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A economia norte-americana não está em recessão, e não deve entrar nesse cenário no curto prazo, mas a crescente pressão provocada pelas políticas da Casa Branca colocará à prova a capacidade de resistência dos Estados Unidos nos próximos meses.
Desde a posse do presidente Trump, em janeiro, uma série crescente de mudanças tem desafiado o status quo. Entre os principais vetores de incerteza está a escalada tarifária, que já se estende a outras áreas com influência direta sobre a atividade econômica. Desde o anúncio de um pacote amplo de tarifas elevadas, em 2 de abril, os detalhes têm sido vagos e voláteis, com regras que mudam frequentemente, muitas vezes ao sabor das decisões do presidente. O acordo comercial entre Estados Unidos e Japão, por exemplo, segue indefinido, sem clareza sobre seus termos. Ao mesmo tempo, a ausência de uma direção clara para as negociações com a China continua sendo um dos principais focos de incerteza macroeconômica.
Algumas projeções sugerem que o aumento das tarifas poderia reduzir o déficit fiscal americano em até US$ 4 trilhões ao longo da próxima década. Mas esse ganho fiscal não é gratuito: tarifas mais altas tendem a pressionar a inflação e desacelerar o crescimento.
O governo Trump também demonstra interesse em ampliar o controle da Casa Branca sobre outras esferas da economia. Na sexta-feira, o secretário de Comércio, Howard Lutnick, afirmou que o governo adquiriu uma participação de 10% na fabricante de chips Intel, com o objetivo de influenciar decisões estratégicas da companhia. O assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, acrescentou: “Tenho certeza de que veremos mais operações como essa, se não nesse setor, em outros.”
Enquanto isso, Trump anunciou ontem a demissão da diretora do Federal Reserve, Lisa Cook, sob a acusação de ter prestado declarações falsas em solicitações de financiamento imobiliário. Cook reagiu dizendo: “Não renunciarei.” A disputa deve seguir para a Justiça Federal, podendo inclusive chegar à Suprema Corte.
A tentativa de destituir uma autoridade do Fed gerou forte repercussão entre especialistas.
“É algo sem precedentes”, afirmou Lev Menand, professor da Faculdade de Direito da Universidade Columbia. “Se essa demissão for mantida... estaremos muito próximos do fim da independência do banco central nos Estados Unidos.”
A condução não convencional da política econômica por Trump pode estar apenas começando. Concordando ou não com suas decisões, é evidente que sua agenda desafia os fundamentos da economia com medidas pouco usuais na era moderna. O desfecho, por ora, é incerto.
Esses desafios surgem em um momento de maior fragilidade econômica, com sinais de desaceleração do crescimento e aceleração da inflação. O índice de atividade nacional do Fed de Chicago, referente a julho, apontou fraqueza econômica pelo quarto mês consecutivo. O dado mensal ficou abaixo da tendência histórica, com três dos quatro grandes componentes apresentando contribuições negativas.
Segundo Andy Challenger, vice-presidente sênior da consultoria de recolocação Challenger, Gray & Christmas, há uma desaceleração visível no mercado de trabalho dos EUA.
“O arrefecimento do mercado de trabalho é real. Temos mantido diversas conversas individuais com empresas que já nos anteciparam planos de cortes futuros.”
Ao mesmo tempo, os preços seguem em aceleração. O núcleo do CPI, que exclui os componentes voláteis de alimentos e energia e é considerado um termômetro mais confiável da tendência inflacionária, alcançou ritmo anual de 3,1%, o maior desde fevereiro e mais de um ponto percentual acima da meta de 2% definida pelo Fed.
Apesar disso, alguns indicadores ainda apontam para um ritmo de crescimento sólido, como o índice semanal de atividade econômica do Fed de Dallas, com dados atualizados até 9 de agosto.
Mas, à medida que persistem as incertezas em torno das tarifas, das tentativas de pressionar o Fed e de outras mudanças na política econômica, aumentam os riscos de turbulência nos mercados. Em muitos aspectos, a economia americana avança por terreno desconhecido.
O caminho à frente se assemelha a um grande experimento, um teste à resiliência do crescimento e à tolerância dos mercados financeiros. Até agora, os solavancos foram contidos. Mas o verdadeiro teste ainda está por vir.
Segundo alguns analistas, o ponto de inflexão já pode ter sido atingido. Para o Barclays, a economia americana entrou em um “estado de estagnação”. Os analistas argumentam que “o ritmo subjacente de crescimento dos EUA desacelerou a um nível que a torna vulnerável à recessão.”
Essa é uma projeção que ainda não encontra respaldo amplo nos dados divulgados até o momento. Mas as próximas semanas serão decisivas para testar essa resiliência. Diversos indicadores devem ser monitorados em tempo real para captar a direção da tendência macroeconômica.
Além do índice semanal do Fed de Dallas, o modelo GDPNow do Fed de Atlanta oferece estimativas atualizadas de crescimento. Ambos ainda apontam para expansão da atividade. Mas, com pressões se acumulando em várias frentes, é provável que sinais antecipados de deterioração apareçam primeiro nesses indicadores.
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