Excessos Envolvendo o Dólar São Especulativos e Devem Ser Coibidos!

Publicado 11.10.2013, 09:21

Inegavelmente o cenário prospectivo envolvendo o final deste ano é pouco confortável para o Brasil, que se vê às voltas com um déficit substantivo nas transações correntes e perspectivas cercadas de muitas incertezas de que possa efetivamente obter volume líquido de ingressos de recursos externos de montante entre US$ 15,0 Bi a US$ 20,0 Bi para fazer face à complementariedade necessária para o financiamento do déficit, evitando assim que se torne necessária a utilização das reservas cambiais.

A despeito de virmos alimentando a convicção de que o FED postergará o início do desmanche do programa de incentivo monetário, o que daria um alento para mitigar as saídas de recursos do país, e, em contrapartida proporcionaria a oportunidade de fluxos de capitais especulativos em busca de rentabilidade com os juros que o país proporciona e que voltou a ser interessante após as últimas altas da Selic, o otimismo não sugere que tenhamos um “tsunami” que nos proporcione os quase US$ 20,0 Bi que supomos seria a nossa necessidade até o final do ano.

O “efeito Janet Yellen” na presidência do FED americano, que tem postura de gestão expansionista, já estava precificado nos preços dos ativos e expectativas desde que houve a desistência do outrora candidato forte Summers, portanto, não justificando repercussões maiores agora com a confirmação.

A questão é que o impasse ocorrido no congresso americano entre republicanos e democratas em torno do orçamento e do teto de endividamento acaba impactando contrariamente nas expectativas de uma melhora imediata de fluxo de recursos para o Brasil, pois cria incertezas para os investidores.

Os republicanos devem ter uma reunião com o Presidente Obama na próxima terça-feira à tarde. Isto representa um passo à frente, mas não sugere que se alcance uma solução definitiva sobre o impasse, tão somente uma solução acomodativa temporária, com as discussões e debates tendo sequência visando uma solução definitiva que pode demandar tempo.

Esta perspectiva em torno de uma solução, mesmo que temporária, alivia um pouco o fator de contração das perspectivas com a melhora de fluxo advindas da possibilidade do FED postergar o término ou inicio da redução gradual do programa de incentivo monetário.

Mas, de forma alguma, este contexto que ainda se resume a perspectiva, portanto em esperança de que possa ocorrer, pode justificar uma apreciação expressiva do real como ocorrida ontem a colocar o preço da moeda americana no entorno de R$ 2,17.

Como temos enfaticamente colocado, o Brasil tem seus problemas próprios e isto o impede de ter movimentos do preço da moeda americana alinhados simetricamente com o comportamento da moeda no mercado internacional, e atualmente convive com uma realidade ruim com a esperança de que fluxos externos especulativos possam migrar para o país e suavizar este contexto real ruim que envolve as contas externas do pais.


E, como estes problemas concretos próprios que envolvem carência de fluxo de recursos, naturalmente que isto necessariamente deve impactar na formação do preço, que deveria estar no momento tendo como base a realidade presente das contas externas brasileiras, o que induziria a alta, e a perspectiva de melhora do fluxo, ainda que se configure insuficiente para a solução plena das nossas necessidades, poderia ser atenuante contendo um pouco a pressão de alta e poderia ganhar força positiva ou negativa na medida em que se confirme ou não.

Então, se R$ 2,20 já era uma taxa incompatível para a moeda americana face ao contexto atual, abaixo deste preço é absolutamente assimétrica com a realidade das nossas contas externas e a repetência contumaz de fluxos negativos de recursos líquidos para o país desde junho deste ano.

R$ 2,17 é notoriamente fruto de movimento especulativo instalado pelos “vendidos”, visto que o real é a moeda emergente que mais valorização apresentou ontem, num ambiente em que o Dollar Index registrou alta.

Há claramente um conteúdo especulativo na formação deste preço que está sucumbindo à pressão “orquestrada” pelos “vendidos” no mercado à vista e futuro de dólar.

Este fato pela irracionalidade do seu preço o faz pouco crível e pouca contribuição proporcionará na contenção inflacionária, mas prejudica sobremaneira o planejamento das empresas ligadas ao comércio exterior, e mais, deixa em aberto a possibilidade de ocorrência de volatilidade ou mesmo do surgimento de um movimento de demanda que provoque brusca alta.

O BC poderia interromper as rolagens de posições vincendas de “swaps cambiais” colocados antes do programa de oferta de liquidez diária, dando assim um primeiro sinal de que está atento a esta manipulação especulativa.

A taxa cambial desajustada poderá se tornar num fator de contração dos fluxos de capitais especulativos para o país, por conter um risco de perda cambial que comprometeria o ganho com juros.

Entendemos que o BC deixou passar a oportunidade de uma alta mais forte na Selic na rodada que se encerrou na última quarta-feira, abrindo mão de ser mais contundente no enfrentamento da inflação e fazendo com que os juros brasileiros se tornassem mais atraentes aos investidores estrangeiros, já que certamente o ciclo de aumento da Selic não foi encerrado. Seria tão somente uma antecipação no tempo visando estimular o ingresso de divisas, uma necessidade imediata.

Taxas de câmbio como R$ 2,17 a R$ 2,20 são absolutamente desalinhadas com o contexto atual do nosso mercado de câmbio, ou mais precisamente do déficit em transações correntes e o fluxo negativo que se verifica contumaz desde junho deste ano.

A continuidade desta irrealidade num contexto de incerteza quanto à captação de fluxos externos, acentuadamente especulativos, e com uma substantiva necessidade de financiamento externo, que poderá obrigar o BC a utilizar as reservas cambiais ou contar com os bancos para carregarem expressivas “posições vendidas”, poderá por em evidência a carência de atratividade do país nos 2 últimos meses do ano e provocar movimento brusco de alta capaz de romper a previsão de fechamento do ano com o preço de R$ 2,30.

Já são crescentes as observações bastante negativas sobre o comportamento do preço do dólar para 2014.

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