O que seria a eficiência de mercado? O mercado é eficiente?
Em um momento como o atual, com a forte volatilidade das bolsas, acho importante falar sobre isso e refletir um pouco sobre essas questões.
Em um mercado eficiente o preço de mercado fornece a melhor estimativa de valor para a empresa, sendo o objetivo então justificar tal preço de mercado.
Em um mercado ineficiente o preço de mercado pode se desviar do valor real, o considerado “justo”, e então cabe uma análise do valor real, identificando assim empresas que estejam super e subvalorizadas.
Existem alguns conceitos para definir um mercado eficiente, são eles:
- Desvios em relação ao preço real podem ser observados, contudo estes desvios não podem ser tendenciosos, devem ser aleatórios.
- Os desvios sendo aleatórios, indica que uma ação pode estar super ou subavaliada com a mesma probabilidade, sendo que estes desvios não apresentam correlação com nenhuma variável observável.
- Sendo assim, nenhum investidor conseguiria encontrar ações sub ou supervalorizadas, já que os desvios são aleatórios.
A partir destas definições é certo que muitos vão dizer que o mercado de ações não é eficiente.
Existem algumas proposições sobre a eficiência de mercado:
- Quando há maior facilidade de negociação dos ativos, a chance de ineficiência é diminuida.
Um exemplo:
Comparando o mercado de ações com o mercado imobiliário, é lógico dizer que há uma probabilide muito maior de encontrar uma ineficiência no mercado imobiliário do que no mercado de ações. As ações possuem liquidez, é muito mais facil entrar nesse mercado do que no mercado imobiliário quando se trata do investimento inicial necessário. As ações são precificadas a cada segundo, um imóvel não.
As chances de que um imóvel seja mal precificado segundo essas proposições é muito maior do que das ações.
Focando no mercado de ações, há uma série de estudos visando analisar a eficiência do mercado.
Posso citar alguns desses estudos feitos:
- Foi analisado o preço de ações após divulgação de recomendações de compra ou venda por parte de analistas. O resultado deste estudo mostra que na verdade há uma relação negativa entre os retornos obtidos pelas ações e o número de analistas que seguem a ação.
Esse fenômeno é conhecido como “negligência”. Ou seja, algumas ações que são “esquecidas” pelos analistas podem estar com um preço de mercado abaixo do valor “justo”, o contrário também pode acontecer, o que importa é que essas ações em geral tendem a estar mais fora do preço real do que as demais ações.
- Estudos mostraram que empresas com índice P/L menores obtêm retornos médios maiores do que empresas com índices P/L mais elevados. É claro que existem desvios no curto prazo, mas no médio e longo prazo os estudos mostraram que existe essa correlação negativa entre P/L e retorno da ação.
- O efeito do tamanho da empresa: Dividindo as empresas por porte, o estudo mostrou que em média as empresas de porte menor obtêm maiores retornos, levando em conta que os riscos são equivalentes.
O beta, medida de risco específico da empresa, pode ser subestimado no caso de pequenas empresas, já que não há tantas informações disponíveis sobre elas no mercado, e em geral são menos “analisadas” por analistas e investidores, logo há um prêmio em se investir nessas ações que por vezes não está embutido no beta da empresa.
Esses são apenas alguns estudos feitos, existem muitos outros.
É preciso sempre ter cuidado e não considerar apenas esses resultados na hora de investir, pois todos os resultados são estudos com médias, com grupos de empresas, portanto é possível que algumas empresas de determinado grupo não tenham apresentado o resultado esperado individualmente.
O ideal é sempre tentar reunir o maior número de informações que for possível, o que fará com que sua margem de segurança ao investir fique ainda maior.