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Embarques do Agronegócio Aumentam 44%

Publicado 02.06.2016, 16:16
Atualizado 14.05.2017, 07:45

O faturamento em dólar das exportações do agronegócio brasileiro cresceu aproximadamente 10% no primeiro quadrimestre de 2016 frente ao mesmo período de 2015. A receita do setor esteve na casa dos US$ 28 bilhões nesse período e representou mais de 50% das exportações totais do País. Em Real, o faturamento aumentou 28%.

O volume exportado se elevou em quase 44% no primeiro quadrimestre também em relação ao mesmo período do ano passado, puxado pelo forte crescimento dos embarques da soja em grão, que cresceram 59% e representaram perto de 80% do valor das exportações do setor nesse início de ano. Com exceção das frutas, do café e do óleo de soja, todos os outros produtos acompanhados tiveram aumento de volume exportado.

Já os preços em dólar continuaram em queda para todos os produtos considerados pelos Cepea no cálculo dos Índices de Exportação do Agronegócio. O câmbio real do setor, por sua vez, teve desvalorização de aproximadamente 6% na média do quadrimestre, mas isso não foi suficiente para manter a atratividade (preços em reais) das exportações brasileiras, que diminuiu quase 10% no comparativo dos quadrimestres.

Considerando-se os últimos 17 anos (de 2000 a 2016), os preços em dólares (IPE-Agro/Cepea) dos produtos exportados pelo agronegócio brasileiro ainda apresentam alta de quase 44%. Apesar do aumento nesse período mais longo, os preços externos estão em queda desde 2011.

O volume exportado (medido pelo IVE-Agro/Cepea), por sua vez, apresentou crescimento de mais de 300%, atingindo patamar recorde. A taxa de câmbio efetiva real do agronegócio (IC-Agro/Cepea) ainda apresenta forte valorização, mesmo considerando-se o período de desvalorização mais recente da moeda nacional: o Real aumentou 42% frente ao dólar na comparação da média do primeiro quadrimestre de 2016 com a do ano 2000.

No entanto, os preços internalizados (em reais), que representam a atratividade das exportações nacionais (IAT-Agro/Cepea), se reduziram em aproximadamente 18%, comparando-se a média do primeiro quadrimestre de 2016 com a de 2000. Essa queda da atratividade foi mais acentuada no início de 2016 devido à valorização do Real neste período combinada com a continuada queda dos preços em dólar (Figura 1).

Índice de Preços de Exportação do Agronegócio

Desempenho das vendas externas do agronegócio entre 2015 e 2016

O volume exportado pelo agronegócio brasileiro (IVE-Agro/Cepea) tem oscilado, mas iniciou 2016 com alta expressiva. O desempenho de abril de 2016, comparativamente ao mesmo mês em 2015, mostra que houve forte recuperação de mais de 42%, o que se deve em grande parte ao aumento dos embarques da soja em grãos e das carnes. Em relação aos preços médios em dólares dos produtos exportados pelo agronegócio brasileiro (IPE-Agro/Cepea), após um período de queda no ano passado, observa-se alguma recuperação a partir de janeiro de 2016; no entanto, as médias mensais de 2016 se mantêm abaixo das de 2015. Na comparação dos valores de abril, há queda de 11,14% e, no comparativo quadrimestral, de 14,66% (Figura 2).

Já o Índice da Taxa de Câmbio Efetiva Real do Agronegócio (IC-Agro/Cepea), de janeiro de 2015 a abril de 2016, oscilou bastante e passou a apresentar tendência de queda a partir de setembro de 2015. Na comparação entre os primeiros quadrimestres de 2016 e de 2015, os valores médios calculados apresentaram desvalorização do Real de aproximadamente 6,3%; já no comparativo mensal (abr/16 frente a abr/15), há valorização real da moeda nacional de aproximadamente 3% (Figura 2).

Devido a esse comportamento do câmbio e dos preços em dólares, os preços em reais (IAT-Agro/Cepea), que seguem tendência combinada de ambos, caíram aproximadamente 13% em abril de 2016 frente abril de 2015 e, na comparação quadrimestral, a queda foi de aproximadamente 10%. Pesou sobre a atratividade das exportações agro no início de 2016 a queda continuada dos preços em dólar (Figura 2).

Índice de Preços de Exportação do Agronegócio em dólar

No agregado de maio de 2015 a abril de 2016 comparativamente aos 12 meses anteriores, o volume exportado pelo agronegócio brasileiro (IVE-Agro/Cepea) apresentou crescimento de 30,59%. Os preços médios em dólares recebidos pelos exportadores do agronegócio se retraíram em 18,55% (IPE-Agro/Cepea). Nesse período, a taxa de câmbio efetiva real do agronegócio (IC-Agro/Cepea) apresentou variação positiva de 22%, o que demonstra a desvalorização da moeda nacional. Essa queda do Real praticamente compensou a diminuição dos preços externos e, como consequência, a atratividade (IAT-Agro/Cepea) se manteve perto da estabilidade, com variação negativa de 0,64% (Figura 3) nessa análise de 12 meses contra os 12 meses anteriores.

Variação percentual do: Índice de Preços de Exportação

Resumo das Exportações do Agronegócio

Resumo das Exportações

Exportações setoriais

No primeiro quadrimestre de 2016, quando comparado ao mesmo período de 2015, o milho foi o produto que teve o maior aumento de volume embarcado, de 138%. Outros que também tiveram aumento das vendas externas foram: Etanol (97,64%), Carne Suína (69,80%), Soja em Grão (59,51%), Algodão em Pluma (41,86%), Suco de Laranja (36,15%), Açúcar (20,37%), Soja de Farelo (20,04%), Carne Bovina (18,87%), Madeira (17,61%), Carnes Aves (15,48%) e Celulose (6,33%). O volume exportado de frutas se manteve praticamente estável, com decréscimo de aproximadamente 1%. Já o café e o óleo de soja apresentaram quedas, respectivamente, de 6,33% e de 16,38% (Figura 4).

Variação do Volume das Exportações

O crescimento das exportações de milho no início deste ano superou as expectativas dos agentes do setor. Os principais destinos, no primeiro quadrimestre de 2016, foram Japão (15,92%), Irã (13,87%) e Vietnã (12,85%). Nesse período, as vendas externas de etanol também surpreenderam e tiveram como destino relevante, além dos Estados Unidos (44,56%), principal parceiro comercial do setor, a Coreia do Sul (32,17%). Sem surpresa, os principais demandantes da carne suína brasileira foram a Rússia (34%) e Hong Kong (26,54%). Para a soja em grão, 78,94% das exportações brasileiras foram destinadas à China, e os principais destinos do algodão brasileiro foram a Turquia (16,33%), Coreia do Sul (15,64%), Indonésia (13,92%), Paquistão (11,49%) e Vietnã (10,37%), o que reitera a importância dos países asiáticos como parceiros do agronegócio brasileiro.

Em termos de preço (em dólar), houve queda para todos os produtos considerados no primeiro quadrimestre deste ano em relação ao primeiro quadrimestre de 2015. As retrações mais acentuadas se deram para as Carnes de Suínos (28,68%), Farelo de Soja (21,37%), Café (19,68%), Suco de Laranja (18,33%), Carnes de Aves (15,06%), Açúcar (14,72%), Etanol (12,11%), Milho (11,92%), Madeira (11,32%) e Soja em Grão (10,50%). Outros que também tiveram redução dos preços em dólar nesse período foram: Carne Bovina (9,27%), Celulose (9,06%), Óleo de soja (8,59%), Algodão em Pluma (5,02%) e Frutas (3,12%) (Figura 5).

Variação do Preço em dólar das Exportações

A grande redução dos preços médios em dólares da exportação de produtos do agronegócio nacional nesse primeiro quadrimestre de 2016 não foi compensada pela desvalorização do Real, que foi em torno de 6% na média desse quadrimestre. Com isso, apenas os preços internalizados em reais (IAT-Agro/Cepea) das frutas (2,98%) e do algodão (0,95%) tiveram melhora da atratividade positiva nesse início de ano (Figura 6).

Destinos das exportações do Agronegócio Brasileiro

Os principais destinos das exportações do agronegócio brasileiro no primeiro quadrimestre de 2016 foram a China (26,26%), os países que compõem a Zona do Euro (16,66%) e os Estados Unidos (6,38%). Outros que também se destacaram foram: Japão (3,48%), Coreia do Sul (2,7%), Hong Kong (2,55%), Arábia Saudita (2,45%), Irã (2,26%), Rússia (2,09%) e Vietnã (1,91%) – Tabela 2. Na Zona do Euro, os principais países de destino foram Países Baixos (Holanda) (30,94%), Alemanha (15,77%), Itália (15,58%) e Bélgica (13,21%).

Principais destinos das exportações

A China mantém a liderança na parceria internacional do setor agroexportador brasileiro, adquirindo principalmente produtos do grupo de cereais/leguminosas/oleaginosas, que representaram 76,39% do total demandado por esse país nesse setor, seguidos pelo grupo de produtos florestais (9,9%) e bovídeos (6,04%). Outros países asiáticos que são importantes parceiros do agronegócio brasileiro também tiveram produtos do grupo de cereais/leguminosas/oleaginosas como destaque na demanda, como foi o caso do Japão, Coreia do Sul e Vietnã.

As vendas externas para o Japão foram compostas de cereais/leguminosas/oleaginosas (39,93%), suínos e aves (24,82%) e café e estimulantes (16,6%). Para a Coreia do Sul, os principais produtos exportados foram provenientes dos grupos cereais/leguminosas/oleaginosas (53,78%), cana e sacarídeas (14,68%) e têxteis (8,86). Hong Kong demandou principalmente carnes, sendo a maior parte dos grupos “bovídeos” (58,87%) e “suínos e aves” (27,87%). Os principais produtos exportados para o Vietnã foram dos grupos cereais/leguminosas/oleaginosas (65,91%), bovídeos (12,72%) e têxteis (9,01%).

Para a Arábia Saudita, as vendas se concentraram em suínos e aves (50,53%), cereais/leguminosas/oleaginosas (23,10%) e cana e sacarídeas (17,87%). As exportações para o Irã foram compostas de cereais/leguminosas/oleaginosas (78,5%) e bovídeos (16,75%). Para a Rússia, os destaques foram suínos e aves (26,74%), cereais/leguminosas/oleaginosas (22,72%), bovídeos (18,47%) e cana e sacarídeas (15,03%).

Os países da Zona do Euro também concentraram suas compras em produtos do grupo cereais/leguminosas/oleaginosas (29,26%), havendo também importante participação de produtos florestais (19,24%), café e estimulantes (15,24%), frutas (13,47%) e bovídeos (7,87%). Já para os Estados Unidos, o grupo de produtos florestais foi responsável por 35% dos embarques, seguido por café e estimulantes (16,92%), bovídeos (10,92%), cana e sacarídeas (10,36%) e frutas (9,53%).

Conclusões

As exportações brasileiras do Agronegócio voltam a bater recorde em 2016. Os preços em dólar se mantêm em queda, tendência que teve início em 2011, mas a desvalorização do Real contribuiu para melhorar a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional e elevou significativamente as vendas externas do setor. No primeiro quadrimestre de 2016, só não cresceram (volume) as exportações de café, óleo de soja e frutas, num contexto em que todos os produtos, sem exceção, apresentaram redução de preços em dólar.

A atratividade (preços em Real) das exportações do agronegócio no começo deste ano apresentou queda de quase 10%. Apesar da desvalorização da moeda nacional de 6%, a retração média de 14% dos preços em dólar se sobrepôs. Mesmo assim, com o grande impulso vindo do volume embarcado, tanto o faturamento em dólar quanto em moeda nacional cresceu nesse primeiro quadrimestre de 2016: 10% e 28% aproximadamente, frente ao mesmo período de 2015.

As vendas externas do agronegócio devem se manter aquecidas ao longo de 2016, uma vez que muitos contratos de venda já devem ter sido fechados. Contudo, ambiente econômico interno mais previsível nos próximos meses aliado à retomada da confiança devem evitar que o câmbio tenha grandes desvalorizações, como observadas em 2015, o que abre espaço para um Real mais valorizado, conforme se constatou em abril, e que reduz a atratividade das vendas externas.

No contexto estão ainda os problemas climáticos que ocorreram nos países sul-americanos nesse primeiro quadrimestre de 2016 e já impactaram parte da produção agropecuária esperada para este ano. Desse modo, a pressão baixista sobre os preços deve arrefecer, pelo menos no curto prazo, mas a incerteza sobre a oferta de outros importantes exportadores mundiais ainda deve gerar volatilidade aos mercados.

Por: Geraldo Sant´Ana de Camargo Barros, PhD, Professor Titular e Coordenador Cepea/Esalq-USP; Andréia Cristina de Oliveira Adami, Dra., Pesquisadora do Cepea/Esalq-USP; Luana Fricks, Estagiária Graduanda do Curso de Ciências Econômicas

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