com alocações entre diferentes classes descorrelacionadas.
Desta vez foram falas de Lula que prejudicaram o mercado, mas, há dois ou três anos, o atual presidente Jair Bolsonaro também deu declarações que mexeram com os ativos e causaram prejuízos. Daí a importância de não investir em somente um setor ou modalidade.
Até aqui, acredito que tenha ficado claro que não se trata da defesa de candidato A ou B. A questão que compartilho é muito mais pragmática e tem como objetivo ajudar você, leitor e investidor, a se proteger de cenários incertos.
Por isso, vale destacar algumas das estratégias que podem ser utilizadas para o investimento lá fora.
Para quem tem pouco dinheiro, já existem ferramentas no mercado que permitem a alocação no exterior sem a necessidade de uma quantia maior de capital. Contudo, ao fazer a aplicação por conta própria - inclusive abertura de conta -, o investidor precisará se informar sobre questões tributárias e de regulação, isto sem falar na seleção de ativos.
Hoje, especialmente com o aumento das taxas de juros pelo mundo, existem muitas oportunidades entre diferentes classes de economias desenvolvidas. Fazer a curadoria das melhores opções não é lá tarefa das mais simples.
Por outro lado, pessoas com patrimônios mais elevados podem contar com a ajuda de gestoras e assessorias especializadas no assunto.
Neste ponto, vale reforçar que a ideia é ter uma conta fora do país. Existem outras maneiras de diversificação no exterior que podem ser acessadas via fundos cambiais e multimercados, por exemplo.
Contudo, acredito que o mais adequado neste momento seja ter, de fato, um “pé” lá fora. Se você ainda não começou este processo, ainda há tempo. Bons negócios!