A BlackRock (NYSE:BLK), maior gestora de ativos do mundo, está consolidando uma estratégia robusta de acúmulo de bitcoin, sinalizando um marco importante para a adoção institucional da criptomoeda. Ao investir em ações, títulos e agora também em bitcoin, a companhia atua como uma espécie de “assessor financeiro em larga escala”, ajudando seus clientes, de pessoas físicas a governos, a expandirem seu patrimônio ao longo do tempo.
Cada compra de BTC feita pela BlackRock não apenas reforça a confiança no valor de longo prazo da criptomoeda, como também influencia diretamente a dinâmica de mercado. Este texto detalha a estratégia da gestora com bitcoin, suas aquisições recentes e o impacto crescente do fundo IBIT, movimento que tem potencial para redefinir o futuro dos investimentos em criptoativos.
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Histórico da BlackRock com bitcoin
Em 2017, Larry Fink, CEO da BlackRock, declarou que o bitcoin "reflete a demanda global por lavagem de dinheiro". Anos depois, já no fim da década de 2020, a empresa passou a sinalizar abertura ao setor cripto, impulsionada pelo aumento do interesse institucional e por preocupações macroeconômicas, como a inflação.
Em janeiro de 2021, a gestora solicitou à SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) autorização para investir em futuros de bitcoin por meio de dois fundos: o BlackRock Global Allocation Fund e o BlackRock Strategic Income Opportunities. No mês seguinte, Rick Rieder, CIO de Renda Fixa Global da empresa, afirmou que a gestora havia “começado a se aventurar” em bitcoin.
Em agosto de 2022, a BlackRock anunciou parceria com a Coinbase (NASDAQ:COIN) para fornecer acesso a criptomoedas a investidores institucionais por meio da plataforma Coinbase Prime.
O pedido inesperado da empresa por um ETF de bitcoin à vista em junho de 2023 foi interpretado como um voto de confiança no futuro da criptomoeda. A inclusão da Coinbase como parceira de monitoramento na proposta atendeu a uma exigência crítica da SEC relacionada à manipulação de mercado.
Esse movimento incentivou concorrentes como Fidelity e WisdomTree a protocolarem pedidos semelhantes. Desde então, a SEC aprovou diversos ETFs de bitcoin à vista, entre eles o iShares bitcoin Trust (IBIT), da própria BlackRock.
Atualmente, dados on-chain e fluxos para ETFs confirmam que a gestora está acumulando bitcoin de forma consistente, com entradas diárias na casa de dezenas de milhões de dólares. Segundo o analista Crypto Rover, a BlackRock teria adquirido US$ 216,7 milhões em bitcoin apenas no dia 30 de abril de 2025.
Um panorama mais amplo
A BlackRock não está sozinha. Desde 2020, o interesse institucional por ativos digitais cresce de forma consistente, sustentado por fundamentos econômicos como inflação elevada, perda de confiança nas moedas fiduciárias e a consolidação do bitcoin como um ativo macro legítimo.
Empresas de grande porte já não precisam lidar com as complexidades técnicas de custódia própria ou de exchanges não regulamentadas. A chegada de produtos financeiros regulamentados, como os ETFs de bitcoin à vista, reduziu as barreiras de entrada e ampliou o acesso para o investidor comum.
Esse movimento não tem relação com apostas especulativas. Em um cenário global fragmentado e instável, o bitcoin está sendo incorporado como componente estratégico em modelos de alocação de ativos, atuando como proteção de longo prazo, função historicamente desempenhada pelo ouro, como reserva de valor escassa e neutra politicamente.
A criação do iShares bitcoin Trust ETF (NASDAQ:IBIT) em janeiro de 2024 foi uma das decisões mais relevantes da BlackRock. Em vez de manter bitcoin em balanço ou comprá-lo via mercado de balcão, a empresa optou por oferecer exposição direta, regulamentada e escalável. O fundo rapidamente captou bilhões e se tornou um dos maiores ETFs de bitcoin nos Estados Unidos.
Como a tecnologia viabiliza a estratégia
A entrada da BlackRock no setor cripto vai além da simples compra de bitcoin. Trata-se de criar infraestrutura para gerenciar ativos digitais com eficiência, segurança e escala, sem desestabilizar o mercado. Para isso, a tecnologia desempenha papel central.
Ferramentas como inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina (ML) ajudam a prever padrões de mercado, ajustar estratégias e cronometrar aquisições. Algoritmos treinados processam grandes volumes de dados para identificar tendências e antecipar movimentos.
A interoperabilidade entre blockchains também é crucial, permitindo operar em diversas redes simultaneamente, de exchanges centralizadas a protocolos DeFi, com flexibilidade e velocidade.
O uso de plataformas SaaS personalizadas complementa esse arcabouço, fornecendo soluções sob medida para a gestão de criptoativos em larga escala. São desenvolvidas ferramentas específicas para análise de dados, automação de processos de compliance (KYC/AML) e APIs seguras para movimentação de ativos. Essas tecnologias nativas de nuvem permitem expansão com alto nível de segurança, performance e aderência regulatória.
A combinação de IA, interoperabilidade em blockchain e SaaS especializado dá à BlackRock a capacidade de executar sua estratégia com precisão, segurança e escalabilidade. Esse tripé tecnológico permite otimizar retornos, reduzir riscos e navegar no universo cripto com discrição e eficiência.
O papel da BlackRock no futuro das criptomoedas
A atuação da BlackRock não apenas valida o mercado, mas também redefine sua dinâmica. Ao acumular bitcoin de forma silenciosa e sistemática, a gestora contribui para uma restrição na oferta sem provocar euforia generalizada. Para não ficarem para trás, concorrentes como Fidelity e ARK Invest estão aprimorando suas estratégias cripto.
A decisão da BlackRock sinaliza ao mercado que o investimento em criptoativos deixou de ser uma aposta marginal. Trata-se agora de uma alocação estratégica que pode oferecer vantagens competitivas.
É uma mudança de postura estrutural ou apenas uma proteção de portfólio? Provavelmente um pouco dos dois. Apesar dos riscos inerentes à volatilidade e à regulamentação, a abordagem cuidadosa e disciplinada da gestora revela confiança de que as oportunidades superam os desafios.
Com infraestrutura institucional e visão de longo prazo, a BlackRock não está "apostando" em cripto. Está se posicionando para um cenário financeiro futuro em que a blockchain poderá estar no centro das operações.