Esperando o “FED”, câmbio apresentou discreta volatilidade!

Publicado 17.12.2013, 08:02
IBOV
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A expectativa era que o mercado de câmbio local formasse sua taxa cambial “andando de lado”, consequência da expectativa paralisante determinada pela proximidade da reunião do FOMC americano, que se inicia amanhã e se encerra depois de amanhã, e que pode definir o “tapering” (inicio da redução) do programa de incentivo monetário do FED ou, pelo menos, emitir sinais mais concretos a respeito do assunto.

Ao longo do dia até houve uma discreta apreciação do real determinada pela melhora do nível de oferta num ambiente de baixo volume de negócios, mas que não se sustentou o que levou o preço de fechamento a ficar estável.

A rigor o real foi o que mais ficou próximo da estabilidade entre as moedas latinas, que tiveram comportamentos díspares, com algumas se apreciando e outras se depreciando.

Ocorreram eventos de impacto, como a melhora do PMI da eurozona e a piora do PMI da China, além do anuncio de que a produção industrial dos Estados Unidos ganhou força em novembro, mas o seu PMI de manufatura caiu em dezembro, etc.

É preciso entender que o que é bom para os Estados Unidos neste momento, não é bom para o Brasil, aliás, muito pelo contrário, por isso o comportamento da Bovespa “alinhando-se à tendência externa” é absolutamente insustentável.

A recuperação bastante perceptível da economia americana vem atenuando as preocupações do mercado americano com o “tapering”, pois a força motriz da economia retomando o crescimento provoca perspectivas tão favoráveis para os Estados Unidos, que reduzem as preocupações em torno da queda da liquidez, visto que sabidamente muitos recursos hoje alocados em outros países migrarão para o mercado americano.

Por outro lado, o Brasil, neste momento, não tem razões para ter otimismos em relação ao que está por ocorrer, e, tem a sua moeda entre as mais vulneráveis. O Brasil vive um momento de isolamento perante a comunidade investidora externa a que foi conduzido pelos seus problemas domésticos, que o conduziram à perda de atratividade, e nem mesmo o fato de ofertar uma taxa de juro elevada, prejudicada pela inflação elevada, acaba por atrair volumes expressivos de capitais voláteis.

A decisão do FED sobre o “tapering” continua e continuará, caso não seja deliberado na reunião que se finda em 18, sendo um determinante imediato ou em perspectiva de saídas de recursos do país, o que na ocasião pressionará a taxa cambial, mesmo com o BC atuando de forma incisiva para conter a depreciação do real.

À margem do efeito de saída de recursos pela queda de liquidez no mercado internacional, certamente ocorrerá migração de capitais voláteis locado no Brasil para os Estados Unidos, que começa de despontar, em razão da recuperação de sua economia, como forte concorrente aos emergentes na atração aos investidores.

Isto só fará agravar as contas externas brasileira bastante comprometidas em seus fluxos e que não têm perspectivas de que possam atenuar esta tendência, que deve avançar para 2014.

A tendência é que o país continue utilizando a poupança externa para complementariedade de suas necessidades, mas tendo em contrapartida projeções de ingressos líquidos menores do que 2013, o que sugere que a NFE (necessidade de financiamento externo) seja maior e os capitais voláteis, outra vez, poderão ser insuficientes para fechar a lacuna frente a um déficit em transações correntes que deve repetir-se elevado, visto que acreditamos que a balança comercial repetirá a quase nula contribuição para ingresso liquido de recursos.

Como dissemos dias atrás, o Brasil está recebendo para pagar à vista a fatura dos seus erros cometidos à prazo, ao longo do ano.

A arrecadação federal de impostos registrou recorde para os meses de novembro ao atingir R$ 112,5 Bi, mas não houve surpresa, visto que houve ingresso pontual de R$ 20,3 Bi referente a parcelamentos de dividas com a União (Refis).

E assim vem vindo, com uma receita pontual num mês, uma alteração de critério noutro, a ponto do Ministro Mantega, segundo a mídia, ter anunciado que “ordem neste ano e nos próximos é não fazer operação que não pareça correta”.

O Brasil desejou crescer com politica fiscal expansionista convivendo com um ambiente inflacionário que precisava ser contido. Sabidamente, são objetivos antagônicos e tendentes ao insucesso quando buscados conjuntamente. Colocamos este conflito ao longo do ano e até o configuramos com o governo estando à frente do “Dilema de Sofia”, e assim, como não fez a escolha ficou sem consolidar sucesso em nenhum dos dois objetivos.

A politica fiscal está sob mira dos investidores externos e das agências de rating, e o governo sabe disso, por isso vem enfatizando declarações de rigor, mas desprovido do beneficio da duvida, precisa tornar efetiva a mudança do comportamento na prática.

Agora o Brasil precisa entregar à vista para receber a prazo, pois a credibilidade foi afetada. E não é possível se vislumbrar tamanha mudança no curto/médio prazo, ainda mais sendo 2014 um ano eleitoral.

Por isso, não se pode esperar uma taxa cambial com viés que não seja de alta, ainda que o BC atue intervindo de forma mais operacional e menos programática no mercado de câmbio com os ajustes que irá anunciar, o que deve impactar na taxa SELIC que precisará ir além das projeções atuais para 2014.

Continuamos com a percepção de que 2014 reúne perspectivas piores do que 2013, e devemos ter um 1º trimestre muito pressionado no câmbio que poderá atingir o preço de R$ 2,50, para ceder um pouco posteriormente e fechar o ano de 2014 em R$ 2,60.

Nossa projeção para o final do ano é de R$ 2,30/2,35 se o FED nada decidir ou mais próxima de R$ 2,40 se for iniciado o “tapering”.

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