IBC-Br recua em junho mas termina 2º tri com expansão de 0,3%, mostra BC

Publicado 18.08.2025, 09:17
Atualizado 18.08.2025, 09:51
© Reuters. Vista da Avenida Paulista, em São Paulon27/03/2025nREUTERS/Amanda Perobelli

Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) - A economia do Brasil encerrou o segundo trimestre com desempenho negativo em junho pelo segundo mês seguido em meio a uma política monetária restritiva, mas ainda cresceu no segundo trimestre, antes do tarifaço dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, de acordo com dados do Banco Central divulgados nesta segunda-feira.

O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), recuou 0,1% em junho na comparação com o mês anterior, em dado dessazonalizado informado pelo BC.

A leitura do mês frustrou a expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,05%, depois de o IBC-Br ter recuado 0,7% em maio.

O resultado levou o índice do Banco Central a fechar o segundo trimestre com crescimento de 0,3%, segundo dados dessazonalizados.

O IBGE divulgará os dados do PIB do segundo trimestre em 2 de setembro. Segundo os dados do instituto, no primeiro trimestre o PIB expandiu 1,4% sobre os três meses anteriores.

"A leitura desses números sob a ótica macroeconômica aponta para uma economia em fase de transição. A queda marginal na margem sugere certa fragilidade no curto prazo, refletindo os efeitos da política monetária ainda restritiva, com juros elevados que inibem crédito e consumo", disse Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay.

A abertura dos dados dessazonalizados do BC mostrou que em junho a agropecuária teve retração de 2,3%, recuando 3,1% no segundo trimestre.

Já a indústria contraiu 0,1% no mês, enquanto os serviços avançaram 0,1%. No trimestre, os setores registraram respectivamente ganhos de 0,1% e 0,7%.

O IBC-Br excluindo agropecuária apresentou expansão de 0,1% em junho e de 0,4% no segundo trimestre.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br teve alta de 1,4%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um ganho de 3,9%, de acordo com números não dessazonalizados.

"Os indicadores do IBC-Br reafirmam que a atividade econômica perdeu força no segundo trimestre, refletindo uma desaceleração heterogênea entre os diferentes setores. Segmentos mais dependentes do crédito foram os que mais sentiram os efeitos das taxas de juros elevadas e do encarecimento do crédito, enquanto os impulsos vindos do setor agropecuário, que haviam dado sustentação ao crescimento no começo do ano, se dissiparam", avaliou o economista da Suno Research, Rafael Perez, projetando alta de 0,4% do PIB no segundo trimestre.

Dados do IBGE apontam que o destaque em junho foi o setor de serviços, com crescimento inesperado de 0,3% no volume.

A produção industrial expandiu 0,1% no mês, mas o resultado ficou abaixo do esperado, enquanto as vendas no varejo frustraram as expectativas e recuaram 0,1% no mês sobre maio.

No fim de julho, o Banco Central manteve a taxa básica de juros em 15% ao ano e ressaltou que antecipa uma manutenção da taxa por período bastante prolongado.

A política monetária restritiva tende a provocar uma desaceleração gradual da economia ao longo deste ano, enquanto na outra ponta o mercado de trabalho resiliente ajuda a limitar esse peso.

Pesam ainda no segundo semestre as tarifas de 50% adotadas pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros, em vigor desde o início de agosto.

A taxa vale para uma série de produtos exportados aos EUA que representam cerca de 36% das vendas do Brasil ao país norte-americano, incluindo carne, café, frutas e calçados. Há ainda uma fatia de quase 20% que se enquadra em tarifas que os EUA aplicaram globalmente, variando de 25% a 50%.

Na semana passada, o governo anunciou um plano de ações para apoiar setores afetados pelo tarifaço, incluindo crédito, prorrogações de tributos, estímulo à exportação e compras governamentais.

A pesquisa Focus realizada pelo Banco Central mostrou nesta segunda-feira que a expectativa do mercado para a expansão do PIB em 2025 é de 2,21%, indo a 1,87% em 2026.

O IBC-Br é construído com base em proxies representativas dos índices de volume da produção da agropecuária, da indústria e do setor de serviços, além do índice de volume dos impostos sobre a produção.

(Por Camila Moreira)

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