Embora a tão esperada legalização da cannabis nos EUA ainda não tenha um cronograma definido, essa falta de clareza não está impedindo que os cultivadores de marijuana continuem realizando movimentos estratégicos para tirar máximo proveito do mercado, quando isso acontecer.
O mais recente evento ocorreu na semana passada, quando a canadense Hexo (NYSE:HEXO) (TSX:HEXO) anunciou que estava investindo em uma empresa californiana. Mas essa manobra para permitir que uma empresa canadense se beneficie do maior mercado de cannabis do mundo, assim que a legislação federal abrir caminho para a regulação, tem seu preço.
As ações da Hexo caíram cerca de 27% na última sexta-feira nas bolsas de Nova York e Toronto, por causa de notícias de que a companhia havia levantado US$140 milhões através de uma oferta pública de ações. O capital está sendo destinado aos empreendimentos da Hexo nos EUA, bem como à aquisição da Redecan Pharm, empresa de cannabis canadense.
A ação recuperou parte das perdas ontem, fechando em Nova York a US$2,55, alta de quase 10% no dia, ao passo que, na TSX, Hexo fechou a C$3,24, uma alta de cerca de 9,5% no dia.
De acordo com as regras atuais, as empresas de marijuana do Canadá estão proibidas de operar nos EUA, na medida em que a maconha ainda é ilegal em âmbito federal, apesar de ser legal em um número cada vez maior de estados.
O CEO da Hexo, Sebastien St-Louis, não detalhou em qual empresa californiana a Hexo teria participação. Mas o plano que sua empresa tem é específico.
Em uma entrevista, St-Louis declarou:
“Este é o momento de entrarmos no mercado e levarmos a tecnologia que desenvolvemos no Canadá para o resto do mundo. E não existe melhor lugar para começar do que a Califórnia”.
A tecnologia a que ele se refere é a fabricação de produtos de cannabis prontos para uso.
O plano da Hexo é posicionar sua entrada nos EUA com foco em uma empresa que atue em apenas em um estado é diferente de outras companhias canadenses que estão firmando parcerias ou acordos de opção para adquirir participação societária em operadores americanos ativos em diversos estados.
Tilray firma acordo com MedMen
Continuando no tópico de estratégias para ter acesso ao mercado americano, a Tilray (NASDAQ:TLRY) (TSX:TLRY) revelou, na semana passada, que está adquirindo a maior parte da dívida conversível da Medmen Enterprises (CSE:MMEN) (OTC:MMNFF). Novamente, trata-se de uma estratégia capaz de fornecer à Tilray participação minoritária na companhia assim que os EUA legalizarem a maconha.
O acordo conta com a Tilray e um grupo de investidores comprando US$165,8 milhões em notas conversíveis mantidas pela Gotham Green Partners, empresa de private equity de Nova York com foco no investimento em cannabis, de acordo com uma reportagem da BNN Bloomberg.
Após a legalização federal da maconha nos EUA, essa posição concederia à Tilray um período de seis meses para fazer a conversão da dívida em equity. Ao final, a Tilray teria uma participação de 21% na MedMen.
A MedMed opera em sete estados americanos: Arizona, Califórnia, Flórida, Illinois, Massachusetts, Nevada e Nova York. Possui 25 estabelecimentos de varejo, onde vende cannabis e detém mais 21 licenças de varejo.
A maior parte da sua atividade de varejo está concentrada na Califórnia, Flórida e Illinois, três grandes mercados de cannabis nos EUA, com base em receita gerada.
As ações da Tilray valorizaram um pouco mais de 4% ontem, fechando a US$13,37 na Nasdaq. No ano passado, suas ações se valorizaram mais de 93%.