Finalis Iudicii
No calendário religioso, hoje seria o dia de ultimato para a Grécia; a chance final de costurar um acordo com os credores.
Calculando que a coisa tinha ficado séria, o primeiro-ministro grego montou uma nova propostinha de ajuste fiscal.
Funcionou para ganhar mais uns dias de fôlego.
Contentes, as Bolsas internacionais sobem forte. Na Alemanha e na França, as altas são da ordem de +4%.
Mas o Ibovespa não pegou carona nesta emoção…
Erga Omnes
Poderíamos citar um pregão ruim para Vale, papel & celulose ou para a odebrechtiana Braskem (SA:BRKM5).
Contudo, os desafios da Bolsa brasileira têm sido mais gerais do que específicos.
A despeito dos enormes esforços do Banco Central, a inflação esperada para 2015 só aumenta e a de 2016 não mexe um pauzinho sequer.
Conforme o discurso oficial do BC, a Selic só para de crescer quando o mercado projetar 4,5% de IPCA no ano que vem, em vez dos 5,5% atuais.
De quantos pontos percentuais de juros eu preciso para reduzir 1 ponto percentual de inflação?
Qualquer resposta aqui é chute. O meu chute é que vamos até os 15% a.a.
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Leia mais: Você encontra as melhores formas de se proteger da inflação nas dicas de renda fixa da série Palavra do Estrategista.
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Dialecticam
Isso mesmo, as relações hierárquicas estão de ponta-cabeça.
A Grécia agora manda na Zona do Euro.
E o mercado determina até onde nosso Banco Central deve ir.
O filósofo Hegel dizia que todo senhor é escravo de seu servo.
Onde há um devedor irresponsável deve existir também um credor igualmente irresponsável.
Suis Mánibus
Se as contas da Previdência Pública estão em situação crítica, de quem é a culpa?
As despesas com INSS saltaram de 2,5% do PIB em 1988 para 7,5% do PIB em 2015.
Esse é um desequilíbrio fadado a estourar, pois o novo Fator 85/95 acaba criando incentivos perigosos, que induzem a população a resgatar aposentadorias mais gordas sem ter contribuído proporcionalmente.
Somos escravos de nossos servos previdenciários.
Só há uma forma de se prevenir dessa dinâmica perniciosa: montando seu próprio plano de construção de patrimônio.
A Folha de S. Paulo hoje publicou uma série de reportagens referendando o tema:
Nas palavras do economista Fabio Giambiagi, "nós estamos em uma trajetória grega”.
Perficientur
Minha esperança é de que, mesmo em trajetória grega, temos um ministro da Fazenda alemão.
Levy quer implementar estudos de avaliação da eficiência dos gastos do governo, pois sabe que isso só tem a favorecer seu trabalho.
Discutindo o subsídio pelo subsídio, fica difícil de cortar os excessos, pois tudo parece uma decisão sem coração, isolada de trade-offs.
Já quando você publica um estudo concluindo que apenas três grandes empresas receberam 80% dos recursos previstos pelo Programa de Financiamento à Exportação, a coisa muda de figura.