Como esperar mais do mesmo?
Lembram, logo após o Brexit, da empolgação do mercado em torno de estímulos econômicos no Japão? Abenomics 2.0 e dinheiro de helicóptero? Pois lá estamos de novo empolgados com as políticas monetárias da Terra do Sol Nascente: déjà vu. Quantitativamente falando, o Banco do Japão deixou tudo como estava. Mudou, porém, um aspecto qualitativo importante: o programa de recompra de títulos vigente por lá passou a ser mais flexível, mirando “calibrar” a curva de juros do país. A reação do mercado foi, no mínimo engraçada: começam a pipocar relatórios apostando em estímulos adicionais no país nos próximos meses. Oras, a mudança implementada é precisamente um sinal de que o que vinha sendo feito até aqui não estava funcionando bem. Como, então, esperar mais do mesmo?
Ganhando tempo
Uma das motivações apontadas pela autoridade monetária japonesa para a mudança anunciada é o impacto brutal que taxas de juros negativas têm sobre o sistema financeiro do país. Não diga! Bolsas europeias sobem na esteira de Japão: a esperança é de que as autoridades de lá também despertem para o mesmo fato — é o que depreendemos da boa performance dos bancos do continente na sessão de hoje. A iniciativa japonesa é vista como uma alternativa aos estímulos monetários tentados até então, cuja efetividade é altamente questionável e para os quais, sem dúvidas, resta pouco espaço. Não que resolva o problema — seja no Japão, seja na Europa —, mas ganha-se mais tempo. E, por ora, isso parece bastar.
Chamem Cal Lightman
A isso se Fed, hoje. Mais do que com a decisão em si, todos estão interessados no pronunciamento de Yellen. Convencido de que juros não são para agora, mercados estão em busca de qualquer sinal, por menor que seja, de quando serão. Vamos apelar para a análise das micro-expressões de Janet? Chamem o Cal Lightman.
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