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O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes declara que não vai ceder à pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano). O republicano classificou as decisões do magistrado sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como “caça às bruxas”. O ex-chefe do Executivo ainda foi citado no decreto de Trump que impõe tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros.
“Não existe a menor possibilidade de recuar um milímetro sequer”, declarou Moraes em entrevista publicada nesta 2ª feira (18.ago.2025) no jornal The Washington Post (aqui, para assinantes). “Faremos o que é certo: receberemos a acusação, analisaremos as provas. E quem tiver de ser condenado, será condenado. E quem tiver de ser absolvido, será absolvido”, disse.
O jornal norte-americano entrevistou amigos e colegas de Moraes. Conforme a publicação, a maioria defendeu o ministro do Supremo. Uma das críticas veio de Marco Aurélio Mello, que se aposentou do STF em 2021. Ele se disse “entristecido” com “a deterioração” da Corte.
“Não há como recuarmos do que devemos fazer”, respondeu Moraes sobre a opinião do ex-colega de Supremo. “Digo isso com total tranquilidade”, afirmou.
Segundo o magistrado, o Brasil havia sido infectado pela “doença” da autocracia e seu trabalho é aplicar a “vacina”.
Moraes afirmou que o Brasil estava diante do que chamou de forças poderosas que queriam desfazer a democracia. Seu trabalho, afirmou, era detê-las. Segundo ele, “enquanto houver necessidade”, as investigações que conduz no STF vão continuar.
Moraes disse entender que, para a cultura dos EUA, “é mais difícil compreender a fragilidade da democracia” uma vez que o país não foi vítima de nenhum golpe. “Mas o Brasil teve anos de ditadura sob [o presidente Getúlio] Vargas, outros 20 anos de ditadura militar e inúmeras tentativas de golpe. Quando você é mais atacado por uma doença, forma anticorpos mais fortes e busca uma vacina preventiva”, declarou.
O ministro afirmou que a investigação sobre o 8 de Janeiro “é um devido processo legal”, que já entrevistou 179 testemunhas.
Perguntado se teria poder demais, Moraes respondeu que não. Disse que seus colegas do STF já haviam revisado mais de 700 de suas decisões depois de recursos. “Sabe quantas eu perdi?” questionou. “Nenhuma sequer”, declarou.
O ministro disse que a animosidade apresentada por integrantes do governo norte-americano contra ele não é recíproca e que o Brasil e os Estados Unidos sempre serão países amigos. Para o magistrado, os desentendimentos atuais são passageiros.
Moraes afirmou que sempre buscou inspiração na história da governança norte-americana. Citou as obras de John Jay, Thomas Jefferson e James Madison.
“Todo constitucionalista tem uma grande admiração pelos Estados Unidos”, afirmou.
Ao falar do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Moraes citou a criação de “falsas narrativas”. O congressista está nos Estados Unidos desde fevereiro e atua por sanções contra autoridades brasileiras. Ele já chamou o magistrado de “gangster de toga”.
“Essas falsas narrativas acabaram envenenando a relação –falsas narrativas apoiadas por desinformação difundida por essas pessoas nas redes sociais”, disse Moraes. “Então, o que precisamos fazer, e o que o Brasil está fazendo: é esclarecer as coisas”, afirmou.
Uma das consequências da atuação de Moraes foi a inclusão de seu nome na lista de pessoas que tiveram sanções aplicadas pela Lei Magnitsky, dos EUA. Ele é alvo de uma série de proibições econômicas e sociais.
“É agradável passar por isso?” perguntou Moraes. “Claro que não é agradável”, disse.